Capítulo 08

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Escolho Desafio

Diga-me você, o que faria?

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Diga-me você, o que faria?

Dez dólares, rádio ligado, uma garrafa vazia e a chance de tirar qualquer coisa de um certo garoto misterioso, de olhar sombrio.

— Foi mesmo uma boa ideia apostar nesse jogo?

— Cala a boca idiota — soltei a fumaça tirando o cigarro da boca

Sim, nós mesmos esvaziamos a garrafa que seria usada, e não foi na pia que joguei a cerveja misturada com whisky. Era obviamente a primeira vez do Finn bebendo, ainda assim, o mesmo sentiu a obrigação de reafirmar que iria com calma pois dirigiria de volta para a casa naquela noite. Okay, medroso.

Seus olhos exploravam todos os espaços de mim, sempre vidrados em cada detalhe. Me fez sentir controle da situação; o castanho de seu olhar juntamente a expressão vazia e curiosa que tomava seu rosto eram, de certa forma, excitantes. Criando coragem após o último gole, Finn posicionou a garrafa no meio-espaço entre nós e assim, girou.

Você. Pensei. Era para o pálido e esguio garoto que a ponta da garrafa apontava, sorri com sua face boba e amedrontada.

— Verdade... ou desafio?

Wolfhard engoliu seco tirando os óculos de seu rosto e os largando no chão. A forma como massageava as têmporas com a palma da mão demonstrava o arrependimento do garoto; provavelmente desistindo aos poucos do estúpido jogo que ele mesmo inventou.

— Verdade — soltou com ar confiante, ri

— Verdade que... — exitei — Verdade que Oliver foi quem pegou mais pesado com você?

Por sua risada, soube que era uma pergunta estúpida. Ri, o acompanhando.

— Oliver não é bom de briga, só está sempre acompanhado de gente que ajuda ele a não apanhar

— Não respondeu minha pergunta


— Não, Corine — sorriu negando freneticamente — Não foi ele... foi Skreeper

— Quem?! — o ofereci um trago em meu cigarro manchado pelo batom, Finn negou gentilmente

— Um garoto da sétima série... falo dele outro dia, sua vez de girar

Posso até estar bêbada, mas não sou idiota. Pela forma como ele evitou falar desse tal Skreeper a surra deve ter sido feia. Girei a garrafa, assim o dando a vez para que me perguntasse algo. Certeza que uma pergunta boba, como sempre, ele era medroso demais para agir conforme imagino que gostaria.

— Verdade ou desafio, loirinha?

— Hmm... Verdade

Ambos os corpos nesta sala estavam cansados, sendo assim, nos largamos desajeitados no chão e cantarolamos uns pedaços da música leve e calma que tocava no rádio enquanto meu amigo Finn pensava em algo interessante para me perguntar. Era até engraçado a forma como ele parecia sempre apreensivo sobre cada palavra que dizia. Está com medo de mim, Wolfhard?

Aproximando seu corpo do meu, sorri junto a um riso nasal. Finn esticou o braço e eu o usei de travesseiro, apoiando minha cabeça em braço direito, fechei os olhos; ele tinha um cheiro suave.

— Verdade que não é mais virgem? — soltei o ar acompanhado da fumaça cinza, Finn tossiu

— é — ele arregalou os olhos — e daí?

— Nada, é só que... Como foi?

— Já fez sua pergunta — ele sorriu sem graça, sussurrando, respondi — foi doloroso e meio nojento; não sei se eu recomendaria

Um sorriso forçado assumiu meus lábios, ele me olhou com pena e então, desviou o olhar. Odeio perceber que alguém está com pena de mim. Se acha que eu preciso de caridade, me doe dinheiro para comprar roupas novas, essas já saíram de moda.

— Minha vez

— Tem que girar a garrafa — estávamos mais próximos que o comum, como uma área restrita

— Vá se ferrar — ele riu baixo — Verdade ou desafio?

— Desafio

— Ah é? — sorrimos juntos, de maneiras opostas — Está se sentindo corajoso? Vamos ver até quando essa coragem vai durar. Eu desafio o senhor coragem a... a tomar um item do mercado e sair sem pagar

Seus olhos quase pularam para fora, gargalhei. Finn deixou a posição confortável em que estávamos e se pôs sentado, o encarei de onde estava, acaraciando um de seus cachos suavemente.

— Não vou roubar Corine, posso perder meu emprego, sabia?

— Mi mi mi mi — imitei sua voz histérica, tirando risos nervosos no garoto — Covarde

— Tá, fica com os dez dólares, eu não vou roubar a droga de um mercado, sua idiota — sorri, tomando o dinheiro para mim

— Não é assim que funciona, se você se esquivar de um desafio, você cumpre outro — revirou os olhos de modo incomodado — hmm, porque não vai até a rua e joga um ovo em alguém?

— Você tem merda na porra do seu cérebro?

— Você que nunca jogou com alguém que realmente sabe se divertir. Escolhe logo a droga da verdade

Assim ele o fez, deitando-se novamente. As luzes da casa ficavam vermelhas conforme os carros da rua passavam com seus faróis ligados, refletindo em nossos rostos o calor que sentíamos por dentro.

— Você pensa em mim? — uma feição confusa tomou lugar seu rosto

— Você é minha amiga, é claro que penso em você — sorri em negação

— Você sabe, seu tonto... daquele jeito

Ao entender o que eu perguntava, seu rosto enrubeceu. Finn olhou para baixo e coçou a nuca. Chega a ser engraçado ver seu nervosismo. Toquei em sua mão, juntando-a a minha. De dedos entrelaçados, refiz a pergunta em um sussurro.

Virgens falando sobre sexo pela primeira vez deveria ser uma atração turística.

— Seu silêncio fala mais alto que você, bobinho — estava visivelmente nervoso, mas a falta de argumentos afirmava a questão anterior

— Verdade ou desafio? — foi sua vez de falar

Com grande desinteresse, respondi ao tirar o cigarro dos lábios outra vez:

— Desafio.

— Desafio você a me beijar.

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⏰ Última atualização: Feb 25 ⏰

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