Volte Para Nós!

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Sem correção

No hotel, Sanders amarrou uma das toalhas brancas na cintura e secou os cabelos vigorosamente com a outra mão, pensando nos últimos acontecimentos.
Com tudo o que aconteceu e que lhe mostrou por A+B que Elisabeth não era uma pessoa de índole boa, ainda a desejava loucamente. Sua fome por Liz era tão intensa que chegava a ser repugnante. E o fato dela, dentre todas as mulheres do mundo, ser a única que ele jamais poderia ter de novo, aumentava ainda mais esse desejo que o enraivecia. Sanders fazia questão de que Liz soubesse o quanto a desprezava.
Ele a desprezava?!- perguntou-se mentalmente com sinceridade. A resposta veio direto do seu coração: Não, eu não a desprezo. Simplesmente, eu faço uso de uma tática
para que a minha razão não seja sufocada pela emoção.
Queria vingar-se? Sim, queria. Ela tinha razão no que dissera sobre isso. Feri-la era o único modo de castigá-la por não ser a pessoa que ele gostaria que fosse e por não ter se dado conta do quanto ele poderia ser melhor que William a um tempo atrás. Liz, Liz. A sua ruína.

Lembrou-se da primeira vez que ficaram juntos.
Naquela noite ele a havia beijado e feito amor com ela, e depois pediu que os santos e Will o perdoassem. Ela havia aparecido de surpresa, arrasada, as lágrimas banhando as suas faces.
"Como vou poder viver sem ele, Sanders?! Como?!"

Com toda a ternura ele passara o dedo numa das lágrimas que escorria pelo rosto dela.
"Se dê algum tempo e tudo isso vai passar, Elisabeth. William escolheu ficar com a mulher que ele ama...Precisa entender que você merece ser amada de verdade...e que William não a merece.

Outras lágrimas substituíram a que ele enxugara. Sanders olhou com fascinação para as pequenas gotas e esquecendo-se da dor que ela sentia, fez algo que vinha desejando fazer desde a primeira vez em que a vira. Aproximou a boca das faces de Liz e lambeu-as todas, uma a uma, cada lágrima salgada e quente.
No mesmo instante sentiu-a estremecer em resposta à sua ousadia. Todas às vezes que se encontraram para conversarem ou que William pedia que a buscasse ou a levasse em lugares e lhe fizesse companhia até ele chegar, ele a havia abraçado fraternalmente, mantido distância, tinha sido reservado ao máximo, mantido o respeito pelo amigo, sufocado o desejo de fazê-la provar o quanto era diferente de William em muitas coisas. Se Will não a fazia sorrir ele poderia fazer, foi o que pensou naquele primeiro contato íntimo. E que ironia! Não muito tempo, naquela tarde, no hospital, ele mesmo, a havia feito chorar com seus insultos!
Ele ansiou por mais de um de um ano tê-la nos braços. Um ano sonhando um sonho proibido, um sonho que envenenava todo o seu sistema.
Ainda lembrava-se da emoção que sentiu ao descobrir logo em seguida ao seu atrevimento, o gosto doce daqueles lábios sensuais, da textura macia da pele morena, das curvas do corpo sedutor de encontro ao dele, e de como os dois reduziram-se a uma massa de desejo lá mesmo no tapete de sua sala. O ato de amor fora incrivelmente doce e intenso aquela noite. Ele se controlou, satisfazendo-a de várias maneiras antes de se entregar ao próprio êxtase e a levantar no colo, e a envolver nos braços até que Liz adormecesse em sua cama.

Suspirou jogando a toalha sobre a bancada da pia. Mas porquê estava revivendo tudo aquilo? Liz em breve seria passado e Adele era seu presente e seria seu futuro.
Olhou sua imagem no espelho embaçado. Estava exausto, não dormia direito desde a primeira visita a penitenciária. Suas noites insones eram assombradas pela imagem de Elisabeth. Estava péssimo. Porém nada se comparava ao que observava na aparência de Liz. Um semblante assustado, manchas escuras abaixo dos olhos a deixando ainda mais abatida e com aparência fantasmagórica. A radiante Elisabeth Fletchers estava reduzida a um corpo quase que sem vida e a tristeza estampada nos olhos dela quase o comoveu durante a discussão. A tarde tinha sido um misto de emoções: desprezo, mágoas, medos...e um sentimento de ternura que jamais pensou sentir por alguém, cuja figura não conhecia e que nunca manteve contato. Conhecer aquela pequena criatura, sangue do seu sangue, fez o seu universo inteiro parecer ter parado, e lhe deu a total dimensão da responsabilidade da palavra pai diante da visão irreal que surgira aos seus olhos. Repudiou-se no íntimo, pelas palavras duras dirigidas à Liz. Sempre ouviu dizer que os bebês sentiam todas as emoções pelas quais as mães passavam. E ultimamente, os sentimentos dele em relação a Liz estavam sendo uma combinação de amor ferido e intenção de vingança.

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