Finalmente

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Jisung se observava no espelho, finalmente havia tirado aquela porcaria de tinta laranja.
Agora seus fios estavam castanhos médios, não era sua cor favorita, mas admitia que era melhor do que a anterior.

O Han olhou para a própria face, finalmente sua pele voltou ao tom pálido que tanto adorava ter, se sentia mais em casa.

Quando olhou para seu armário, sorriu, escolhendo uma blusa preta e uma calça de moletom da mesma cor, agradecendo aos deuses por ter tinta de tecido naquela casa grande, pois havia cor demais naquelas roupas, era tudo colorido demais, odiava coreto, por isso pintou todas suas roupas, agora sim, finalmente era o tipo que gostava.

Minho o deixou ter seu quarto só para ele e o próprio Lee dormia em outro quarto, finalmente Jisung estava tendo sua própria privacidade.

Jisung preparou um miojo qualquer, porém apenas conseguiu comer metade, percebeu que estava emagrecendo mais, mas tudo bem, finalmente estava perdendo peso.

Porém quando a porta se abriu, sua feição de fechou.

O Han sabia, estava tudo estranho demais.
Quando viu Minho quando acordou, sabia que nunca era feliz com ele, pois o corpo se tensionou assim que o viu, um sentimento de dor e pesar se instalou.

Minho entrou na casa aos risos, abraçando um rapaz alto, com os lábios grossos e corpo bonito, o Han o reconhecia, era Hyunjin.
Porém admitia que não entendia a razão no qual o Hwang não namorava Cristopher.

O Lee ignorou sua presença, agarrando o corpo do Hwang e o pressionando contra a porta fechada.
Os dois se beijaram pornograficamente, seus lábios se encontravam, suas línguas estavam brigando por espaço, enquanto as roupas eram tiradas as pressas.

Era essa uma das razões de Minho aceitar tão fácil mudar de quarto, agora podia transar no próprio quarto.

Jisung descobriu que naquele corpo, ele vivia um casamento abusivo, aonde Minho o ignorava o dia inteiro, trazia seu amante, transavam o dia inteiro no quarto ao lado e Jisung chorava a noite inteira.

O Han preferia não existir, se fosse para sofrer o tempo inteiro, preferia morrer.

Mais uma vez, gemidos cobriam o cômodo, enquanto Minho levava seu amando já nú para o quarto e deixava a porta aberta, já se enfiando no homem.
Jisung se encolheu, tampando os ouvidos.

Seus pulsos doíam, seus olhos ardiam, enquanto tentava não ouvir os gemidos de seu amado com outro homem.

O Han correu para seu próprio quarto, se trancando no cômodo, apagando as luzes e se encolhendo contra a parede.
Não havia janela ali, pois Minho o impedia de sair.

Jisung havia encontrado um diário, lendo o ocorrido de sua própria vida.
Foi por acaso, mas encontrou.
Desde quando achou, passou a ler e entender.

Nada foi por acaso.

Aquilo não foi um acidente.

"Querido diário.

Hoje é meu aniversário de 23 anos... Se fazem dois anos e meio que tenho aguentado Minho me traindo...

Ele diz que trabalha em Busan, mas quando fugi, o vi por perto... Ele estava em um restaurante e eu me arrependi.

Fazem dois anos e meio que para sair, preciso fugir, escondido e manter tudo como ele deixou antes de sair.

Eu não aguento mais...

Hoje irei fazer o que tanto preciso.

Conforme o tempo passava, tudo o que eu podia pedir eram livros, comida e sucos, Minho não gosta que eu beba refrigerante, pois dá estrias...

Nos livros aonde eu me aprofundei, eu percebi que há uma forma de mudar... Eu posso entrar no corpo de outra pessoa e outra pessoa entra no meu corpo.

Pelo que o livro diz, eu consigo chamar a minha alma de outro universo para cá e assim, eu consigo ir para lá... Qualquer coisa é melhor do que isso.

Eu digo adeus...

Se não funcionar, pelo menos estarei morto.

Para meu eu talvez não eu...

-Jisung"

Jisung havia lido o diário de apenas quinze folhas, pelas datas, o Jisung dali não gostava tanto de escrever e fazia de tudo para esconder o diário.

Assim, Jisung concluiu que sua teoria estava certa.

Porém também não queria viver isso, seus olhos se enchiam todas as noites, seus pulsos já não aguentavam mais cortes.
Quando finalmente Hyunjin foi embora, Minho bateu em sua porta.

Apenas dois toques.
Leves e baixos.

– Amanhã você vai transar com Christopher de novo, eu preciso desse contrato. – o Lee apenas falou, saindo dali sem se importar.

Jisung arregalou os olhos, então era por isso...

Por isso aquele Jisung desistiu, além de tudo, seu amado o prostituía em troco de contrato e negócios.

Seus pulsos manchavam o chão, seu pescoço sangrava e pingava em suas vestes.
O breu apenas incentivava a se automutilar mais, enquanto desejava apenas um dia feliz.

Desistindo, o novo Jisung também estava desistindo.

Seu corpo se deitou contra a cama macia, seus batimentos lentamente diminuíam.

O Han sorriu, sentindo-se leve, mas dolorido e dormente.

Estava tonto, mas estava tudo bem, aquilo tudo acabou.

Pena... Ele queria ver como Minho iria reagir ao ver o sangue manchando todo o quarto e seu corpo frio sobre a cama no dia seguinte.

Uma pena...

Queria ver a feição dele...

Queria ser amado por ele...

Queria ser o único dele...

Mas estava tudo bem.

Tudo acabou, finalmente, acabou.

Jisung não estava certo, nunca existiu um segundo, um terceiro, um outro Jisung. Sempre foi ele.

Apenas... Ele não se lembra.

Other side of the Mirror ( MinSung )Onde histórias criam vida. Descubra agora