Cap.4 Borboleta verde

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Ravena

O Lugar das Lendas era uma cidade antiga. Não tinha modernidade.

Eles valorizavam o respeito, velhos costumes, o certo e o errado e esqueciam de evoluir os pensamentos.

Todo mundo vivia como se estivesse no passado. Viviam os costumes e também acreditavam fielmente nas lendas. Era um pouco sufocante.

E eu, Ravena, mais conhecida como a bruxa, estranha ou a menina rebelde acabava saindo sempre como a errada.

Nunca acreditei nas lendas e nunca tive medo.

Muitos contavam histórias sobre lendas de cemitério, lobisomem e o homem do saco. Porém, essas eram conhecidas nas outras cidades e aqui também, mas com uma pequena diferença.

Aqui tinha outras lendas. Eram nossas próprias histórias contadas de geração para geração.

Tinha a lenda que atormentava as crianças que era sobre uma mulher vestida de branco, com um cabelo vermelho e salto alto.

Contavam que essa mulher vestida de branco aparecia de madrugada para pegar as crianças que estivessem acordadas.

Alguns dizem ter ouvido uma música muito bonita.

Esses que ouviram a música olharam pela janela e viram a mulher andando elegantemente pelas ruas.

Ela segurava uma boneca e ainda cantava.

Quando certa vez algumas crianças estavam acordadas, escutaram a música bonita e se atreveram a sair da cama para abrir um pouco da cortina da janela.

Tamanha foi a surpresa

A mulher olhou para as crianças e seus olhos eram vermelhos e inchados. Ela gritou alto e gargalhou.

Nisso as crianças se assustaram. Fecharam logo a cortina, se deitaram na cama, choraram com medo.

No outro dia eles acordaram com febre. Estavam doentes. Depois disso ficaram de cama por uns três dias e no quarto dia conseguiram se curar, porque a mãe deles os levou para ver o padre.

O padre disse que as pobres crianças tinham recebido a visita da mulher de branco com cabelo vermelho.

O padre rezou nas crianças e pediu a mãe deles que ela rezasse Ave Maria e Pai Nosso em casa para proteger sua família.

Desde então a família finalmente teve paz e os irmãos ficaram curados

Eu acreditava nessa lenda? Bom... Não. Podia ser verdade, mas nunca tive a prova.

Fiquei acordada até tarde em uma madrugada onde não tive sono e não cheguei a escutar nada.

Enquanto as outras cidades ao redor, como a Cidade do Sabiá, estavam se modernizando, com oportunidades de emprego, incluindo as mulheres nos trabalhos.

Nessa cidade tudo continuava igual. Talvez não existisse lugar para mim em uma cidade tão limitada.

Os moradores não aceitavam "pessoas diferentes", não aceitavam alguém que fosse contra os ensinamentos e muito menos queriam gente rebelde

Isso valia para roupas. Vestidos de gola alta, mangas bufantes, as saias rodadas, chapéus e as famosas meias brancas com botas ou sandálias.

Somente os homens usavam calça.
Agora as mulheres estavam sempre arrumadas.

Outra coisa que para mim parecia interessante era o fato de todos terem apenas um Nome próprio.

Normal ver Maria, Renata, Eduarda, Gilberto, Carlos, Matheus. Porém, dois nomes próprios não.

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