Prólogo

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𝙾𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜 𝚜𝚎 𝚖𝚘𝚟𝚎𝚛𝚊𝚖 𝚍𝚎 𝚞𝚖 𝚕𝚊𝚍𝚘 𝚙𝚊𝚛𝚊 𝚘 𝚘𝚞𝚝𝚛𝚘 𝚗𝚊 𝚎𝚜𝚌𝚞𝚛𝚒𝚍ã𝚘, à procura de sua presa, mas estes, por sua vez, quase nada viam à luz encoberta por uma noite nublada. Restava a missão ser encarregada por seus ouvidos, que agora se encontravam atentos ao menor ruído que pudesse se manifestar.

Eles não poderiam estar longe.

Rodopiou em seus calcanhares e se pôs a pensar, avaliando o entorno. “Se eu fosse um pirralho, onde me esconderia?”. O quebrar das ondas deu um rugido abafado, quase silenciando as ideias que lhe recorreram à mente enquanto uma das mãos encostava no muro áspero.

Não muito longe, havia três lugares possíveis; dois deles sendo construções – o depósito e a sorveteria – que estavam trancados; e um outro que era uma praça. Naturalmente, tudo indicava uma única opção. Um sorriso surgiu no rosto, como ao de alguém que resolveu um enigma.

Em passos calmos e ritmados, caminhou em direção ao espaço aberto, sem fazer questão de se esconder, e, quase que antecipando o momento, agarrou com mais força o cabo da faca, que carregava com a mão esquerda livre.

A poucos metros de distância, captou o contorno escuro do carrossel que se estendia no meio da praça. O chão abaixo de seus pés foi de cascalho para pedra lisa.

Sentia que estava perto. Ou melhor, tinha certeza de que estava perto.

Se aproximou da máquina, varrendo os olhos pelas figuras que reconheceu como cavalos e algumas outras que não sabia dizer o que eram no escuro. Então, no mesmo passo delator de antes, deu meia volta e se afastou. Esperou alguns segundos, e de longe, contornou a atração, mas de um jeito diferente, cauteloso.

Agora andando silenciosamente como um fantasma, foi ao encontro do carrossel mais uma vez.

E lá estava: uma figura quase invisível nas sombras, mas bem distinta, se inclinou para fora do esconderijo. A criança, atrás de um dos cavalos, olhou para frente, sem ter a mínima ideia do que vinha por trás.

Grande erro.

Foi questão de segundos até que o menino fosse agarrado pelos ombros e puxado para fora. Pego de surpresa, o choque fora tão grande que ele mesmo não tivera tempo para reagir. Quando os olhos arregalados da vítima encontraram os da identidade, em um rápido vislumbre, finalmente ousou gritar, ao se dar conta da grande desgraça a qual tinha sido condenada, mas não conseguiu, porque uma mão o silenciou.

Em um golpe rápido e certeiro, a identidade assassina fincou a lâmina fria na garganta do seu alvo. Quando soube que ele estava acabado, deixou que caísse sem vida no chão.

Mais uma vez, a figura segurou com firmeza o cabo da arma e se afastou, cuidando para que o líquido vermelho não encostasse em nenhuma de suas roupas.

Ainda não tinha acabado, estava ciente. Faltava mais um.

Pelo canto do olho, captou um movimento rápido, relativamente perto.

A segunda presa não tinha mais como se esconder. Tinha sido entregue. Lhe restava apenas tentar fugir, inútilmente.

O segundo garotinho, em um ato de desespero, saltou para fora do seu abrigo, mas antes que pudesse ao menos tentar correr, também foi pego.

Para este, ao menos, restava energia o suficiente para lutar. Com todas as forças que dispunha, ele tentou se debater, mas a mão que o segurava era forte e não afrouxou. Aos poucos, a força do menor foi se esvaindo e lágrimas de aflição brotaram dos seus olhos. Mesmo que já soubesse que estava sozinho, instintivamente olhou para trás, à procura do seu idêntico.

Seu irmão não pode te ajudar – Disse a voz em um sussurro cruel e então, acabou de uma vez por todas com a sua vítima.

Blueberry's Oz Park: Double Quest [PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora