Capítulo 4 - Segredos

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O Lobisomem e a Fada
Capítulo 4: Segredos
Contagem de Palavras: 806 Palavras

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Nico então se levantou.

- Certo, preciso que me espere aqui - Pediu ele

- Onde você vai? - Perguntou Mary

- Vou até a minha casa para pegar um mapa - Respondeu o lobisomem - Não sei de cor qual é o caminho para a capital, ainda mais porquê nunca fui até lá

- Você pode fazer isso? - Perguntou a fada - Pensei que precisasse descansar

- Não posso passar o dia inteiro descansando - Disse Nico - Apenas fique aqui, voltarei logo

Ele então vestiu seu sobretudo novamente, pegou o chapéu e saiu.

...

Nico precisava olhar bem por onde andava agora. Ninguém poderia vê-lo voltando da entrada da caverna, ainda mais com aquela roupa que estava usando, que não seria fácil de explicar. Com muito cuidado, e levando um tempo considerável, o jovem lobisomem conseguiu voltar para casa.

Ele entrou, pegou seu atlas e esperava sair de novo em menos de três minutos, mas foi apanhado na saída.

- Moleque, eu te procurei o dia inteiro - Disse uma voz, aparentemente zangada, atrás dele

- O-Oi pai - Gaguejou Nico, se virando

- Onde você foi? - Perguntou o mais velho - Pergunta melhor, onde você vai?

- Bom, pai, olha... eu... não vou mentir - Disse Nico - Estava com uma garota e estou indo me encontrar com ela de novo

- Uma garota? - Perguntou o pai, animadamente surpreso - Uma garota de verdade?

- Sim - Respondeu Nico

- FINALMENTE! - Exclamou o mais velho, talvez mais alto do que pretendia

- Er... - Murmurou Nico, um pouco constrangido - Posso ir?

- Pode, claro! - Respondeu o pai - Que horas você volta?

- Não sei se voltarei ainda hoje - Respondeu Nico, receoso

- Não vai voltar hoje? - Perguntou o mais velho, orgulhoso - Esse é o meu garoto. Olha, se acordar cansado amanhã, também não precisa se preocupar com a escola

- O-Obrigado, acho - Disse Nico, agora realmente constrangido - Já vou indo então

- Vai lá - Disse o pai - Meu filho, meu orgulho!

Nico então saiu de casa, com a respiração pesada e suando frio. Ele não havia mentido, realmente, mas seria muito difícil passar essa história a limpo depois. Enfim, aquela não era hora para se preocupar com isso.

Ainda mais cuidadosamente do que antes, o jovem lobisomem saiu novamente da caverna e voltou para onde Mary estava.

- Consegui, trouxe o mapa - Disse ele, abrindo o livro na grama para formular a melhor rota - Vamos precisar contornar a floresta, passar pelo desfiladeiro e pelo Rio Bravo para chegar na capital. É o caminho mais rápido

- Não é verdade - Disse a fada - Podemos passar pelo meio do reino sem ter que lidar com nenhuma dessas coisas

- Esse caminho passa por dentro das aldeias dos humanos e pelo posto de vigilância dos unicórnios - Apontou Nico

- E daí? - Perguntou Mary

- Os humanos, no mínimo, vão me atacar - Respondeu o lobisomem - Os unicórnios, por outro lado, certamente vão me matar

- Isso é bobagem, você estará comigo - Disse a fada

- Unicórnios costumam perguntar só depois de atacar - Disse Nico - Ainda mais se me virem com você. Me admira que já tenha se esquecido sobre como os lobisomens são vistos por todos

- Desculpa, você tem razão - Disse Mary

- Está tudo bem - Disse o lobisomem - Vamos indo, ainda poderemos percorrer uma boa parte do caminho hoje

Nico então se pôs de pé, mas caiu sentado na grama logo em seguida.

- O que aconteceu? - Perguntou a fada, parecendo preocupada

- N-Nada - Gaguejou Nico - A-Apenas senti uma fraqueza

- Me deixa ver uma coisa - Disse Mary, colocando sua mão sobre a testa do lobisomem, ficando ainda mais preocupada agora - Você está com febre

- Deve ser uma insolação - Murmurou Nico - Acredito que não descansei o suficiente para me recuperar de todo o sol que tomei. Deixe-me descansar por alguns minutos e tudo vai ficar bem

- Você tem certeza? - Perguntou a fada

- Sim - Respondeu o lobisomem - Não se preocupe

Ele então se acomodou encostado em uma árvore próxima, para ficar um pouco mais confortável. Entretanto, por causa disso, Nico acabou adormecendo rapidamente.

Mary ficou sem saber como lidar com aquela situação. Como o lobisomem havia dito que precisava descansar, ela preferiu não o acordar, decidindo se sentar ao seu lado para descansar também, e terminando por adormecer.

...

Nico acordou assustado no fim da tarde. Ele não sabia o quanto havia dormido, mas sabia que não tinha sido pouco, devido ao tom alaranjado que banhava a floresta.

- Mary, Mary - Chamou o lobisomem, a acordando

- Hum...? - Murmurou ela, ao despertar

- Mary, você não podia ter me deixado dormir tanto - Disse Nico, aflito

- Você disse que precisava descansar, então não quis te acordar - Explicou-se Mary

- Você não entende, daqui a pouco os outros lobisomens vão começar a sair da caverna - Disse Nico

- Qual é o problema? - Perguntou a fada - Eles não são bons como você?

- O problema é que, se formos pegos, vou ter que explicar toda a nossa situação para o meu pai, coisa que não quero fazer - Respondeu o lobisomem - Vamos, precisamos nos afastar o máximo possível antes que anoiteça

O Lobisomem e a FadaOnde histórias criam vida. Descubra agora