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Shoyo ainda não conseguia acreditar que era real. Isso se recusava a entrar em sua mente. Muitas vezes sentiu vontade de se beliscar para ter certeza que não era realmente um sonho. Mas não...
Estava vendo. Mais do que sentir, Shoyo estava vendo a sinceridade de Kiyoomi. A todo momento, a cada palavra dele, sopros, pontos e gotas dos mais diversos tons de roxo surgiam em sua visão. A única coisa em foco era o rosto de Kiyoomi, porém as cores dele também se borravam.
Provavelmente se não estivesse sentindo a pele quente de Kiyoomi enquanto limpava e fazia um curativo nos arranhões continuaria achando ser um sonho.
— Me desculpe por Tomie — pediu Shoyo, terminando e se afastando. — Eu limpei com álcool, mas garanto que meu gato tem as unhas limpinhas.
— Tudo bem, Shoyo. Vou fazer ele gostar de mim.
— Ao menos Zouzou já gosta de você. — Depois que Shoyo levantou do sofá, a gata passou para o colo de Sakusa e estava acomodada lá. — Talvez ela te ajude.
— Eu achei que ela fosse uma gata gorda, mas é tudo pelo. Eu nunca vi uma gata com tanto pelo.
— Eu escovo todos os dias.
— Ela não sofre no calor?
— Eu pensei o mesmo, porém na última vez que eu levei pra tosar ela ficou com raiva de mim. Passei uma semana sendo arranhado.
Kiyoomi riu levemente, o som lançando lavanda na visão de Shoyo. No entanto a cor foi suprimida por um marrom quando a campainha tocou.
— Que estranho — comentou Shoyo, antes de ir atender. — Eu não costumo receber visitas.
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Embora soubesse não ser o ideal, Sakusa retirou Zouzou do seu colo e foi atrás de Shoyo. Ele havia dito ser estranho, então estava preocupado. No entanto quem esperava do outro lado era apenas uma senhora idosa, na casa dos oitenta anos talvez. Os cabelos já eram totalmente grisalhos e eram cortados bem curtinho. Os olhos castanhos eram calorosos.
— Vovó? — exclamou Shoyo. — O que está fazendo assim? Entre.
— Não é necessário, eu apenas queria ver se você estava bem. Fiquei preocupada, você não pareceu na loja desde semana passada.
— Me desculpe, eu estava um...
— Oh querido, não é preciso se preocupar. — Ela acenou com a mão, então parou, surpresa. — Opa, eu quis dizer desculpar. É a idade.
— Entre vovó, não fique aí no frio.
— Não não, agora que sei que você está bem eu já vou indo. Mas antes — ela pegou a sacola que trazia no braço e estendeu para Shoyo —, aqui. Eu fiz um doce de brigadeiro de ninho, que eu sei que você adora. Aí também tem uma marmita para você. Por favor, não esqueça de comer. Está muito magro. E eu coloquei algumas flores e uma coroa delas para Zouzou.
Shoyo aceitou a sacola, sorrindo.
— Muito obrigado vovó.
— Não há de quê. Ah, verdade, você já concertou o aquecedor? E o seu chuveiro?
— Eu me esqueci. Vou tentar ligar para um... Um... Para o cara que concerta e marcar um horário.
— Não se preocupe, eu mesma ligo e amanhã ele estará aqui. Tente dormir um pouco, está com olheiras.
— Está bem, vovó.
— E... Quem é esse menino bonito?
Sakusa estava o tempo todo atrás de Shoyo, encostado na parede, apenas observando a interação. Não esperava ser incluído na conversa. Foi bom ser chamado de menino de novo, ainda mais quando já tinha trinta e cinco anos.
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Um Ballet de Gatos e Tupperwares (OmiHina)
FanfictionOnde um colecionador de tupperwares se emociona ao ter seu bem precioso devolvido a si, e pede seu amigo em casamento. Ou, onde depois de anos ansiando por Kiyoomi, Shoyo aceita seu pedido de casamento.