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Sakusa deixou a caneca de chá fumegante sobre o balcão quando ouviu sua campainha tocar. Era bom que fosse o carteiro e que fosse rápido, assim não ia perder o ponto perfeito da quentura.
Foi uma surpresa abrir a porta e encontrar o rosto sardento de Shoyo.
— Bom dia!
— Shoyo, oi. — Sakusa ficou paralisado por um momento, mas logo lembrou suas boas maneiras. — Entre.
Sakusa guiou Shoyo para a cozinha, depois de ajudá-lo a tirar o casaco e trocar os sapatos por pantufas. O clima quente de duas semanas atrás, da festa de Bokuto, deu lugar a um clima frio. Não que Sakusa precisasse de um para beber chá.
— Você quer um chá? Eu acabei de fazer um pra mim.
Já havia feito o pedido quando lembrou que Shoyo preferia bebidas geladas. Com muito gelo. Será que era porque ele naturalmente era um solzinho?
— Eu passo. Só vim te devolver algo.
O som suave de um pote de plástico sendo repousado sobre o balcão chamou atenção de Sakusa, que se virou. Ali estava. O tupperware que havia emprestado para Shoyo há duas semanas. Seu tupperware.
Shoyo deve ter interpretado errado suas emoções, porque começou a se explicar.
— Eu sei que eu demorei demais, mas só me lembrei hoje. Eu lavei ele e tudo mais, e também passei água morna pra retirar qualquer bactéria remanescente.
Espere, espere, espere. Shoyo, o tão esquecido Shoyo, lembrou de devolver o tupperware de Sakusa? E ainda lavou e esterilizou? E... Ah, Deus, estava com a tampa. Ele devolveu com a tampa.
Com as mãos trêmulas, Sakusa ergueu o pote. Não havia gordura nem nenhuma sujeira. Os desenhos de flocos de neve ainda estavam inteiros. Verificou a tampa, ainda encaixava perfeitamente. Abriu e olhou dentro, totalmente limpo. Seu tupperware estava como novo.
Sakusa o colocou no balcão quase com reverência e olhou para Shoyo, que lhe olhava apreensivo. Havia uma mecha ruiva que escapou do coque caindo na frente de seu olho azul, mas ainda era possível ver a pupila dilatada.
O cérebro de Sakusa não processou as palavras que escaparam de sua boca.
— Casa comigo.
A reação de uma pessoa normal seria dizer um "o quê" ou rir. Mas Shoyo apenas piscou, abriu a boca e respondeu:
— Sim.
Então foi a vez de Sakusa piscar, a compreensão finalmente lhe atingindo. Ele pediu Shoyo em casamento. E Shoyo aceitou.
— O que foi? — perguntou Shoyo. — Você me pediu em casamento e eu aceitei.
— Por quê?
— Bom, quando a pessoa que você ama te pede em casamento, você aceita.
Sakusa se segurou na bancada, subitamente tonto. Shoyo lhe amava? Era como amigo, certo?
— Ah, entendi — disse Shoyo, aqueles lindos olhos perdendo o brilho. — Eu achei que você tivesse percebido meus sentimentos, mas pelo jeito foi por impulso.
Sentimentos? Ah Deus, não era como amigo? Shoyo realmente lhe amava? De verdade?
— Olha, vamos esquecer isso, tá bom? — disse Shoyo, desviando o olhar para longe de Sakusa. — Eu ainda preciso trabalhar hoje, então já vou indo. Nos vemos depois.
Sakusa não conseguiu mover um músculo conforme Shoyo saltava do banco e saia, não dando mais do que um aceno para Sakusa. Aquelas palavras ainda estavam rodando por sua mente muito depois da porta da frente bater.
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Um Ballet de Gatos e Tupperwares (OmiHina)
FanfictionOnde um colecionador de tupperwares se emociona ao ter seu bem precioso devolvido a si, e pede seu amigo em casamento. Ou, onde depois de anos ansiando por Kiyoomi, Shoyo aceita seu pedido de casamento.