Perda

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Quando seus dedos se tocavam, a corrente elétrica de extendia pelos dois corpos apaixonados.
O sorriso bobo se fazia presente em ambos, que trocavam um sorriso cúmplice, eles sabiam que eram almas gêmeas, eram perfeitos juntos, nada iria provar o contrário.

Quando saiam de mãos dadas, trocando carícias sutis, os polegares se juntavam em um carinho apaixonado, fazendo várias pessoas se questionarem se realmente sabem o que é o amor e o que é ser feliz.

Minho sabia mostrar que amava Jisung e o Han sabia mostrar que era amado e esse amor era puramente recíproco.

Os beijos gentis deixados em seu rosto eram a maior prova de amor, seus lábios tocavam a bochecha farta do Han, mostrando que aquela era a parte favorita de seu amado.
Assim como Jisung beijava a pontinha do nariz de seu querido Lee, deixando ali sua vez de provar qual seria a parte favorita no corpo de seu amado.

Quando os dois trocavam risadas por alguma piada boba, era tudo tão fofo e romântico.

Hyunjin e Chan muitas vezes sentiam uma pontada sútil de inveja do casal, pois Christopher amava dar carinho e o Hwang odiava recebê-los.
Hyunjin tinha seu próprio modo de mostrar seu amor, que era se importando com as datas mais distintas, mas que eram de legítima importância ao Bang.

Porém ainda assim, Minho e Jisung iam além, não bastava datas, sabiam até o dia que as gatas de Minho faziam aniversário e o irmão de Jisung fazia aniversário de formatura.

Eram um casal tão perfeito.

Era tudo tão perfeito.

Mas nada é eterno.

Há quem diga que o amor é eterno, que tudo é eterno, que a beleza é eterna, independente do que pensamos.

Há quem diga que a verdadeira arte precisa ser algo eterno, como uma escultura ou uma pintura, enquanto outros rebatem com um argumento válido e doloroso.

Minho sempre possuía depressão, Jisung fazia o seu melhor para proteger e amar o seu querido, para mostrar que o amava, mas as vezes, doia mais do que poderia aguentar, as vezes, ir mais cedo poderia fazer melhor.

Para Minho, a arte era passageira, o amor era eterno, pois aquele amor, passou e ficou no coração para toda a vida.

A imagem, a lembrança, o sentimento, tudo aquilo se eternizou naquele momento em suas memórias, era isso que importava.

Jisung por sua vez preferia o eternizar, amava tudo o que era eterno e para si, Minho seria eterno.

Mas isso era impossível apartir do exato momento em que eram humanos.

A dor da perda é algo incomparável, ainda mais quando seu amor é recíproco, quando você sabe que aquela pessoa te amava, mas não o suficiente para se prender ao mundo por você.

Aquilo doeu como se milhares de agulhas perfurassem sua pele.

Quando chegou em casa e viu o corpo ensanguentado sobre a cama, Jisung gritou com todo o fôlego de seus pobres pulmões asmáticos.

Quando percebeu o cheiro de morte, quis ir junto com seu querido, mas não conseguiu, pois lhe impediram.

Felix e Seungmin eram o casal do apartamento ao lado, que quando ouviram seus gritos, correram para ajudar e se depararam com a porta escancarada, o corpo falecido sobre a cama e Jisung com a mesma faca que Minho usou para retirar sua própria vida, tentando ter o mesmo destino que seu amado se deu.

O Han jamais se perdoaria.

Se fosse mais cedo, se chegasse mais cedo, se não saísse, se não nascesse...

Tudo que se passava em sua cabeça se voltava a sua culpa, não havia outra razão ao seu amado tentar se matar e conseguir o fazer, deveria ter uma razão para Minho cometer suicídio.

A dor que sentiu foi forte, o suficiente para retirar sua vontade de tentar se manter nesse mesmo planeta.

Porém não deixariam, ninguém deixava, eram Intrometidos, eram pessoas ruins, que tentavam o impedir de rever seu amado no inferno quente e gentil.

– Como trazer um morto de volta a vida... –   Jisung murmurou, não aprecia nada em seu celular, apenas baboseiras e mentiras.

Sua vontade era de chorar ainda mais, porém se prometeu que iria cahar uma forma, prometeu ao Lee, se prometeu...

Em sites e mais sites, apenas falcidades, mas quando em um ato de coragem, encontrou a biblioteca da cidade, após tantos dias sem sair de casa, Jisung finalmente estava na rua, parecia muito um assaltante por estar todo de preto, contando a toca e a máscara, mas na realidade, quem o reconhecia, apenas sentia a dor de sua perda em sua alma.

A biblioteca brilhava e o Han apagava, conforme entrava no local, seus passos ignoraram todo e qualquer livro, apenas indo direto ao fundo da biblioteca, aonde havia a arte mística.
Livros satânicos não ensinavam nada do que queria, bruxaria obviamente não, cristianismo claro que não ensinava nada de útil.
Não importava que livro, nenhum lhe servia.

"Other Side of the Mirror..." – sussurrou a voz em seu ouvido.

Talvez fosse loucura, mas talvez fosse algo querendo o ajudar.

Jisung caminhou loucamente em busca de tal livro, finalmente achando tal obra.

O livro estava na seção de fantasia, terror e sobrenatural, mas não tinha nenhum sinal de conteúdo religioso.

O Han abriu, a primeira página foi o suficiente para levá-lo consigo, pagando 90 reais para comprar aquele livro de volume único e que assustadoramente, era o único nessa biblioteca.

– Quando abrir as páginas dos sonhos, lembre-se que o pesadelo acorda em sua alma. Quando o medo lhe assombrar, não corra, ou morrerá. Você buscou pelo que procurou e o encontrou, então aceite seu destino. – Jisung leu a sinopse, parecia realmente um livro bobo e besta – Mate a pessoa mais próxima de você, mas não se esqueça... Você quem está correndo riscos.

O Han franziu as sobrancelhas, o livro mostrava um suposto passo a passo para trazer um morto através de um ritual, porém precisaria matar alguém próximo logo de primeira.

Não seria louco, seria?

Seu telefone tocou, o nome piscou na tela, fazendo seus olhos se arregalarem.

Seu desespero foi atender o mais depressa possível, ouvindo a voz que respirava do outro lado, enquanto este chorava no seu ouvido.

– M-minho... – Jisung murmurou, ouvindo os soluços de seu amado – Meu amor... Eu...

"Jisung... Você me ama?" – aquela pergunta doeu sua alma, a voz soava em sua cabeça – "Se me ama... Então me ajuda... Dói tanto..."

O Han gritou, o telefone pareceu estourar em seu ouvido, a voz soava em sua cabeça, enquanto sua vontade era desmaiar e mutar a própria cabeça.
A porta soava alto, alguém batia na porta e parecia se preocupar.

– JISUNG? ABRA! EU VIM AJUDAR! – a voz grave soou, Jisung reconheceria de longe.

Suas mãos tremeram, ele era próximo... Bem... Mas bem próximo.

Other side of the Mirror ( MinSung )Onde histórias criam vida. Descubra agora