Capítulo 4 - Uma luz no fim do túnel

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Quarto dos pais de Joyce

Ronaldo puxa o lençol que cobria parte da cama e senta, sua esposa estava ao lado passado hidratante nas pernas. Ele inicia a conversa comentando que havia se encontrado com seu grande amigo Jorge, padrinho de Joyce e Clara, conversaram sobre um pouco de tudo, inclusive, sobre a viagem que Joyce tinha ganhado. Jorge a parabenizou e expos ser uma grande oportunidade de conhecer outros "mundo", um novo horizonte.

— Depois desta conversa fiquei pensativo... — Raquel continua passando hidratante na pele sem dar tanta importância ao que o marido falava —  Será que não estamos errados em impedir que viaje? 

— Tá brincando comigo? — finalmente presta atenção nele  — Quer que eu deixe Joyce viajar para fora do país? Essa garota é irresponsável. Não tem noção nenhuma de vida. 

— Isso não é verdade — rebate — Joyce tem os defeitos dela. É irresponsável as vezes, mas sabe ter compromisso. — Raquel levanta incomodada com o rumo da conversa — Ela cuida da irmã todos os dias. Nunca se meteu em um problema sério. Essa é a nossa chance de confiarmos nela e na educação que demos. 

— Ronaldo você esta se ouvindo? É PARA FORA DO PAÍS! Não é na cidade vizinha e nem na esquina. — se exalta — Ela não tem maturidade para se virar sozinha... ainda mais sem saber falar a língua. 

— Por isso tem a Cristina... irmã do Jorge. Ela mora lá a cinco anos. Jorge disse que ela é tranquila, pode cuidar dela. 

— Não acredito que está me propondo deixar a Joyce ir. 

— Joyce não é uma menina, Raquel. Ela cresceu. Além disso, não estará sozinha lá. Tem Cristina. Devemos confiar na nossa filha, ela não é trouxa.

— Olha, que não tenho tanta certeza disso  — senta na poltrona desanimada — Tenho medo que algo aconteça com ela. São tantas pessoas malvadas no mundo... Trafico de orgãos.. Trafico humano..

— Ei! Ei! — se aproxima da mulher pegando em suas mãos — Não pensa nessas coisas. Tudo vai ficar bem. Sem contar que ela pode ir com um acompanhante.. Se nã for podemos mandar alguém com mais juízo que Joyce. 

— OK!

— Entendo toda sua preocupação em querer ela próximo da gente, mas ela está crescendo. Não podemos prendê-la e nem mantê-la nos nossos pés constantemente. Temos que confiar na criação que demos para ela. Deixá-la crescer, viver. Como Joyce vai amadurecer, aprender a se virar, se o tempo todo estamos ao seu lado? — Raquel nada diz.

No fundo sabia que o marido estava certo. Uma hora ou outra tinha que deixar a filha trilhar seus próprios caminhos. Mas, poxa, tinha que ser logo para fora do país? — Ronaldo a abraça.

******

O dia amanhece ensolarado. A vida já acontecia lá fora. Dentro do quarto Joyce permanecia deitada olhando para o teto desanimada. Ontem havia sido o dia de levar os documentos, acertar tudo para a viagem, porém não rolou. Ela embola na cama agarrada com o travesseiro parando na posição fetal. Estava tão sem animo que não tinha motivos para levantar. O telefone vibra acima da sua cabeça, ela caça ele com a mão sem tirar o rosto da almofada. Encontrando-o olha o visor com os olhos apertados. 

"Olá Joyce! Bom dia! Hoje é o ultimo dia para a entrega dos documentos! se não aparecer, infelizmente, irá perder a viagem e o show. Estamos lhe aguardando até as 15:00"

— Ah! Que inferno! — choraminga 

Raquel aparece na porta chamando-a para sala. Ela deia o desanimo de lado e vai até a sala, onde encontra os pais sentados no sofá. "Que merda o que aconteceu agora?" — pensa 

— pode sentar? — pergunta seu pai. Ela senta. — Eu e sua mãe conversamos ontem a noite e decidimos permitir sua viagem para Las Vegas! 

— O que? — fala incrédula 

— Pode viajar EUA. Não é isso que quer? — indaga Raquel

— É, mas... como assim? Por que mudaram de ideia? 

— Seu padrinho tem uma irmã que mora lá. Ela se disponibilizou a observar você. 

— Tipo uma babá? 

— Não. Uma tutora, seu nome é Cristina — Fala seu pai — Já falamos com ela que aceitou te olhar enquanto estiver lá.

— AH! — leva as mãos a boca desacreditada — EU VOU PARA LAS VEGAS!! — grita animada. 

Em seguida corre em direção aos pais abraçando-os e agradecendo. Rapidamente vem em mente que precisa levar os documentos para Rádio. Seus pais a apoiam. Joyce volta para o quarto se arrumando as pressas. Agora que estava tudo resolvido não podia perde a chance. Após colocar o calçado seu telefone toca, era Vanessa. 

— Vanessa! — fala animada — Não vai acreditar. Meus pais deixaram eu viajar! 

— Sério? — fala um pouco desapontada, pois também queria ir. 

— Sim! estou tão feliz. Vamos na rádio levar os documentos. 

— Fico feliz por você — diz desanimada

— Queria muito que fosse comigo — desabafa Joyce triste.

— Eu também. Mas duvido muito que meus pais deixem. — elas ficam em silencio

— E se meus pais falarem com os seus? A irmã do meu padrinho vai me olhar. Talvez seus pais deixem. — diz esperançosa

— Seus pais fariam isso? — pergunta se animando com a possibilidade que acabara de surgir.

— Claro! — desligam o telefone

Joyce corre para a sala e conversa com os pais a respeito de Vanessa. Depois de alguns minutos, estão todos em frente a casa da jovem, quem os atende é Janete. Eles entram e sentam-se no sofá. Não só Janete mais também o esposo João, estranham a presença deles, mas sentam-se todos. Ronaldo começa falando da viagem, da oportunidade que as meninas conseguiram de mostrar que tem responsabilidade e de serem independentes.  Mesmo sem dizer nada, João escutava achando tudo uma grande baboseira. Não tinha que confiar em Vanessa, ela é de menor e ponto final. Ronaldo continua, e agora cita Cristina para fechar seu argumento e tentar convencê-los. Ao final da conversa, Janice faz algumas perguntas e depois pede licença para conversar com o marido em particular.

João era um homem difícil, das antigas, que defendia a criação dos filhos à moda tradicional, com certas restrições e muita disciplina. Isso explica o fato dele ter achado uma idiotice tudo o que Ronaldo havia falado. Entretanto, Janete sabia muito bem como "torcer" o marido à sua vontade, afinal lidar com ele durante anos.

Na sala Vanessa e Joyce aguardavam ansiosas, queriam muito que tudo desse certo. Janete e João finalmente retornam. Observando a expressão seria deles Vanessa já imaginava que a resposta seria NÃO, mas depois de sua mãe abrir um largo sorriso ouviu a palavra que mais queria SIM. A jovem correu super feliz em direção a mãe lhe dando um abranço, fez o mesmo com o pai.  Os olhos de Vanessa e Joyce brilhavam de tanta felicidade mal podiam esperar para entrar no avião rumo ao destino esperado. 

 

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