Capítulo 04

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𝑇𝑒 𝐷𝑒𝑣𝑜 𝑈𝑚 𝐹𝑎𝑣𝑜𝑟

Mesmo que isso fizesse sentir-me um exemplo de ser humano terrível, ainda era melhor do que repetir o segundo ano

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Mesmo que isso fizesse sentir-me um exemplo de ser humano terrível, ainda era melhor do que repetir o segundo ano.

Tenho bons motivos para não ter feito o trabalho de geografia durante o tempo livre, fora da escola. O primeiro deles foi que quando voltei, à tarde, minha mãe teve o prazer de me causar uma crise de soluços por chorar e gritar com a cabeça enfiada no travesseiro. O motivo disso? Disse ao seu namorado que me chamasse a atenção por ter surrupiado trinta dólares de sua carteira.

Sim, ela pediu a um homem que não é e nunca será meu pai para me punir por algo que não tinha relação alguma com ele, e a pior parte foi que aquele asqueroso o fez com prazer. Depositou um tapa forte em meu rosto, deixando quase a marca perfeita de sua mão como uma nova tatuagem em meu corpo.

Claro que eu revidei, mas não tinha forças o suficiente para brigar com alguém de seu tamanho. Recuei, corri covardemente para o meu quarto, tranquei a porta e gritei até que toda aquela dor saísse do meu peito, levando boa parte da minha sanidade junto às lágrimas que escorram pelo meu rosto enquanto eu pensava em maneiras fáceis de morrer.

Isso deve ter durado, em média umas duas ou três horas, não sei direito, não tive tempo de cronometrar meu sofrimento. Depois disso, tive de ir até o fim da rua buscar Kayce em sua creche, e para isso, tive que fingir muito bem um sorriso e dizer que a vermelhidão em meu rosto havia sido causada por um tombo, o que ocasionou boas gargalhadas vindas da garotinha. Não queria deixar minha irmã saber no que nossa vida havia se transformado, não queria que ela pensasse que sou tão fraca quanto realmente sou.

A preparei uma refeição, ajudei em seu dever de casa e organizei nossa casa, bom, ao menos tentei.

Meu dia foi mais curto do que esperava, e isso fez com que, assim que coloquei Kayce na cama, virei algumas doses de uma bebida estranha guardada na geladeira e corri até a loja onde Finn trabalhava rezando para encontrá-lo; não tinha certeza de que ele faria o trabalho para mim pelo curto prazo, mas era minha única esperança.

Quando cheguei até o pequeno estabelecimento, recebi um olhar confuso e curioso do garoto alto que permaneceu detrás do balcão, cheguei a soltar um riso curto pelo rosto engraçado. Não tenho certeza se me olhava assim pelo cabelo bagunçado, pelas olheras se destacando em minha pele pálida ou pelas roupas que não pareciam fazer muito sentido. Talvez estivesse apenas assustado com a visão tenebrosa.

- O que foi isso em seu rosto? - suspirei pesadamente pensando em uma forma de omitir o fato de ter apanhado de um homem que nem conheço

- Gostou? Agora estamos combinando! - ergui os ombros, Finn soltou um riso sarcástico

- Fala sério - vestiu os óculos escuros que escondiam o machucado em seu olho direito

𝒀𝒐𝒖𝒓 𝒔𝒊𝒏𝒔 ~ 𝐹.𝑊Onde histórias criam vida. Descubra agora