Capítulo 10: o ex namorado da Cassie

204 24 9
                                    

Assim que virei a esquina vi o carro que Kate usava estacionado na garagem de casa, tão torto quanto meus dentes antes do aparelho.
Respiro fundo.
Teria que ouvir a palestrinha do meu pai de que somos irmãs e devemos nos manter unidas, mas se eles prestassem bem atenção saberiam que Kate é tão irritante quanto um dente siso. Não estou dizendo que ela é a pior pessoa do mundo, ela tinha sim, seus pontos positivos, mas parecia que algo em mim a incomodava ao ponto dela fazer da minha vida um inferno enquanto finge ser a pessoa mais dócil do mundo inteiro.
Com sorte ninguém me veria entrando em casa. Entro batendo a porta da frente sem querer, aperto os olhos por conta do barulho e me mantenho estática.

— Cassie! — Ouço a voz estridente de Kate cada vez mais próximo até ela aparecer no corredor na minha direção. — Meu deus, fiquei preocupada. Por onde esteve?

Meus pais aparecem logo atrás dela. Acontece que o caminho de volta foi mais demorado do que pensei, então cheguei em casa pela parte da tarde, morrendo de fome e os cabelos bagunçados por conta do vento.

— Vim andando. — Respondo por fim.

Ela segura minhas mãos e me puxa para um abraço, eu não retribuo.

— Sinto muito por hoje mais cedo, sei que fui grosseira.

Balanço a cabeça.

— Está tudo bem.

Kate permaneceu me abraçando, com seu queixo apoiado no meu ombro. Então seu corpo começa a tremer, levo algum tempo para perceber que ela estava chorando, apesar de seus olhos não exibirem lágrima alguma, esse teatrinho conseguiu convencer meus pais que fizeram uma expressão de compaixão como de eu fosse cruel por não estar retribuindo de maneira amistosa.
Dou dois tampinhas na costa dela, sem saber o que fazer.

— Cassie, por favor... — pediu minha mãe.

— Eu fui rude, fui horrível! Me perdoe. — Pediu ela aos prantos.

Niel aparece no fim do corredor, com as mãos nos bolsos da calça social preta. Me olhando profundamente.

— Tudo bem, não estou mais brava. Pare de chorar, Kate. — Peço tentando esconder minha impaciência.

Ela se afasta e me segura pelos ombros.

— Você está falando sério? — Ela enxuga as gotículas de lágrimas dos olhos azuis.

— Sim.

— Certo. — Seu sorriso voltou. — Você também não foi fácil hoje. Mas já que nos perdoamos tenho uma ideia fabulosa!

Forço um sorriso.

— E lá vamos nós...

— Vamos aproveitar o resto da tarde na piscina com um churrasco, o que acham? — Kate volta-se para a família.

— Acho melhor não, tenho que...

— Vou acender a churrasqueira, querido, compre as linguiças e hambúrgueres! — Minha mãe fala.

Bato a palma da mão na testa quando todos começam a se movimentar para realizar o plano de Kate.
Sentei no sofá, ao lado de vovô, Niel estava na mesa da cozinha mexendo em seu notebook tão desinteressado quanto eu. Podia ver suas costas se olhasse para a porta, mas não queria que meu avô percebesse meu olhar para ele.

— O que aconteceu na loja de vestidos? — Vovô pergunta me tirando do devaneio.

Suspiro.

— Kate sempre arruma uma maneira de me deixar constrangida, você sabe.

Ele assentiu, sorrindo.

— Ela disse que você ficou brava depois que viu o vestido da sua avó, mas vindo dela sei que não foi apenas isso.

Uma Noite De PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora