Capítulo 01: sexo casual

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Bato mais uma vez na porta, faltava apenas meia hora para eu conseguir me atrasar pela segunda vez só essa semana. Ouço a música aumentar do lado de dentro, ela sabia bem como me irritar todas as manhãs. Aysha sempre acordava mais cedo e se apossava do banheiro como se não fosse meu também.
Meu punho já estava vermelho de tanto esmurrar aquela porta, mas era inútil.
Ouço a porta sendo destrancada e por fim ela finalmente abre, quase passei por cima dela para entrar no banheiro.

— Calma, gata! — Aysha reclama — não precisa passar por cima de mim.

Olho a bagunça de cremes que ela deixou em cima da pia, hoje eu não tinha tempo para limpar, então co tranco a porta e começo a me maquiar, não restava mais tempo para tomar banho.

— Estou atrasada, para variar. — Resmungo.

Limpo os olhos, passo um batom qualquer nos lábios e um lápis debaixo da marca d'água, hoje seria um dia importante, eu merecia estar pelo menos arrumada.
Saí do banheiro bagunçando os cabelos para ver se conseguia disfarçar o quão sujo estava, bagunço a franja e olho para Aysha.

— Como estou? — Dou uma voltinha.

— Parecendo uma louca.

— Ótimo.

Procuro meus papéis e as chaves.

— Hoje vão dizer quem vai ser promovido? — Aysha pergunta enquanto revira os restos na geladeira. — Por isso sua agitação?

— Isso. Eu preciso mesmo que a Miranda diga que a vaga é minha, você sabe o quão isso é importante para mim.

Finalmente acho as chaves. Termino de guardar os papéis em uma pasta e coloco na minha bolsa.

— Beleza, trabalhar para uma sádica maluca deve mesmo ser o sonho de qualquer um.

Bato as mãos na bancada.

— É só questão de tempo até eu dar o pé de lá com um currículo cheio.

Ela arqueia uma sobrancelha.

— Você diz isso desde que saímos da faculdade.

Pego minha bolsa e coloco no ombro.

— Mas dessa vez é sério, esse ano vai ser incrível, eu juro. — Abro a porta.  — Torça por mim.

— Sempre! — A ouço gritar enquanto saio correndo pelos corredores.

Saio do apê que dividia com minha amiga, aceno para o primeiro táxi que vejo e dou partida até a revista que trabalhava há três anos. New moon era uma das revistas mais cobiçadas de Nova York, tive a oportunidade de fazer estágio lá depois da faculdade e não sai mais desde então. Muitas pessoas dariam suas vidas para ter essa oportunidade, mas ninguém realmente sabe como é exaustivo trabalhar lá.

Olhei meu reflexo no espelho do pó compacto, o rímel dos meus cílios escorreu para debaixo dos olhos, tentei limpá-los, mas só piorou a situação.
O táxi me deixou no meio da time square em horário de pico, era difícil acompanhar as multidões que atravessavam a ruas, porém eu já estava acostumada com ritmo agitado da cidade.
Corri até um café próximo da revista onde costumava tomar meu latte todos os dias, Jenny sorriu assim que me viu.

— Bom dia, Cassie. Vai querer o mesmo de sempre?

— Por favor. — Procuro o dinheiro na bolsa, mas acabo derrubando meus papéis no chão — droga!

Pego cada um com pressa, sem ver se sujaram ou amassaram.

— Aqui está. — Ela me entrega o copo  fechado de latte com chantilly e um saco de papel com o que parecia ser rosquinhas dentro. — As rosquinhas são por conta da casa, afinal hoje será um dia especial.

Uma Noite De PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora