Capítulo 33 - O despertar dos Totens

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Publicado em: 15/05/2023

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Assim que os guardiões partiram, os três jovens da Cordilheira se acomodaram ao redor da mesa aguardando a próxima etapa que enfrentariam junto com as crianças do Vale, que se encontravam no quarto. Pelas explicações dos anciãos, o próximo processo da ligação com o Totem, seria passado na forma do animal de poder de cada um e, os três precisavam ser levados para fazer sua conexão com a natureza. Então, os guerreiros aguardavam com paciência e curiosidade, até quê os pequenos habitantes do Vale despertassem. Eles estavam inquietos, remoendo em seus corações tudo que haviam passado dentro da Zona Proibida. Para os mais velhos contaram como as coisas aconteceram, mas guardaram em suas almas tudo que sentiram.

- Eu confesso que tive medo... - Pruk admitiu para os amigos. - Eu tive medo de não conseguir salva-las. - Confessou ele com um leve tremor em sua voz.

- Acredite, todos nós tivemos... - Win deu um olhar compreensivo para o amigo e, Sky acenou concordando. - Quando esse pequeno duende me prendeu, não fiquei com raiva dele, pois vi que ele estava tão apavorado quanto eu. Era o medo de que tudo saísse errado e, que algo ruim acontecesse com todos que amamos...- O príncipe da Cordilheira falou com um pequeno sorriso apontando em direção ao quarto onde as crianças ainda estavam apagadas. - Ao contrário, fiquei mais admirado com sua ação ... Ele queria ver todos seguros e, estava disposto a dar sua vida por isso... - O jovem compartilhou suas emoções, do peso que carregavam nas costas. - E, eu só queria poder protegê-lo acima de tudo. - Wjn admitiu quase num sussurro envergonhado.

- O que está acontecendo conosco? - Sky questionou tamborilando com os dedos sobre a mesa. - Esses pequenos viraram nosso mundo de todas as maneiras... Eu não consigo mais me ver longe dele... - O rapaz murmurou pensativo. - Mas o que fazer com isso, se estamos em territórios diferentes? - Ele estava angustiado com essa questão.

- Precisamos acabar com essa guerra estúpida entre nossos territórios primeiro para depois conseguir isso. - Win refletiu com olhos em brasa.

- Mas o fim dela pode ser uma saída apenas para mim e Sky ... - Pruk comentou com tristeza. - Pelo título que carregam... precisam pensar na questão de herdeiros, o reino precisa seguir com a linhagem real... - Ele os lembrou com um sincero lamento pelo seu príncipe/amigo.

- Bem... teremos paz para os nossos territórios e, vocês uma chance... Isso parece bom...- Win resmungou triste, ciente de suas limitações.

O silêncio voltou a cabana, os três jovens estavam novamente presos em suas mentes pensando agora nas possibilidades com um futuro de paz. Pruk e Sky, cientes de todos os impasses que impediriam a felicidade do amigo, lamentavam a guerra pessoal que Win teria que travar se fosse perseguir aquele sentimento. E, a mente de Win apenas vagava entre a segurança do príncipe do Vale e a do povo da Cordilheira, que era de sua responsabilidade e, pela primeira vez em sua vida ele realmente sentiu o peso de sua coroa. As viagens mentais foram tão profundas, que eles acabaram adormecendo ali sentados, vencidos pelo cansaço de todos os acontecimentos do dia.

Já era noite quando um farfalhar alto começou a soar dentro da cabana e, antes que qualquer um dos três rapazes pudessem despertar por completo, garras se firmaram no ombro de Sky, provocando um grito de susto do jovem surpreendido, que por consequência fez os outros dois acordarem, igualmente, assustados. Ao abrirem os olhos os rapazes se depararam com o falcão pousando no chão, o animal tentava se equilibrar e, de forma desajeitada batia as asas tentando levantar voo. Depois de se recompor do susto, Sky olhou com ternura para Rawang/Kaojao, parecendo um filhotinho que aprendia a dar seus primeiros passos para fora do ninho.

E, depois de trocar olhares cúmplices com seus amigos Sky se levantou, pegou a ave nos braços, a levando para fora da cabana. Quando chegaram do lado de fora ele segurou no alto, aquele que se tornou seu bem mais precioso e, se transformou em vento para guia-lo em seu primeiro voo. Sky o manteve no ar até que o pequeno teve a segurança para fazer seus próprios movimentos, então seguiu ao lado dele, subindo ainda mais alto no céu estrelado e, ele o acompanhou mantendo-o em segurança enquanto o pequeno explorava seu novo poder. Os dois estavam serenos compartilhando um grande momento de suas vidas, um feito que nem os maiores magos da atualidade de seus territórios tinham alcançado.

