Capítulo 13 - Encontro no Jardim

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Vindo de uma vasta vegetação, vislumbro o amor da minha vida.
Com os seus pés descalços, ela anda calmamente em minha direção. Anasophiah está usando um vestido longo de linho da época do reino, o tom da cor do tecido evidenciam um pouco de seu corpo. Em sua cabeça uma coroa de flores azuis e os seus cabelos estão soltos com seus cachos sobre os ombros a deixam ainda mais encantadora.
Ela pára diante de mim e sorri.
- Olá Adrian, quanto tempo!
- Sabe quem eu sou?
- E como não saberia?

Com minha testa franzida, entendo finalmente o que está acontecendo.
- Você é a Anasophiah da outra realidade, estou certo?
- Sim.
- Como veio? Está conectada em mim como na outra vez?
- Sim, na verdade em vocês três, me desculpe. Mas foi necessário te encontrar através dos seus sonhos.
- Meu irmão sabe que veio me ver?
- Sabe e não quis me impedir, pelo contrário, pediu para que eu viesse. Seu irmão sabe muito bem a força dos seus sentimentos por mim e por isso acredita que eu seja a única pessoa que você ouça.

Chego mais perto dela e confirmo a melancolia em seu olhar.
- O quê está acontecendo Anasophiah? Porque veio me ver? Meus filhos estão bem?
- Estão sim, na medida do possível... - Ela abaixa o olhar e vejo suas lágrimas discretas escorrendo no rosto.

Esquecendo os protocolos, eu a puxo contra o meu corpo e num abraço apertado, Ana se entrega ao choro.
- Aqui não é o seu lugar... Por que veio pra cá? Porque está chorando assim? - Pergunto ao mantê-la no meu abraço.
- Seu irmão sabe o que tem feito.
- Sabe?

Ainda abraçados, Anasophiah levanta o olhar para mim.
- Sim, ele te observou sem que o percebesse. E eu também, ao me conectar com você e a outra de mim.
- Sabe dos riscos e mesmo assim veio.
- Era a única forma de ficar sabendo de tudo que vocês tem vivido juntos.
- De tudo?
- Sim.

"Ela sabe que por ter feito isso de algum jeito vivenciou novamente os meus momentos íntimos com a outra Anasophiah, porque fez tal coisa? E porque JK concordou com essa decisão?"

- E você está conseguindo estar tão perto de mim assim? Depois que recuperou suas memórias, estar no mesmo ambiente que eu se tornou quase impossível. Por causa da atração que sentíamos um pelo outro, tivemos tanto medo de ferir quem amamos que optamos em manter uma distância segura até mesmo depois de termos conseguido controlar nossos instintos.
- Agora é diferente, naquela vez Amaymon me forçou à reviver literalmente as memórias de Anasophiah desta realidade e sabemos como me senti quanto à isso.
- Sinto muito por tudo, não consegui impedir à tempo.
- Eu sei, de início fiquei furiosa e depois tive ódio de mim mesma.
- A culpa não foi sua.
- De estar revivendo não, mas no meu íntimo senti tanto prazer em tudo aquilo, que quando veio à tona todos aqueles sentimentos por você, não vi mais as ações de Amaymon como um crime e sim como um ato de libertação.
- Estou surpreso, mas entendo os motivos de não ter me contado sobre isso.
- Sabe bem o que aconteceu depois e mesmo que não tenhamos ido mais além do que fizemos, não devemos diminuir o nosso pecado.
- Estávamos acorrentados por uma paixão que foi interrompida por magia e perdemos o controle quando ela foi desfeita.
- E tivemos a sorte de Andrei ter entrado no quarto. Mas ao pensar por semanas nisso, eu me peguei imaginando como teria sido se ele não tivesse entrado e nas consequências que surgiriam se tivéssemos ido até o fim.
- Ainda me lamento todos os dias por ele ter nos interrompido. - Comentei esperando que ela se afastasse, mas para minha surpresa continua abraçada a mim.
- Eu também. - Diz com a voz baixa e suave, parecendo estar com medo do que está me dizendo e me aperta mais forte.

O seu rosto afundando em meu peito e as suas confissões me deixam com medo de minhas reações. Os meus sentimentos estão à flor da pele, ela não podia ter vindo. Deveria estar em Angelus, sendo a rainha e a esposa do meu irmão.
- Precisamos de você, volte comigo Adrian.
- Ana... Não posso.
- Porque não? O seu lugar é em Angelus com a sua família e nós sentimos tanto a sua falta.
- Amor... Me desculpe. - Eu respiro fundo após minha gafe e volto a dizer - Ana, o meu lugar agora é aqui, com a mulher que eu amo.

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