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─ alguma coisa aconteceu quando eu fiquei fora? ─ perguntou Theo, tirando-me do pequeno transe enquanto estávamos à mesa para o café da manhã

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─ alguma coisa aconteceu quando eu fiquei fora? ─ perguntou Theo, tirando-me do pequeno transe enquanto estávamos à mesa para o café da manhã.

─ não, por quê?

─ é que você não para de sorrir, mãe. ─ prosseguiu rafa, puxando uma cadeira para se acomodar. ─ E você parece tão leve, como se estivesse bem com algo que aconteceu.

─ deve ser porquê eu voltei. ─ rafa deixa escapar um riso após a fala do pai.

─ a terapia ta me fazendo me fazendo muito bem, ─ comentei, afim de evitar uma discussão banal entre pai e filho. ─ eu tô conseguindo pôr o que eu sinto pra fora e acho que tô aprendendo a respirar de novo.

─ nossa, Clara, nunca ouvi você falando assim.

─ é que você prefere viajar com investidor ou amparar advogada ao invés de ouvir o que ela tem pra dizer.

─ olha o jeito que você fala comigo, Rafael. ─ ele abandona a xícara de café sobre a mesa, mostrando uma reação comum por se exaltar.

─ você deveria olhar a sua esposa, mas prefere procurar um defeito qualquer pra sair de casa. ─ Theo olha para mim com indignação, esperando que eu repreenda a fala de nosso filho mas permaneço calada.

─ é inacreditável, eu ia perguntar a sua mãe se ela ainda queria fazer a viagem pra Cannes que ela tinha me pedido. Mas você só sabe julgar.

─ não, obrigada, ─ respondi ─ prefiro ficar em casa e me concentrar na minha malhação.

─ tá vendo? Quando eu quero fazer algo especial, você recusa e depois reclama.

─ que drama. ─ rafa se coloca de pé, próximo a mim, ele se despede ao me beijar na testa.

  Estávamos sozinhos, Theo se concentrou em algo fútil que via pela tela do celular. Ele sorria de canto e eu odiava saber que provavelmente conversava com outra mulher, enquanto ainda estava comigo. Imitei a ação de Rafael, saí da sala de jantar e o deixei por conta própria.

  Vagando atoa pelo apartamento, eu me pego observando a porta e é provável que haja um sorriso em minha face. Me torno absorta a lembrança de quando Helena esteve aqui, das minhas costas contra aquele amadeirado desconfortável e suas mãos passeando pelo meu corpo, do sorriso despretensioso que surgia na rosto dela durante o nosso beijo.

─ o que você tá fazendo aí? ─ tenho um sobressalto, a pontaria em meu peito representa a queda de ser levada tão alto pelos pensamentos. ─ ta andando bem distraída.

─ impressão sua, só estava pensando em sair.

─ vai pra onde?

─ academia. ─ respondi sem a intenção de provocá-lo mas assim ele ficou.

  A expressão em seu rosto, o lábio franzido e as sobrancelhas em uma linha reta já chegaram a me assustar. Agora é apenas um aviso para uma cena degradante.

─ Clara você sempre vai de noite, mudou por quê? ─ diz com rispidez enquanto a sua pose de calmo.

─ não era você que dizia que eu precisava emagrecer? ─ retruquei, cruzando os braços para ouvir a próxima desculpa que ele poderia dar. ─ tô me dedicando, mas não por você, por mim.

─ nossa Clara, não precisa falar nessa grosseria. Eu fiquei preocupado com o seu bem estar, só isso. ─ ele levou a mão até o meu rosto, mas a retirei gentilmente.

 Não satisfeito, Theo me enlaça pela cintura e eu retribuo o abraço. No momento em que sinto o seu beijo entre os fios do meu cabelo, me vem um aperto.

  As vezes, me dói saber que nosso relacionamento está esfriando. Se a antiga Clara visse a situação do seu casamento agora, ela se decepcionaria comigo. Confesso que na medida em que nossas colunas foram desmoronando, eu me entristeci por não saber como impedir. Mas o que foi construído por duas pessoas não deve ser concertado só por uma, o trabalho se manteria de pé por algum tempo até se tornar apenas uma ruína. E com esse saber eu ainda continuo aqui, feito uma tola, porquê há sinais de que ele tenha outra pessoa.

 E com esse saber eu ainda continuo aqui, feito uma tola, porquê há sinais de que ele tenha outra pessoa

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  Ao entrar na academia, a visão de dentro se estende. O lugar não estava movimentado e a música era diferente das que costumam invadir esse espaço, percorro entre os equipentos e aparelhos à procura de Helena e me surpreendo quando sinto um toque por de trás, o que faz com que eu me vire. Seu sorriso irradiava a luz do sol e ela estava diante de mim.

─ É... que música é essa? Acho que já escutei.

─ é uma da taylor swift, eu adoro. ─ sua voz tem empolgação e isso me faz abrir um sorriso. ─ vamos começar? Seu treino hoje é perna.

  Sigo Helena até a esteira, onde eu mesma aciono a velocidade qual ela habitualmente põe. Eu a vejo se apoiando na parede ao meu lado, concentrada em algo que não consigo identificar e continuava sorrindo enquanto cantarolava, sua aura parecia estar em paz ao contrário da minha que, incendiava.

  Mas desta vez, a quentura se dava por Helena. O flashback da noite anterior se reproduzia em meu pensamento como um filme, chegava a ser mais do isso. Certo dia, confessei a ela que contava os segundos para treinar e que era a melhor parte do meu dia, uma verdade insuportável de se guardar. A suavidade em estar na presença dela é uma coisa da qual eu deveria ter medo, porém a intuição avisa que aproveitar seria uma escolha melhor do que intermediar.

─ já terminou? ─ assenti, ela questionou por me ver descendo da esteira. ─ ótimo, lembra dos exercícios?

─ lembro sim, posso me apoiar aqui? ─ me refiro ao espaço em sua frente.

─ claro que pode.

  Helena se distância para que eu me apoiasse, começo a levantar a perna direita e descer com frequência, deixando de lado os intervalos. No começo, tudo em mim doía, os ossos estalavam e a cãibra aparecia, agora eu os prático durante o banho porquê graças a minha personal, venho começando a gostar de exercícios.

─ muito bem Clara, se continuar desse jeito você vai ficar melhor do que eu.

─ obrigada, Helena. ─ tímida, deixo um riso escapar e abaixo a cabeça.

  Ela se retira, eu estava prestes a inventar alguma coisa qualquer para dizer e fazê-la ter um diálogo bobo comigo. Minha expressão se decai quando avisto Helena na porta, recebendo uma mulher mais nova e de comportamento animado, aparentava ter intimidade pela forma que estavam se abraçando e eu só queria criar uma situação para sair dali.

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autora: muito feliz em saber que vocês estão gostando, espero proporcionar o que infelizmente a gente deseja que se passe em tevê aberta.

obrigada pela leitura, pelas estrelinhas e os comentários, isso incentiva bastante. <3

WILDEST DREAMS - CLARENAOnde histórias criam vida. Descubra agora