O outro lado do Espelho

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O Han caminhou pelo breu, conforme percebia que na escuridão do espelho, existiam silhuetas, como se tentasse lhe mostrar algo.
Tateando o completo nada, Jisung percebeu finalmente uma parede, podendo se guiar pela mesma, até que seus dedos se esbarraram com o disjuntor.

A iluminação era uma merda, a luz era tão fraca que nem faria falta, mais apavorava do que iluminava, além de manter um padrão, piscando insuportavelmente, causando dor em sua vista.

Os olhos do Han se expremeram, notando que ali era seu banheiro.

– Mas que porra? – Jisung sussurrou, caminhando lentamente, cautelosamente, temendo bater contra algum móvel.

Seus olhos estavam atentos, os móveis pareciam desgastados e mofados, sua pia estava repleta de zinco, parecia que pegaria tétano só de tocar...

Seu corpo se arrepiou, percebendo que haviam aranhas no teto, porém apenas suas sombras, suas teias eram como projeções, não existiam de verdade.

No chão, via sombras de baratas, formigas e chegou a gritar ao ver uma sombra de enorme lacraia no canto de seu vaso sanitário.

Pelos deuses, deveria lavar aquilo urgentemente, mas como? Estava preso no maldito espelho!

Seus passos seguiram fora do cômodo, notando a escuridão retornar, porém caminhou tocando as paredes, até sentir o interruptor da sala.

Seus olhos se bateram imediatamente contra o sofá, o sangue presente era nítido de longe, na ponta mal grampeada, percebeu a mão que pingava o sangue, engolindo o seco conforme se aproximava.

Seus dedos tremeram, levantando aquela almofada grampeada lentamente.
Seus músculos falharam, o corpo falecido estava podre, vermes comiam seus órgãos, haviam ratos em seu estômago, seus olhos já não existiam mais.

– Seungmin... – Jisung murmurou, dando passos lentos para trás, voltando a atenção para a poltrona no outro lado da sala.

Também havia sangue ali, porém ao invés de uma mão, haviam órgãos espalhados e um corpo caído atrás do móvel.

O Han gritou, desesperado, estava com medo, estava com nojo.
Seus pés não queriam obedecer, seu corpo o obriga a ver o sangue velho pelo chão e os vermes que saiam da boca do falecido.

Felix estava tão bem a minutos atrás, estava apavorado, não fazia sentido.
Estavam todos bem.
Como isso aconteceu?

O Han negou, não aceitava isso.
Correndo, finalmente, para o quarto, Jisung arregalou as orbes, não saindo do batente da porta.

Seus passos não iriam mais a diante, não com o corpo ensanguentado sobre sua cama, completamente esfaqueado, sua face estava intacta, mas seu estômago parecia não ser mais um estômago do tão destruído.

Não haviam insetos, ele parecia limpo, sua pele cheirava a medicações, como numa sala de necrotério, como se tentasse de toda forma manter a feição bela intacta e de fato, por excessão da feição falecida e pele podrida, pela cor roxa e pelo tom pálido, ele estava bonito.

Jisung se aproximou, parecia ser empurrado, pois não queria se aproximar.

Finalmente se ajoelhando ao lado do amado.

Seus dedos tocaram o rosto de Minho, sentindo a pele fria, porém ao invés de se manter intacto, o Lee abriu os olhos.

Jisung berrou, mas a mão do falecido tocou sua boca, o impedindo de falar.

Os vermes que pareciam não existir, invadiram sua boca, enquanto seu corpo convulsionava, não queria ser tocado, não queria o tocar, não queria aceitar.

– Jisung... Eu te odeio. – sussurrou o defunto, sorrindo para si antes de desaparecer, porém sua voz ainda ecoava – Eu vou te fazer se arrepender de tudo, Han... Eu te odeio...

Jisung gritou, vomitando sobre os próprios pés uma poça de bile, sangue e vermes.
A vontade de vomitar mais apenas aumentou, enquanto caía desmaiado lentamente de fraqueza.

Ele merecia...

Other side of the Mirror ( MinSung )Onde histórias criam vida. Descubra agora