Capítulo 5

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                                       Lumiar

Eu sentia minhas mãos tremerem e suava frio, enquanto lutava para manter a calma, mas era em vão. Ficava encarando ansiosamente o teste de gravidez sobre a mesa, com a sensação de que o tempo não passava. Sentia como se toda a minha vida dependesse daquele resultado e não estava minimamente preparada para o que ele pudesse revelar. Embora no fundo eu torcesse para que tudo não passasse de uma loucura e eu não estivesse grávida, ao mesmo tempo eu procurava por motivos para o que vinha sentindo diariamente. Pode ser que todos os enjoos e torturas que tenho sentido sejam apenas uma questão emocional. Com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, parece impossível escapar disso sem sentir nada.
Com ansiedade tomando conta de mim, eu caminhava de um lado para o outro, batendo a caixa vazia do teste nas minhas mãos. Eu ouço Lui se aproximando e me perguntando se o resultado havia saído, mas nego. Ele me alerta apontando para o teste e, em seguida, percebo uma linha aparecendo.
Eu penso "não estou grávida" e quase sinto um alívio, mas logo em seguida uma outra linha surge. E para piorar, no segundo teste, duas linhas também aparecem.

- Lui...-Chamo pelo meu irmão.

- O que foi?

- Eu estou grávida.

Ao ver os resultados dos testes de gravidez, fiquei completamente atordoada e não consegui fazer nada além de chorar, abraçada ao meu irmão. Nunca desejei estar grávida, nunca quis ter um filho, ainda mais agora que estou separada do Benjamin e tendo que lidar com a doença da minha mãe. Como eu iria contar para o Benjamin? Como lidaríamos com isso? Será que ele aceitaria aquele filho?

- Isso não pode estar acontecendo.

- Lumiar, não chora. -Ele segura meu rosto- É um filho. Um bebezinho lindo que vai chegar em nossas vidas, trazendo muita alegria e amor.

- Não é bem assim. -Me afasto- Nunca desejei ter filhos, não fazia parte dos meus planos. Meu Deus, como vou contar isso para o Benjamin? Ele pode pensar que fiz isso de propósito para tê-lo de volta.

- Você não precisa pensar nisso agora.

- Como não? Eu não posso...

- Quem disse que você não pode, Lumiar?

Ouvimos a voz da minha mãe e corremos para ajudá-la. Com cuidado, a colocamos deitada e eu me sento ao seu lado, verificando se estava tudo bem e se ela estava sentindo alguma coisa. Depois de nos tranquilizar e garantir que estava tudo bem, ela pede para que o Lui nos deixe a sós e...

- Mãe, não deveria ter se levantado. Você está fraca, poderia ter caído e se machucado.

- Eu precisava vir até aqui e puxar sua orelha, mesmo que isso seja meu último ato em vida.

- Para com isso mãe...

- Minha filha, você não tem o direito de ficar triste com a notícia da sua gravidez.

- Você sabia, não é?

- Sabia. De alguma forma eu sentia - ela respondeu, olhando em meus olhos. - Filha, se aconteceu, era porque era pra ser. Eu sei que você não queria, que não era seu sonho, mas ele está aí dentro. Seu filho, meu amor. Seu recomeço. Lembra que te falei que nunca mais vai se sentir sozinha? -Afirmo - Ter um filho é isso. Você nunca mais se sentirá sozinha nesse mundo. Sua vida agora terá um novo significado. Você vai descobrir um amor que nunca sentiu antes e vai ver que tudo vai valer a pena. Tenha fé, minha filha, e confie que tudo vai dar certo. -Limpo as lágrimas que insistiam em cair- Eu agora posso partir em paz, sabendo que vocês terão um motivo para sorrir. O que me entristece é saber que não vou poder cuidar do meu netinho enquanto estiver viva, mas estarei cuidando dele lá de cima.

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