𝐷𝑒𝑖𝑥𝑜 𝑉𝑜𝑐ê 𝐸𝑚 𝐶𝑎𝑠𝑎
Sentei-me na calçada que cercava a pequena loja e ascendi um cigarro na tentativa de aquecer meu peito. Dali de longe, observava alguns jovens rindo e conversando dentro de um carro, uma chevete. Conhecia alguns deles da minha escola, embora nunca tenha chegado a conversar ou ao menos cumprimentá-los.
Talvez não tenha visto o tempo passar ou talvez os minutos tenham passado mais rápido que o normal, mas não demorou para que eu sentisse as luzes se apagarem pelas minhas costas. Olhei sobre meu ombro e vi o garoto de agora pouco se retirando do mercado após trancar as portas. Ele caminhou até mim e parou por alguns segundos enquanto me olhava sem uma expressão exata. Fingi não notar sua presença até que o mesmo se pronunciou:
— Eu deixo você em casa — minha testa automaticamente se franziu ao ouvi-lo — pode ser?
— Eu nem te conheço — apaguei o cigarro esfregando-o no asfalto
— Prefere voltar sozinha? À noite? E eu pareço tão ameaçador assim?
Não, não parece.
Sem dizer nada, me levantei do chão e bati as mãos no vestido para o livrar de poeira, Finn me guiou ao que, aparentemente, seria seu carro. Era velho e meio sujo, barulhento pra cacete. Me sentei e logo abri a janela, que, para nenhuma surpresa, ainda era aberta de maneira manual.
— Precisa colocar o cinto — seu olhar exprimia seriedade, ri sarcástica
— Eu moro na rua 8 — murmurei puxando o cinto — seu carro é bem velhinho, não?
— Não é meu — ele sorriu brevemente — é o carro da minha mãe, ela me deixa usar para trabalhar.
— Mora muito longe daqui? — viramos a rua, já estávamos bem próximos à minha casa
— Não muito, talvez uns quinze minutos do mercado — deu de ombros — e... está entregue, senhorita.
Seu carro parou em frente a minha casa, encarei a porta vermelha que dava acesso a nossa decadente moradia onde Kayce me esperava.
— Obrigado, Finn. Nos vemos por ai.
Antes de ouvir qualquer resposta vinda dele, deixei seu carro e enfiei a mão no bolso tirando de lá as chaves de casa. Antes de Finn desaparecer completamente da minha visão, virei-me para trás e vi seu carro se afastando aos poucos. Engraçado, seu rosto me parecia familiar, como se conhecesse ele de algum lugar... hum, estranho.
Já em minha casa, fui capaz de ouvir os passos apressados de Kayce, que correu em minha direção e pulou em meus braços. Sendo fortemente apertada pela pequena, pude sentir seu perfume de princesas que tanto agradava minhas narinas. Assim que nosso abraçado foi cessado, coloquei-a no chão e subi meu olhar para nossa casa, vazia e bagunçada.
Não me orgulhava de morar em um local como esse, mas infelizmente não tinha dinheiro o suficiente para moldar minha vida ou sequer a de Kayce. Tracei passos lentos até a cozinha e tirei uma frigideira do armário e, ainda sonolenta, comecei a preparar panquecas para mim e Kayce, pelas minhas contas cada uma de nós comeria duas, mas sempre acabava dividindo meus restos com a pequena Hoeeylt de qualquer jeito.
Não demorou muito para que as panquecas estivessem prontas e caramelizadas, como Kayce gosta. Separei as mais queimadas para mim, assim não teria que ouvir reclamações vindas de minha irmãzinha. Aproveitei o embalo e fiz chocolate quente para Kayce e um café expresso para mim, uma das poucas coisas que minha mãe já fez para me agradar foi ter comprado esta maquina de café expresso.
— Finalmente — a mais nova queixou-se, abocanhando suas panquecas assim que lhes foram postas — estava morrendo de fome.
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𝒀𝒐𝒖𝒓 𝒔𝒊𝒏𝒔 ~ 𝐹.𝑊
Teen Fiction𝐂𝐚𝐩𝐞 𝐂𝐨𝐝 | 𝟏𝟗𝟗𝟖 𝘜𝘮𝘢 𝘱𝘢𝘪𝘹𝘢̃𝘰, 𝘵𝘢𝘯𝘵𝘰 𝘱𝘰𝘥𝘦 𝘴𝘢𝘭𝘷𝘢𝘳 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘵𝘢𝘮𝘣𝘦́𝘮 𝘥𝘦𝘴𝘵𝘳𝘶𝘪𝘳 𝘶𝘮 𝘤𝘰𝘳𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰, 𝘷𝘢𝘭𝘦 𝘢 𝘱𝘦𝘯𝘢 𝘵𝘦𝘯𝘵𝘢𝘳 𝘮𝘦𝘴𝘮𝘰 𝘵𝘦𝘯𝘥𝘰 𝘤𝘪𝘦̂𝘯𝘤𝘪𝘢 𝘥𝘢𝘴 𝘨𝘳𝘢𝘯𝘥𝘦𝘴 𝘤𝘩𝘢𝘯𝘤...