11. A atração de terror

8 1 0
                                    

𝚁𝚒𝚌𝚑𝚊𝚛𝚍 𝚎 𝙹𝚊𝚔𝚎 𝚎𝚜𝚝𝚊𝚟𝚊𝚖 𝚙𝚊𝚛𝚊𝚍𝚘𝚜 𝚍𝚒𝚊𝚗𝚝𝚎 𝚍𝚘 𝚖𝚘𝚗𝚜𝚝𝚛𝚞𝚘𝚜𝚘 𝚙𝚛é𝚍𝚒𝚘, sem ousarem trocar uma única palavra.

A imensidão de concreto cinzento se estendia muito alto no céu, contrastando de maneira ameaçadora no preto retinto da noite. Sem dúvidas, às próximas horas viriam a ser as mais sombrias de suas vidas, ainda que não houvesse nuvens para cobrir a lua e as estrelas brilhantes.

– Você tem certeza… que é aqui? – Richard perguntou por fim, sem ousar pronunciar as palavras muito alto, temendo por acordar os monstros que ali habitavam.

Jake se voltou ao amigo.

– É exatamente aqui.

Richard olhou novamente para a construção, sem conseguir conter um calafrio. De alguma maneira, aquele lugar exalava uma aura sinistra, bem pior do que o restante do parque se é que não fosse apenas coisa da sua imaginação.

Engoliu em seco e foi em direção a entrada, onde Jake já o aguardava.

O terreno era cercado por grades enferrujadas altas, estranhamente familiares para Richard. A segurança daquele lugar era evidentemente mais reforçada, mesmo que ainda fosse de certa forma inútil. Aqui eles ao menos tentaram, pensou o vigia ao se lembrar das outras atrações que nem proteção básica possuíam.

Ele remexeu nos bolsos de sua jaqueta e tirou de lá dois molhos de chaves, entregando em seguida um deles ao colega enquanto abria o portão com o chaveiro restante.

– Consegui recuperar o meu, não preciso de dois – explicou Richard, escolhendo com cuidado as palavras para prosseguir – caso a gente se perca um do outro ou caso aconteça algo… Seria bom você ter as suas próprias para conseguir sair daqui.

Jake abriu a boca para protestar, mas ao perceber que o amigo tinha um bom ponto, apenas assentiu e guardou o objeto em um lugar seguro.

Sem demora, chegaram à porta de metal que dava acesso ao prédio. Richard a destrancou também sem dificuldades, por mais velha e enferrujada que ela fosse.

Ali dentro, à primeira vista, não enxergaram nada. Tudo estava submerso em uma escuridão densa e absoluta. Apenas a pequena distância entre as paredes, detectável pelo tato, indicava que se tratava de um corredor estreito.

Jake, que ia à frente, logo precisou admitir que não seria possível prosseguir na missão às cegas no escuro. Ele enfiou as mãos nos bolsos da calça e tirou de lá uma pequena lanterna, que, na realidade, não passava de um brinquedo para pendurar em chaveiros. Como a luz era fraca e falhava, Richard pegou a sua própria lanterna e ofereceu ao companheiro, que aceitou de bom grado.

– Para onde devemos ir? – O vigia sussurrou, apertando o passo para não ficar para trás. Era óbvio que o seu machucado só dificultava as coisas.

– Eu não sei – respondeu Jake no mesmo tom baixo, passando o facho de luz pelas paredes pálidas e cinzentas.

– Mas você já não fez isso antes? Já não veio aqui?

– Nunca – admitiu após alguns segundos de silêncio. – Eu abandonei o jogo antes de sequer tentar a última fase, que realmente espero que seja a última. Por isso, estou procurando um mapa daqui.

O vigia noturno não disse mais nada. Apenas olhou para trás, temendo que alguma coisa pudesse os seguir.

Muitos anos antes, aquele prédio tinha tido um aspecto bem diferente do atual, com fachada pintada e o chão bem polido. Algo quase como bem cuidado, por ter sido destinado à administração do parque nos seus primeiros anos de funcionamento. Mas agora, seus dias de glória estavam muito distantes. Restava apenas àquele lugar ser reutilizado como sucata para alguma atração qualquer. De certa forma, havia um quê de proposital na falta de manutenção, deixando a situação de abandono e decadência óbvios, uma vez que a intenção da casa de horrores era fazer juízo ao seu nome.

Blueberry's Oz Park: Double Quest [PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora