Prólogo

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Um frio cobria seu corpo.

Pouco a pouco ia recuperando os sentidos... chegando a movimentar os dedos brevemente.

Em seguida podia sentir a própria respiração. Pesada. E com um cheiro úmido impregnando suas narinas.

Revirando-se desconfortável... sentia o colchão duro sob as costas.

Então... abriu os olhos.

Com a vista ainda embaçada, só conseguiu distinguir do borrão a luz que adentrava pela porta. Se erguendo com dificuldade sobre os cotovelos, coçou os olhos. Uma vez com a vista mais nítida, notou estar em um quarto bagunçado e coberto de poeira, que o fez coçar a garganta meramente irritada.

Ao sentar na beira da cama, sentia-se bem tonto e estranhamente exausto, parecia que não usava seu corpo a tempos. Com bastante cuidado, se levantou e se dirigiu ao outro cômodo, dando de cara com uma escada que estava coberta por um tapete igualmente empoeirado. E no meio do que entendia ser a sala, alguém varria nervosamente o chão.

- O-olá! - sua voz saiu rouca e falha.

- Ah! Vossa Alteza acordou?? Pensei que fosse inventar de dormir pra sempre - voltando a se concentrar na vassoura.

- Perdão?

- Olha aqui Felix, eu não quero ficar explicando...

- Felix?... Esse é meu nome? - parando para pensar que não tinha essa informação.

- ... - o analisando. - É... Por acaso...? Espere um pouco... Não lembra seu nome? - agora demonstrando interesse no loiro.

- E-eu... na verdade acho que não lembro de nada! - levando a mão à cabeça.

O porte do moreno mudou instantaneamente, agora ganhando um olhar radiante.

- Nada? Quando diz "nada"... é nada??? - largando a vassoura.

- ... - tentando lembrar algo. - É, eu não me lembro de nada!

- Oh! Bem, neste caso - se aproximando com cuidado. - Acho que devo desculpas pela brincadeira... era uma coisa nossa - falou sorrindo pouco simpático.

- Era? Quem...? Quem é você? - recuando um pouco.

- Eu sou pai! Não lembra nem disso??? Sou seu papai Woojin! - segurando a mão do mesmo. - Vem, acho que tenho muito à te contar - o ajudando a descer.

☆☆☆

Anteriormente:

Uma forte onda de tempestade tomava conta de tudo. Parecia que o mesmo dia tinha sido alongado pelo mês inteiro. Mal se sabia quando era dia ou noite com as nuvens escuras e densas que cobriam o céu.

E com um cenário assim, não é de se espantar a violência dos mares, e infelizmente um navio acabou sendo vítima das enormes ondas imbatíveis que se formaram, sendo este o que portava o rei e o príncipe de Awaken. E por misericórdia do destino, ambos conseguiram se salvar. Porém, o mais novo não retornara para casa... deixando apenas rastros seus na areia. O reino em peso começou uma busca incansável mesmo debaixo de chuva, mas que não geraria resultado algum.

Em uma cabana meio escondida na floresta, uma fada fazia de tudo para salvar a vida do jovem príncipe, que não importava os cuidados que recebia, adoecia cada vez mais.

- Arh... eu já não sei o que fazer - o rapaz encostou-se em sua bancada cruzando os braços. - Não posso usar magia para isso... - lamentava enquanto olhava o príncipe, por sua vez, desacordado em uma cama improvisada. - ... Não a minha - desenvolvendo uma ideia.

O mesmo marchou apressado. Chegando na frente da cabana, abriu suas fortes e enormes asas e levantou voo, cortando a chuva em direção ao litoral. Procurou incansavelmente por toda a margem, mas não encontrou o que viera buscar.

Até que...

Não muito distante da sua localização, um vulto descobria uma flor escondida sob um arbusto falso e a estimulava a brilhar, foi nesse momento que percebeu que havia encontrado. Em um mergulho veloz, se aproximou rapidamente do lugar, e antes de pousar, lançou ventos fortes com suas asas, derrubando a figura encapuzada que manuseava a planta. Então a arrancou com as próprias mãos, com raiz e tudo, e levou para casa.

De volta, fez um tônico com as pétalas e o deu para o príncipe beber.

- Foi a maneira que encontrei - alisando os cabelos alheios. - Mas acho que você pode acordar se sentindo um pouco diferente - soprou um riso.

Por um tempo, ficou ali sentado contemplando a beleza do príncipe. Não costumava ver muitos humanos, mas sentia que aquele seria o mais belo que já vira.

Do lado de fora...

- Aquele corvo idiota! Urubu chifrudo! Ele não vai ficar com ela!!! - parando diante a cabana, com um galho grosso nas mãos.

Estava tão distraído que nem percebera quando fora atingido na cabeça.

- Cadê??? - revirando tudo. - Mas, o que que?? - olhando o balcão com os restos da planta. Em seguida, vê a tigela vazia jogada no chão. - Esse..!! - se aproximando.

Então, percebeu o jovem príncipe desacordado em cima da cama, com seu meio brilhando por conta do antídoto estar fazendo efeito, e no final, seus fios se alongaram brilhando brevemente, e o mesmo pareceu soltar um suspiro aliviado.

- Hum... quem sabe se...? - buscando uma faca.

Cantando uma música especial, o seu cabelo brilhou outra vez. Vendo que funcionou, tentou cortar um pedaço para levar consigo, porém, no mesmo instante, a mecha se tornou escura, e sua mão ficou frágil. Não vendo outra alternativa, fugiu com o menino para bem longe.

Tendo uma nova flor mágica... jurou a si mesmo que agora faria de tudo para escondê-lo.

Enrolados - ChanglixOnde histórias criam vida. Descubra agora