- Muito bem... Você está indo bem! - Sky sussurrou como um assobio.

- Obrigado! Você também está bem assim... - A voz de Kaojao soou surpreendendo a rajada de vento ao lado da ave. - Rawang está dividindo o comando comigo agora. - Ele explicou. - Dá um pouco de medo... - O pequeno admitiu.

- Não precisa temer... Estarei sempre ao seu lado! - Sky prometeu acariciando as penas macias do Falcão com sua brisa.

E, enquanto os dois jovens voavam la fora, dentro da cabana os jovens da Cordilheira foram para o quarto verificar o restante das crianças. Assim que Pruk sentou na beira da cama, Rak soltou um silvo forte, tentando se mover em sua direção. Atento as orientações que recebeu dos anciãos, o jovem enrolou a cobra em seu braço e, desejando sorte a Win que permaneceria em espera, saiu da cabana. Pruk caminhou em direção ao rio onde seria mais fácil para ele ajudar Manaow em sua jornada. Logo que Pruk entrou no rio, tratou de acalmar as águas e, colocando Rak/Manaow para flutuar, ele se transformou auxiliando a maga em seu Totem a realizar os movimentos de uma serpente.

- Você nasceu para isso! - Pruk sussurrou feliz quando sentiu a menina tomando conta dos seus próprios movimentos.

- Você também fica bem assim! - Manaow falou com uma pequena risada, confortando o coração do jovem.

- Já com consciência? - Pruk se admirava com a força de superação dos pequenos do Vale.

- Sim, vamos dividir o espaço aqui para aprendermos a conviver juntas! - Manaow comentou.

- Isso é esperto! Vou acompanhar vocês. - Ele prometeu.

- Não esperava nada menos... Obrigada! - Manaow ficou feliz por ele estar lá para ela.

Pruk e Manaow nadaram um pouco mais, depois a menina foi para o solo serpentear as margens enquanto ele seguia na correnteza. Enquanto dentro da cabana, Win observava Korth começar a abrir os olhos. Ele sorriu animado acariciando o pelo do lobo para que terminasse de despertar. Quando o lobo sacudiu sua pelagem, o jovem deu espaço para Korth se levantar, mas o animal mostrou alguns problemas de coordenação motora, que o fez cair fora da cama. Com o orgulho ferido o menino lobo engatinhou em direção a porta, mas antes que alcançar o meio do caminho dois braços o envolveram e o ergueram do chão. Um pequeno uivo de desconforto saiu de Korth, mas Win não parou sua ação.

- Fique tranquilo, você vai conseguir... - Win falou baixinho, enquanto colocava o grande lobo no chão, em contato com aterra. - Vamos com calma, aprenda a andar primeiro... - Ele incentivou e, ficou observando o animal dar seus pequenos passos. - Isso... Agora vamos agitar um pouco mais... - O príncipe da Cordilheira se uniu a terra e, a foi movimentando embaixo das patas, fazendo ele se mexer. - Excelente! - O guerreiro exclamou quando Team/Korth começou a correr pela floresta.

- Obrigado pelo apoio! - Team agradeceu. - E, desculpa por mais cedo... eu... - Ele bateu o focinho na terra como um pedido oficial de desculpa.

- Oh você já está aí!? - Win não disfarçou a felicidade. - Está tudo bem... Entendo seus motivos, mas por favor não se repita, ficamos todos muito preocupados. - Ele o advertiu. - Agora vamos dificultar mais o seu treino! - O príncipe da Cordilheira mudou de assunto, antes de denunciar seus sentimentos pelo menino.

- Hum... Vamos... - Team riscou o chão desconfortável como se ainda tivesse algo preso na garganta e, Win percebeu mas decidiu ignorar com a nítida certeza de que se ele estivesse em forma humana estaria fazendo beicinho.

Win teve medo de que o gargalo de Team fosse o mesmo em seu coração e, sendo assim como o mais velho, ele iria assegurar que não entrassem em uma zona mais perigosa. Então, para treinar o menino, Win foi criando um monte de obstáculos ao caminho para o pequeno soltar sobre eles.

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