Ondulações se espalhando

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💫ALICE💫

[Anos atrás]

Pouco mais de uma da tarde quando saímos de uma loja de conveniência para eu comprar um biquíni, não demora muito e adentramos uma estrada de terra, a mata alta cercando a trilha que é uma mistura de areia e grama baixa, alguns pés de goiaba com os seus frutos ainda verdes e árvores típicas dessas áreas de rios circundando. Passamos dentro de um tipo de arco de cimento denotando ter existido algum tipo de construção no lugar, e logo os meus olhos se enchem de admiração com a paisagem de verde e branco que vai surgindo.

— Que lugar mais lindo… — Eu falo boquiaberta quando a moto para.

Desço segurando os ombros quentes e largos de Miguel, e tirando o capacete o entregando eu dou alguns passos na grama verdinha que nem parece ser de verdade, é tão perfeita que dá a impressão de ser grama artificial. Mais adiante poucos metros o lago sem ondulações semelhante a um espelho refletindo o céu e as nuvens, a margem contornada por pequenas pedras brancas, tão brancas que em algumas áreas onde o sol está batendo forte a claridade chega a doer os olhos.

Se isso não for a definição de paraíso, eu não sei o que é.

Ouço um barulho de chaves e olho para trás, Miguel acabou de abrir o bagageiro da moto retirando a mochila que trouxe de sua casa. Apoiando um joelho na grama ele arranca a camisa ficando nu da cintura para cima. Eu já o vi sem camisa muitas vezes, mas mesmo assim mantenho-me um pouco afastada só para ficar admirando os seus braços magros definidos, ele não é um magro qualquer, tem músculos e ombros largos que eu acho lindos, e um abdômen quase trincado.

Percebendo o meu olhar sobre si, ele olha direcionando um sorriso gentil.

— Vem ajudar a arrumar, princesa.

Permaneço mais alguns segundos admirando os cantos da sua boca, os seus olhos um pouco fechados enquanto ele ainda sorri. Sinto um alívio tão gigante com isso que beira ao ridículo, porque durante esse tempo inteiro depois daquele beijo eu fiquei me perguntando se ele ainda continuaria sendo o mesmo de sempre comigo, ou se o clima ficaria estranho e eu me culparia resultando em nosso afastamento.

No fim parece que a minha mente viajou longe, Miguel ainda é o mesmo que conheço.

— Claro, eu ajudo sim … — Eu concordo retribuindo o sorriso.

De baixo de uma árvore robusta com a maior sombra do local e melhor vista para o lago, nós forramos duas toalhas grandes sobre a grama, deixando as sacolas uma com salgadinhos e outra com bebidas próximas de onde ficaremos com a cabeça apoiada.

Busco qualquer coisa que possa ocupar meu campo de visão logo que ele começa a tirar o restante de suas roupas, ficando apenas com uma sunga preta. Sei a cor porque virei para olhá-lo quando me perguntou se eu não iria nadar.

— Daqui a pouco eu vou, antes quero arrumar as coisas direito. — Nem sei se essa desculpa vai colar, mas não importa. Daqui a pouco ou mais tarde eu dou um mergulho.

Sem dizer mais nada ele vai se afastando até chegar na beira do lago molhando os pés, um passo de cada vez até estar mergulhando.

Pego a sua mochila para fazer de travesseiro, antes de deitar retirando a minha blusa ficando apenas com o biquíni vermelho que já tinha deixado por baixo.

O vento sopra suavemente no topo da árvore e o sol passa entre as suas folhas em um mosaico de luz, iluminando a minha barriga e perto do meu pescoço. Deitada na toalha macia eu fecho os olhos respirando calmamente ouvindo o barulho da água sendo agitada pelo Miguel nadando.

Nas batidas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora