Quase Morte

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Sem correção.
Gente, perdoem o meu atraso. Além da falta de tempo, estive doente.
Mas estou compensando com dois capítulos.

Quando Sanders deixou o quarto e foi para o hotel, Liz deu livre vazão ao pranto que sufocou durante todo o exame de ultrassonografia. Jamais imaginou que um dia tão importante na vida de uma mulher, para ela, tivesse sido um dos momentos mais tristes.
Seu bebê estava lá, perfeito, chupando o dedinho polegar e chutando involuntariamente.
A médica falou com um sorriso no rosto enquanto um som cadenciado invadia o recinto.
__ Para começar, esse é o do coraçãozinho do bebê de vocês.
Sem se olharem, seus corações estavam travando uma terrível batalha interna. Ela pensando em como conseguiria viver sem ter o seu pequeno milagre ao seu lado e Sanders fazendo o possível para esconder o que sentia ao ouvir o som da vida que ajudara a gerar reverberando pelo ambiente. 
Foi com imensa tristeza que Liz concluiu que aquele momento, em outras circunstâncias, seria um sonho para ela, não fosse a iminência de perder o bebê depois que viesse ao mundo. Na sala médica, ela trancou o choro, mordendo os lábios com seus olhos focalizando mais uma vez a tela, onde o feto fazia a sua parte, se exibindo para os seus expectadores. Pediu a Deus, uma enorme ironia, já que nunca teve o hábito de rezar em sua vida adulta, que aquele ser tão pequenino se remexendo na imagem disforme tocasse o coração de Sanders.

__ Vejam só, ele está dando um espetáculo! - a médica exclamou.__ Mais uma virada e certamente, poderemos saber se é menina ou menino! Boa benzinho, se mostre para o papai e a mamãe!- ela conversou com ternura com o bebê.
__Qual a preferência de vocês? - ela indagou alheia à situação que os desunia virando a cabeça para Sanders.__Papai?

__ Com saúde. Está é a minha preferência.- ele respondeu sucinto. Elisabeth sentiu a garganta apertar ainda mais quando a pergunta foi dirigida a ela.

__ E você, Elisabeth?

Sorriu, sem conseguir aprisionar as lágrimas que escorreram silenciosas pelos cantos dos olhos
__ Você não devia perguntar isso a uma mãe. Só posso dizer que já o amo muito. Para mim não importa, desde que eu possa o embalar, o acalentar em meu peito e....- parou, temendo cair num pranto inconsolável.

__ O bebê descruzou as perninhas!- ela interrompeu entusiasmada, passando os olhos por Sanders e Liz.__ Agora vai dar para ver o sexo!
Liz buscou os olhos dele, mas Sanders, estava com o olhar fixo na tela.
Impassível, ele não deixou que suas emoções o traíssem, exceto por uma veia que pulsava forte em seu pescoço. A batalha que travou em seu coração foi árdua, quando a médica disse que em breve uma menina viria ao mundo. Nenhum sorriso. Nem mesmo uma mexida de corpo ou uma olhada de esguelha para saber a reação de Liz. Nem sabendo que uma menina nasceria, o comoveu, pensou, com tristeza, Elisabeth.
Não adiantava alimentar expectativas quanto a Sanders desistir da ideia de levá-la embora porque já havia lhe dito com todas letras, momentos antes, numa nova discussão, que isso não iria acontecer.
Depois, demorando alguns minutos, a doutora, naturalmente, esperando que um deles esboçasse alguma pergunta, começou a explanar num tom sério enquanto o aparelho deslizava pela barriga de Liz.
__ Há aderências uterinas causadas por uma endometriose, além dos outros problemas....

Enfim, Sanders saiu do transe. De braços cruzados ao lado da maca, ele se mexeu indagando num tom rouco, forçando as palavras a saírem.
__ Que tipo de problemas?

__ A bebê tem baixo peso para a idade da gestação. Além de monitorarmos a glicose e a hipertensão, passaremos a cuidar da pressão do útero para que ela não entre em sofrimento.

Liz perguntou, sem suportar mais a preocupação.
__ Isso é muito grave?

__ A endometriose pode causar parto prematuro e hemorragias. E a hipertensão, juntamente, com o início da diabetes gestacional, tenho que ser sincera com vocês dois, pode deixar a gestação ainda mais perigosa. Foi com muita razão que o médico da penitenciária pediu a sua internação, Elisabeth.

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