No dia seguinte fingir estar doente para não ter que resolver as coisas de casamento com a Kate e sua tropa de madrinhas insuportáveis, também porque pensar em qualquer coisa ela ou o Niel ainda me dava náuseas. Desci para tomar café mais tarde, felizmente só estava eu em casa, o Vovô havia ido ao bingo, papai e Niel foram para o golfe e resolver coisas do casamento. Casamento. O dia da cerimônia estava cada vez mais próxima, havia caixas e mais caixas de lembranças e ornamentação.
Preparei um café bem forte. Nem mesmo a bebida mais forte que eu já tomei me fez sentir tão na fossa quanto me sinto agora. Meus olhos estavam com lápis de olho ao redor, eu usava tanto aquilo que mesmo quando não passava a tinta parecia ainda estar lá, me dando sempre essa expressão de ressaca e cansaço eterno e os cabelos pretos presos em um coque emaranhado, com apenas minha franja espessa cobrindo a testa.
Kate não tinha isso, na verdade, dificilmente eu a via usando maquiagem, ela tinha toda aquela beleza angelical e grandes olhos azuis. Niel estava certo, conseguiu uma mulher bonita e bem resolvida para se casar.
Me comparar com a minha irmã mais nova era o cúmulo da minha desgraça, não que eu já não tenha feito isso antes, mas desta vez eu era uma mulher de 26 anos com comparações. Era tão ridículo. Eu era adulta, não era mais aquela menina que zoavam por ser acima do peso. Mas, de algum modo, eu continuava sendo por dentro, voltar para essa cidade despertou isso em mim.
Após o café, finalmente abri meu notebook para escrever algo, mas aquele maldito cursor continuava a piscar. Tentei começar por uma breve introdução, mas sobre o quê? Não tinha nada em mente a não ser coisas ruins. Passei a ouvir um barulho agoniante a cada piscada do cursor, então comecei a ouvir meu coração estalar no peito e minha respiração descompassar. A luz da tela do computador começou a arder em meus olhos, então eu o fecho com força.
Passo as mãos no rosto, respirando fundo.
Eu era um fracasso como escritora.
[...]
Almocei sozinha e após horas papai e o Niel chegaram. Eu assistia a um filme na sala, ainda de pijama, completamente derrotada pela minha crise de ideias. Me ajeito no sofá, deixando o pote de sorvete de lado assim que vejo Niel passar pela sala e ir para a cozinha, meu pai veio logo atrás dele.
— Ainda doente, querida? — Perguntou meu pai tirando sua jaqueta.
— Já estou melhor.
Niel volta para a sala, segurando um copo com água. Me sinto desconfortável com seu olhar sob mim, mas não movo um músculo sequer, aquela era minha casa, ele não iria me intimidar ali.
Kate chega algum tempo depois com nossa mãe, segurando mais caixas.
— Céus, está tudo uma loucura. — Resmungou ela.
Niel vai até ela e pega as caixas deixando-as no chão, Kate se aproxima para beijá-lo, mas ele desvia e olha ligeiramente para mim, eu permaneço quietinha. Kate olha para ele com as sobrancelhas juntas, se perguntando que diabos era aquilo, mas ele beija apenas sua bochecha. Ela pareceu decepcionada, mas em seguida nota minha presença e mostra um sorriso forçado.
— Cassie, ainda de pijama? — Eu apenas assenti. — Quando se está doente, é melhor tomar um banho longo e fazer alguma coisa.
— Você passou o dia inteiro nesse sofá? — Mamãe pergunta entrando na sala.
Reviro os olhos.
— Eu não seu porque vocês estão tão incomodados com isso.
Papai se senta ao meu lado e pega o controle mudando de canal, colocando em um jogo de futebol qualquer. Olho para ele com os olhos semicerrados. Quando ele finalmente percebe, joga o controle no meu colo.
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Uma Noite De Prazer
RomanceCassie, uma aspirante a escritora, buscava inspiração para escrever um artigo que valia sua carreira. Em uma noite no bar ela conheceu o homem dos seus sonhos, após uma intensa noite de prazer o misterioso dinamarquês Niel some sem deixar rastros. M...