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Estive naquele hospital contra a minha própria vontade, para ainda seguir o que uma esposa deveria fazer: ficar ao lado de seu marido, enquanto esse tem de ficar repousando na cama de hospital à espera de permissão para voltar para casa

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Estive naquele hospital contra a minha própria vontade, para ainda seguir o que uma esposa deveria fazer: ficar ao lado de seu marido, enquanto esse tem de ficar repousando na cama de hospital à espera de permissão para voltar para casa. Acontece que, ouvi Theo se referir a Lumiar como "amor", e a fala parecia ecoar pelo ar o tempo todo. Uma confirmação que não achei que seria me dada assim por um descuido, no entanto, eu odiei me sentir culpada por isso.

Pedi um carro por aplicativo para voltar para casa, deixando Theo no hospital. Me mantive quieta durante o trajeto, fiquei remoendo que por vinte anos, eu tenho entregado tudo de mim para sustentar o nosso casamento. Abandonei os meus sonhos para me adaptar as vontades dele, cuidei sozinha de nosso filho e de um apartamento imenso, convenci a mim mesma de que a extensa duração em seus turnos na empresa eram apenas dedicação, e não o que já estava claro. De certas vezes tentar surpreendê-lo com algo e até mesmo de esperar até duas horas da manhã para que ele não chegasse. Eu odeio mais ainda sentir a culpa de ter sido a única com disposição de abrir mão do que gosta, porquê Theo sequer fez um terço por mim, do que eu fiz por ele.

Com os passos em direção ao banheiro, derrubei pelo chão todas as peças de roupas presente em meu corpo. Me tranquei no box, tentada ao esforço de me permitir cair no choro. Forcei alguma reação dos canais lacrimais e o que percorria o meu rosto era a água do chuveiro, passei a mão pelo meu cabelo e entendi que teria uma força crescendo em mim. Uma sensação esquisita e esperançosa, que ao fechar os olhos em meio a água, a visão de Helena sorrindo para mim se vem feito um flashback.

Preferi seguir o meu coração, aquela batida forte que me acompanha desde quando eu não a entendia. Tudo o que eu sei é que a academia seria o lugar perfeito para escapar da solidão que persegue, Helena me conhece bem e ela sabe combater a minha tristeza em uma conversa.

─ oi, você é a Clara Albuquerque? ─ perguntou um rapaz, eu estava entrando na academia do prédio a procura de Helena ao ser abordada por ele.

─ isso, sou eu. ─ ele me estendeu a mão e se apresentou. ─ desculpa, onde tá a Helena?

─ ela trocou de turno, mas não precisa se preocupar, ela me passou tudo e pelo que eu vi, você evoluiu bastante. ─ não havia reação pronta para o que acabei de ouvir e ele seguiu com a fala me dando novas instruções, que não compreendi, nem queria.

─ é... desculpa, não tô me sentindo bem. É melhor eu ir pra casa. ─ ele tenta me amparar e eu acabo me afastando ao dar passos para trás. Vejo enfim o seu rosto, a expressão preocupada e gentil fazem com que eu me force a abrir um sorriso. ─ tudo bem, não precisa se preocupar comigo.

Sai em direção ao estacionamento interno, optei por subir de escada até o quinto andar e cada degrau que colocava os pés, era uma derrota quanto as lágrimas que me esforcei para reprimir, elas caiam do meu rosto e percorriam pelo pescoço. Eu estava aos prantos, algo assim não acontecia há muito tempo. Eu me agarrei ao corrimão sentindo o fôlego fugir entre o lance de escadas, parando para assimilar que Theo pode estar certo sobre mim. É uma consequência do tempo, eu me tornei o que eu mais temia, uma dona de casa infeliz e fútil.

 É uma consequência do tempo, eu me tornei o que eu mais temia, uma dona de casa infeliz e fútil

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Alcancei a porta, cuja placa acima determina o acesso ao corredor do quinto andar. Reconhendo onde estou, tracei um caminho para o apartamento em que eu moro, levantei parte da camiseta para limpar as lágrimas. Esfreguei o rosto com as mãos na tentativa de me livrar do triste vestígio que fica presente após o choro, talvez Rafael esteja em casa e eu odiaria que ele me visse assim.

─ mãe? ─ ele gritou dos fundos, tranquei a porta de entrada torcendo para que ele não viesse até mim.

─ oi filho, aconteceu alguma coisa? ─ perguntei depois de engolir em seco para deixar a voz firme.

─ não, era só pra saber se era você quem chegou.

Rafael continuou a se comunicar do quarto, confesso que o alívio do momento veio acompanhado de outras lágrimas. Despretensiosas.

─ então ta certo, ─ minha voz sai trêmula dessa vez e fico insegura de que ele venha saber o por quê. ─ se precisar de mim eu tô aqui.

─ obrigada, vou ficar aqui no quarto revelando as fotos. ─ foi a última coisa que ele me disse.

O efeito de me espreguiçar no sofá rapidamente, causou uma dor de cabeça. Daquelas que você sente algo perfurando contra a têmpora, logo, a ilusão de que tudo em sua frente está se revirando e você prefere chorar mais ainda porquê as circunstâncias que te levaram à esse momento, é devido as falhas que você vem cometendo.

Observando o céu escurecer da janela, decidi finalmente tomar algum medicamento para aliviar a imensa dor. Trazendo um copo de água da cozinha, voltei a me sentar no sofá e no mesmo instante, olhei para o lugar em que Helena esteve quando veio aqui da última vez. Não consegui me controlar, ligando uma ponta a outra, percebo que as lágrimas fluiram com a notícia de que ela não seria mais a minha personal. Tudo fez sentido, naquela bagunça presente no meu ser, eu apanhei o telefone e foi o número dela que surgiu na tela. Eu segurei o aparelho na orelha, esperando que ela atendesse a ligação enquanto usava a almofada para secar as minhas lágrimas.

─ oi Clara, você ta bem? ─ ouvir a sua voz me tranquilizou ao mesmo tempo em que meus lábios se estremeciam.

─ hoje de manhã, eu fui na academia e você não tava lá... ─ manifestei que estava ao choro no tom falho da minha voz, foi inevitável. ─ Helena, eu preciso de uma amiga, eu preciso de você.

─ quando a aula aqui acabar eu vou onde você ta, ta bom?

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autora: oi gente, vindo atualizar vocês com mais um capítulo e aproveitando pra agradecer os votos, comentários e a leitura. Realmente incentiva bastante. <3

estive repensando sobre o que eu disse anteriormente, acho que se enredo for o mesmo que o da novela, se tornaria mais atrasado e repetitivo. Portanto, vou tentar proporcionar o que eu vejo que muita gente, assim como eu, gostaria que acontecesse. Espero poder agradar todo mundo, e as críticas construtivas continuam de pé para quem quiser fazê-las.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 08, 2023 ⏰

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WILDEST DREAMS - CLARENAOnde histórias criam vida. Descubra agora