8. Noite de caça

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𝚄𝚖 𝚜𝚘𝚖 𝚎𝚜𝚝𝚛𝚘𝚗𝚍𝚘𝚜𝚘 𝚛𝚎𝚙𝚎𝚛𝚌𝚞𝚝𝚒𝚞 𝚙𝚎𝚕𝚊 𝚎𝚜𝚌𝚞𝚛𝚒𝚍ã𝚘, tão forte que chegou a fazer o chão estremecer sob seus pés.

Muito assustado, o humano recuou o máximo que pode, até se chocar de costas contra a parede.

Tinha sido encontrado.

Com o coração ainda aos pulos, o vigia se forçou a manter a calma. Levou as mãos trêmulas para trás de si, tateando a superfície áspera em busca de uma saída. Tudo isso, é claro, sem ousar desviar os olhos da porta de metal à sua frente.

Os guinchos que ele tanto temia naquele momento recomeçaram, combinados agora com o som de arranhões contra o metal, que feriam seus ouvidos. Quem quer que fosse, não estava nem um pouco preocupado em ocultar a sua presença, pois, sabia tão bem quando ele, que não havia saída.

O estrondo se repetiu. Garras prateadas perfuraram o metal, arrancando fora pedaços da porta com facilidade.

O segurança prendeu a respiração e permaneceu imóvel, com os olhos vidrados de terror na maior das aberturas, tentando em vão enxergar através dela. Por alguns segundos, nada aconteceu. Um silêncio mortal se instalou no ar. Estaria ele seguro? A coisa teria ido embora? Criando coragem, o guarda esticou o pescoço. Sentia cada músculo de seu corpo dolorido pela tensão. Então...

Sem aviso, outro estrondo veio, e dessa vez, tão alto como uma explosão. O humano instintivamente cobriu a cabeça para se proteger. A essa altura, ele não precisava nem olhar para saber que a porta fora derrubada.

O monstro animatrônico passou por cima do que restara da barreira como se não fosse nada, com as garras estendidas prontas para acabar com sua vítima.

O humano ouvia cada passo, cada rangido, cada zumbido que o maquinário da criatura produzia, no mais puro terror. Estava paralisado. Não conseguia correr. Não havia para ONDE correr. A única coisa que poderia fazer era observar o próprio fim.

O vigia fitou o ser, acabando por ignorar todos os outros detalhes, do pelo azul às garras prateadas, para focar apenas em uma coisa: olhos negros como a noite e as minúsculas pupilas brancas que o encaravam no fundo da sua alma.

Então...

Jake acordou com um tranco e sufocou um grito.

Com o coração ainda martelando de medo, olhou ao redor desorientado, sem conseguir distinguir por completo a realidade do sonho.

O ônibus deu outro solavanco, e dessa vez, o rapaz perdeu o equilíbrio na cadeira e quase caiu. Isso foi o suficiente para que ele voltasse ao presente.

Conforme foi se acalmando, notou que, infelizmente, o restante dos passageiros também haviam percebido o seu comportamento insólito, lhe lançando olhares incomodados.

Chamara muita atenção outra vez.

Jake enrubesceu e virou o rosto para o outro lado, esforçando-se inutilmente para fingir normalidade.

Não era a primeira vez que aquilo acontecia. Pelo contrário, Jake já estava mais do que acostumado a ser atormentado por aqueles mesmos pesadelos diariamente. Isso quando conseguia dormir. E, ainda sim, isso não deixava de ser uma experiência ruim quando voltava a se repetir. Afinal, coisas desagradáveis tendem a continuar desagradáveis, não importando quantas vezes elas acontecessem.
Tudo o que ele poderia fazer à respeito era empurrar as terríveis memórias distorcidas para os confins de sua mente, por mais que isso fosse quase impossível, uma vez que ia quase todos os dias ao cenário dos seus traumas.

Blueberry's Oz Park: Double Quest [PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora