Escolho Desafio
Diga-me você, o que faria?
Dez dólares, rádio ligado, uma garrafa vazia e a chance de tirar qualquer coisa de um certo garoto misterioso, de olhar sombrio.
— Foi mesmo uma boa ideia apostar nesse jogo?
— Cala a boca idiota — soltei a fumaça tirando o cigarro da boca
Sim, nós mesmos esvaziamos a garrafa que seria usada, e não foi na pia que joguei a cerveja misturada com whisky. Era obviamente a primeira vez do Finn bebendo, ainda assim, o mesmo sentiu a obrigação de reafirmar que iria com calma pois dirigiria de volta para a casa naquela noite. Okay, medroso.
Seus olhos exploravam todos os espaços de mim, sempre vidrados em cada detalhe. Me fez sentir controle da situação; o castanho de seu olhar juntamente a expressão vazia e curiosa que tomava seu rosto eram, de certa forma, excitantes. Criando coragem após o último gole, Finn posicionou a garrafa no meio-espaço entre nós e assim, girou.
Você. Pensei. Era para o pálido e esguio garoto que a ponta da garrafa apontava, sorri com sua face boba e amedrontada.
— Verdade... ou desafio?
Wolfhard engoliu seco tirando os óculos de seu rosto e os largando no chão. A forma como massageava as têmporas com a palma da mão demonstrava o arrependimento do garoto; provavelmente desistindo aos poucos do estúpido jogo que ele mesmo inventou.
— Verdade — soltou com ar confiante, ri
— Verdade que... — exitei — Verdade que Oliver foi quem pegou mais pesado com você?
Por sua risada, soube que era uma pergunta estúpida. Ri, o acompanhando.
— Oliver não é bom de briga, só está sempre acompanhado de gente que ajuda ele a não apanhar
— Não respondeu minha pergunta
— Não, Corine — sorriu negando freneticamente — Não foi ele... foi Skreeper
— Quem?! — o ofereci um trago em meu cigarro manchado pelo batom, Finn negou gentilmente
— Um garoto da sétima série... falo dele outro dia, sua vez de girar
Posso até estar bêbada, mas não sou idiota. Pela forma como ele evitou falar desse tal Skreeper a surra deve ter sido feia. Girei a garrafa, assim o dando a vez para que me perguntasse algo. Certeza que uma pergunta boba, como sempre, ele era medroso demais para agir conforme imagino que gostaria.
— Verdade ou desafio, loirinha?
— Hmm... Verdade
Ambos os corpos nesta sala estavam cansados, sendo assim, nos largamos desajeitados no chão e cantarolamos uns pedaços da música leve e calma que tocava no rádio enquanto meu amigo Finn pensava em algo interessante para me perguntar. Era até engraçado a forma como ele parecia sempre apreensivo sobre cada palavra que dizia. Está com medo de mim, Wolfhard?
Aproximando seu corpo do meu, sorri junto a um riso nasal. Finn esticou o braço e eu o usei de travesseiro, apoiando minha cabeça em braço direito, fechei os olhos; ele tinha um cheiro suave.
— Verdade que não é mais virgem? — soltei o ar acompanhado da fumaça cinza, Finn tossiu
— é — ele arregalou os olhos — e daí?
— Nada, é só que... Como foi?
— Já fez sua pergunta — ele sorriu sem graça, sussurrando, respondi — foi doloroso e meio nojento; não sei se eu recomendaria
Um sorriso forçado assumiu meus lábios, ele me olhou com pena e então, desviou o olhar. Odeio perceber que alguém está com pena de mim. Se acha que eu preciso de caridade, me doe dinheiro para comprar roupas novas, essas já saíram de moda.
— Minha vez
— Tem que girar a garrafa — estávamos mais próximos que o comum, como uma área restrita
— Vá se ferrar — ele riu baixo — Verdade ou desafio?
— Desafio
— Ah é? — sorrimos juntos, de maneiras opostas — Está se sentindo corajoso? Vamos ver até quando essa coragem vai durar. Eu desafio o senhor coragem a... a tomar um item do mercado e sair sem pagar
Seus olhos quase pularam para fora, gargalhei. Finn deixou a posição confortável em que estávamos e se pôs sentado, o encarei de onde estava, acaraciando um de seus cachos suavemente.
— Não vou roubar Corine, posso perder meu emprego, sabia?
— Mi mi mi mi — imitei sua voz histérica, tirando risos nervosos no garoto — Covarde
— Tá, fica com os dez dólares, eu não vou roubar a droga de um mercado, sua idiota — sorri, tomando o dinheiro para mim
— Não é assim que funciona, se você se esquivar de um desafio, você cumpre outro — revirou os olhos de modo incomodado — hmm, porque não vai até a rua e joga um ovo em alguém?
— Você tem merda na porra do seu cérebro?
— Você que nunca jogou com alguém que realmente sabe se divertir. Escolhe logo a droga da verdade
Assim ele o fez, deitando-se novamente. As luzes da casa ficavam vermelhas conforme os carros da rua passavam com seus faróis ligados, refletindo em nossos rostos o calor que sentíamos por dentro.
— Você pensa em mim? — uma feição confusa tomou lugar seu rosto
— Você é minha amiga, é claro que penso em você — sorri em negação
— Você sabe, seu tonto... daquele jeito
Ao entender o que eu perguntava, seu rosto enrubeceu. Finn olhou para baixo e coçou a nuca. Chega a ser engraçado ver seu nervosismo. Toquei em sua mão, juntando-a a minha. De dedos entrelaçados, refiz a pergunta em um sussurro.
Virgens falando sobre sexo pela primeira vez deveria ser uma atração turística.
— Seu silêncio fala mais alto que você, bobinho — estava visivelmente nervoso, mas a falta de argumentos afirmava a questão anterior
— Verdade ou desafio? — foi sua vez de falar
Com grande desinteresse, respondi ao tirar o cigarro dos lábios outra vez:
— Desafio.
— Desafio você a me beijar.
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𝒀𝒐𝒖𝒓 𝒔𝒊𝒏𝒔 ~ 𝐹.𝑊
Teen Fiction𝐂𝐚𝐩𝐞 𝐂𝐨𝐝 | 𝟏𝟗𝟗𝟖 𝘜𝘮𝘢 𝘱𝘢𝘪𝘹𝘢̃𝘰, 𝘵𝘢𝘯𝘵𝘰 𝘱𝘰𝘥𝘦 𝘴𝘢𝘭𝘷𝘢𝘳 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘵𝘢𝘮𝘣𝘦́𝘮 𝘥𝘦𝘴𝘵𝘳𝘶𝘪𝘳 𝘶𝘮 𝘤𝘰𝘳𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰, 𝘷𝘢𝘭𝘦 𝘢 𝘱𝘦𝘯𝘢 𝘵𝘦𝘯𝘵𝘢𝘳 𝘮𝘦𝘴𝘮𝘰 𝘵𝘦𝘯𝘥𝘰 𝘤𝘪𝘦̂𝘯𝘤𝘪𝘢 𝘥𝘢𝘴 𝘨𝘳𝘢𝘯𝘥𝘦𝘴 𝘤𝘩𝘢𝘯𝘤...