❌ esse capítulo possui gatilho com depressão, suicídio.❌
Eu menti era tudo um blefe, não mudei absolutamente nada na minha vida mesmo após ter questionado tudo sobre o mundo onde eu vivia e meu papel nesse pandemônio. Continuei seguindo e relatando os alunos que pareciam propensos a desobedecer aos professores. Ao meu lado, meu melhor amigo Kan me seguía confiante e bem animando mesmo sem saber que eu estava ali me corroendo em culpa.
Ayan continuava lendo seus livros o dia todo focado em algo que eu nem sequer poderia imaginar. Não sabia naquele instante que minha vida mudaria de novo, como o cheiro mórbido do fim eu me encontrei perdido em uma noite de lua cheia.
Kan entrou no meu quarto para fazer o dever de casa. Rimos um pouco enquanto eu o distraia de seu trabalho.
— Você ao menos começou Akk? — ele me pergunta.
— Eu já, já chego lá — digo olhando para a folha em branco do meu caderno que só continha a data.
De repente, o meu melhor amigo começou a tossir. Levantei para pegar um pouco de água para ele, a imagem quando voltei me paralisou. Ele estava caído no chão cuspindo sangue, eu me desesperei.
— O que diabos está acontecendo? — pergunto segurando ele em meus braços e já me preparando para chamar a ambulância.
— A professora de matemática, peguei ela fazendo algo estranho, ela bebia um líquido vermelho escondida na sala dos professores parecia... — ele parou um pouco e molhei sua boca com água para limpar o sangue. — era grosso e parecia sangue levei um susto quando conferi a boca dela suja. Ela olhou nos meus olhos limpou os lábios e sorriu.
— Cala a boca Kan! Você precisa poupar fôlego tô chamando a ambulância. — digo já estava no telefone esperando alguém me atender.
As mãos do meu amigo seguraram as minhas como se ele estivesse me dizendo silenciosamente que era tarde. Senti as lágrimas invadirem meus olhos e eu não via nada direito.
— Perguntei mais tarde para ela o que exatamente ela estava bebendo, pois não conseguia esquecer a imagem dela. E ela ficou séria com olhar tão frio e cruel quanto um psicopata. Quando eu estava quase saindo ela me deu um doce e disse que eu só poderia sair após comer... e agora estou morrendo Akk. Toma cuidado. Você precisa fazer alguma antes que isso aconteça com os outros... ou então suma sem deixar rastro, suma daqui!
Ele parecia desesperado sua voz era de aceitação. Seu fim havia chegado e ele não ia lutar contra isso foi o que senti. Eu não conseguia controlar o choro e muito menos dizer algo claro a mulher no telefone.
***
Quando os olhos dele se fecharam e seu corpo ficou pesado algo dentro de mim se quebrou. Da pior forma possível eu senti como se uma parte de mim tivesse ido embora.
Kan era a única pessoa com o qual eu podia contar naquele buraco. Ele me trazia lanches quando eu me distraia demais. Sempre sorridente e animado topava qualquer bobagem que eu propunha a ele.
Naquela noite mais tarde, após a polícia e a ambulância levar o corpo dele eu saí de casa escondido. Simplesmente corri, corri até o rio. Era uma distância grande, mas eu o fiz a pé.
Meu corpo suava e as lágrimas caiam, pois eu me sentia sem chão. Não sabia como ia sobreviver aquele inferno sem meu melhor amigo. Ele tornava aquele lugar tolerável.
Avistei o rio ao longe e não parei, não pensei nem por um segundo corri até ele pulando a cerca e me jogando com tudo na água. Tinha esperança que as ondas me levasse o mais longe possível.
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A maldição de Suppalo
Fiksi PenggemarAyan foi forçado a mudar de escola mas ele esperou a pior época do ano para isso. Perto do Eclipse acontecimentos estranhos sempre acometem a escola, todos estão em perigo e é só uma questão de tempo até que o caos comece a se instalar. Akk está...