Capítulo 11

359 32 17
                                    

Chego em casa e corro para arrumar minhas coisas, tomo outro banho e corro pra cozinha, precisava comer algo.

Juju já está lá almoçando e graças a Deus mamãe não está.

— Sumiu e nem disse nada. Ela diz enquanto mastiga.

— Desculpa... Lembra do rolo que me chamou pra sair? Ela afirma com a cabeça. — Então, eu menti pra ele dizendo que estaria em um plantão, mas o boy me viu lá na Taj.

— Caralho! Juju solta, fazendo Belinha nossa funcionária a repreender.

— Pois é... Tive que ir pra casa dele tentar me redimir.

— Pela sua cara, não conseguiu!

— Eu achei que sim, mais o filho da puta aprontou uma comigo que nem quero contar!

Juju rir e pergunta:

— Por que você nunca fala dele com a gente? Eu só o conheço como “rolo”, “boy”, “idiota”... Se você gosta dele, por que não fica com ele de verdade? Apresenta ele a nossa família...

— Não dá... Você não entenderia... E não quero mais falar dele!


...



A semana foi corrida, plantões dobrados por conta de falta de alguns amigos e quando eu estava em casa, só queria dormir e descansar.

É madrugada quando ouço meu celular tocar, ainda de olhos fechados passo a mão pelo móvel do lado da minha cama e procuro meu celular.

— Alô... Minha voz é completamente sonolenta.

— Marina?
Dou um pulo da cama quando ouço a voz de Fael.

— Oi, aconteceu alguma coisa?

— Preciso de você na casa da Majú, ela desmaiou, tô chegando lá em 10 minutos.

Nem troco de roupa, pego meus instrumentos de trabalho e vou direto pra casa dela, eu vestia um pijama de calça comprida e uma blusa de botão de manda curta, preto de cetim.

Coisa de louco essa parada de Lyon está vivo, não sei o que possa ter levado a ele abandonar sua família, mas tenho certeza que é coisa séria, eu tenho 100% de certeza que ele ama Majú e Leon, nunca que ele abandonaria eles a toa.

Depois de ter certeza que Majú está bem, resolvo voltar pra casa. Caminho até o carro sentindo a presença de Fael atrás de mim.

— Então ele está vivo mesmo? Pergunto já próximo do meu carro.

— Sim... Mas o foda é não saber o por que dele fazer isso.

— Com certeza tem merda aí, ele não faria isso com eles a toa.

— Verdade, mas o que aconteceu?

— Só ele vai poder falar, por que não faço ideia.

Ele fica um tempo em silêncio e me analisa dos pés a cabeça, eu conheço aquele olhar.

— Você me assustou, sai de casa correndo, não deu tempo de trocar de roupa.

— Você nunca dormiu assim lá em casa...

— Você sempre preferiu sem nada. Rebato.

— Verdade... Ele rir.

— Mas se quiser eu vou assim pra sua casa agora. Me aproximo dele.

— Não... Seu namoradinho pode não gostar!

Filho da puta! Que ódio dele.

— Vai se foder Fael! Já pedi desculpa, porra!

— Eu sei! Diz rindo. — Vem aqui minha bravinha.

Ele me puxa para os seus braços e minha perna já fica como? Bambinha.

— Que tal uma rapidinha ali no carro? Ele cheira meu pescoço.

— Não vou fazer nada rápido! Tá pensando que eu sou o que? Me afasto dele bruscamente.

Depois do dinheiro que ele deixou na cama dele, qualquer coisa que ele me pede me sinto uma puta. Droga!

Ele não responde, mas me olha com um leve sorriso nos lábios, eu sabia que ele queria me chamar de puta, mas também sei que é pra me provocar.

Bufo e entro no carro, ele tenta dizer alguma coisa mas eu o ignoro e vou embora.


...


Juju entra no quarto saltitante.

— Quero conversar...

— Agora não! Tá muito cedo... Digo cobrindo minha cabeça com o edredom.

— Tá cedo nada, já são 10:30.

Bufo e descubro a cabeça e deixo ela falar.

— Fala logo!

— Você sabe que quando entramos na universidade, passamos por trote neh? Balanço a cabeça afirmativamente. — Então, esse ano o trote lá na minha facul é o trote do bem. Precisamos fazer algum trabalho social e filmar, depois levamos as filmagens e apresentamos o trabalho na sala, isso vale ponto.

— Tah... Mas o que eu tenho a ver com isso. Pergunto já querendo a voltar a dormir.

— Você não conhece nenhum lugar que eu possa fazer esse trabalho social, talvez lá naquela comunidade da sua amiga...

Fico pensando e depois de um tempo pergunto.

— Mas que trabalho social você iria fazer?

— Ué, eu vou fazer faculdade de educação física, fiz anos de jazz e balé, pensei em algo relacionado a dança... Talvez aula de dança para terceira idade e crianças, não sei.

— Quanto tempo para entregar esse trabalho?

— Tenho 3 meses, mas preciso começar logo para ter bastante material gravado.

— Você sabe que me fode com esse pedido neh? Majú não mora mais no complexo e eu terei que me rebaixar a um certo babaca para conseguir isso pra você.

— Então o boy “rolo” é da favela? Juju rir. — Realmente, mamãe ia surtar.

— Vou vê o que faço, mais você é que vai ter que convencer a ele sobre esse tal de serviço social. Dificilmente ele deixa gravar na comunidade.

— Deixa comigo que eu o convenço! Só agende um horário para eu conversar com ele.

Depois que Juju foi embora, enfim voltei a dormir, mas Lógico que pensando em como vou iniciar uma conversa com ele, só Juju mesmo para me fazer passar por essa humilhação.

Complexo de Israel - Em busca da verdade.      Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora