Morto, mas não enterrado

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Jisung choramingou, se encolhendo sobre o chão. Estava com frio, estava cansado, mas havia acabado de acordar.

Seus olhos piscavam lentamente, se acostumando com a escuridão presente.
Se alongou de forma preguiçosa, se levantando tonto e fraco, antes de caminhar para o banheiro.
Não havia o corpo de Minho ali, o que lhe fazer ter certo alívio, porém o medo ainda estava ali, pois Minho também deveria estar.

Caminhando para o banheiro, o Han se aproximou do espelho, seus olhos se expremeram ao notar a iluminação do outro lado, estava claro lá.

Foi quando uma pessoa que não conseguia apareceu. Ele vestia roupa preta e segurava em mãos uma lanterna, parecia expecionar cada canto, inclusive as digitais sobre o vidro.

Jisung o encarou, olhando em volta, a sombra do policial não estava ali.

– Estranho, é como se ele estivesse simplesmente desaparecido. – a voz soou, o Han saltou no lugar, vendo uma versão sombria do homem ao seu lado.

O policial estava com a pele podre, lábios pálidos e parecia investigar o espelho, como se investigasse a versão viva do outro lado.

– Como ele desapareceria dessa forma? Simplesmente sumindo! – a voz familiar soou, Jisung olhou para a porta do outro lado do espelho de maneira assustada, vendo Hyunjin ali.

Óbvio que se lembraria, mas não sabia exatamente como.

Seus olhos se arregalaram, sentindo o respirar em seu pescoço no exato momento que o policial se virou para a porta.

O reflexo obscuro parecia lhe encarar, ele lhe via, ele sabia da sua presença, mesmo que a cor opaca evidenciasse que ele não o via, contraditório, mas fazia sentido para si.

– Ele sumiu? Quem lhe disse isso é um otário... Ele escapou. – o policial sussurrou, o Han sentia o hálito apodrecido em seu rosto, a vontade era unicamente de vomitar.

Porém quando sentiu algo tocando sua nuca, seus olhos se arregalaram mais, gritando apavorado com o toque frio.

Seu corpo parecia sumir, se vendo sentado sobre o sofá em sequência.

Um grito desesperado novamente cortou sua garganta, sentindo as mãos de Seungmin agarrando suas pernas. O toque gélido e úmido o fez tremer, tentando se desvencilhar, mas não conseguia.

– Por que o medo? – sussurrou Minho, a voz soava em seu ouvido, tirando um grito de sua garganta – Você não me deixou quando estive com medo... Assassino...

Seus olhos se encheram, lágrimas escorriam por sua face, pingando sobre as mãos do claramente falecido a sua frente, que negava a sua existência aos mortos.

– Quando você buscou... Eu te dei a resposta... Não queria me ver? Eu te ensinei... Era só... Atravessar o espelho. – Minho murmurou, se aproximando do Han, que tentava a todo custo se afastar – Other side of the Mirror... Eu não havia contado antes?

– Me perdoe... – Jisung sussurrou, sentindo as mãos tão frias tocando sua garganta, engasgando com as próprias palavras, sendo que ainda nem possuiu seu pescoço apertado ainda. – Me... Perdoe...

Seu pescoço doeu, as mãos expremeram aonde tocaram, sua garganta parecia a segundos de ter seus ossos quebrados.
Seus olhos se reviraram, salivando conforme agonizava pela falta de ar.

O lugar já era escasso de oxigênio, agora já parecia inexistente de tal importante ar.
Suas lágrimas escorriam como cascatas, sua boca sangrava, conforme revirava os olhos, quase os prendendo ao teto.

– Foi assim... Quando eu implorei... Você apertou mais... E mais... – Minho sussurrou, esmagando mais e mais, até o Han sentir seu pulmão queimar, precisava respirar.

As batidas de seu coração se tornaram auditiveis para si, enquanto sua pulsação sanguínea lentamente desaparecia.

– E quando me soltou... – o Han tentou sugar o ar, mas o que recebeu foi um único golpe em seu estômago, arregalando as orbes desacreditado – Você disse que eu estava lindo... E que eu não podia dormir com mais ninguém...

A facada se repetiu, inúmeras vezes, enquanto o Han gritava desesperado, aquilo doía, doía como um inferno.

– Tão otário... Achando que eu te amava – o Lee falecido se sentou sobre seu corpo, que agonizava até a respiração lentamente diminuir – Lembra disso? Quando eu lhe pedi socorro... Você apenas riu e me beijou... Dizendo que eu era seu agora...

O Han chorou, suas lágrimas desciam ainda mais fortes, conforme o corpo do Lee se aproximava mais, seus lábios se tocando e o fedor corrompendo seu olfato, os vermes comendo sua boca de dentro para fora, até engasgar naqueles seres rastejantes tão nojentos.

– Mas você... É você que me pertence agora... – o Lee sorriu, antes de tudo se apagar completamente.

Other side of the Mirror ( MinSung )Onde histórias criam vida. Descubra agora