01

1.2K 105 9
                                    

Helena me questionou "o que você sente?"

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Helena me questionou "o que você sente?". Eu olhei confusa no castanho dos seus olhos e soltei sua mão pelo ar, me senti miserável por não saber como responder.

Ela se ausentou do apartamento mas continuou presente em meu consciente. Eu não sei o que grita em mim, é a segunda vez aqui, que deslizo o próprio dedo no lábio inferior e há um sorriso descabido na curvatura. Helena me pede por respostas e há uma voz dentro de mim que implora por essas, porquê eu a quero tanto? É uma vontade que se alastra pelo sangue e é conduzido por cada veia presente.

Precisei me recompor, seguindo o caminho aleatório pelos cômodos, cheguei ao corredor. Eu estou sorrindo para o espelho, feito uma adolescente após seu primeiro beijo. Mas eu estou pensando se deveria ligar ou não, se ela voltaria até mim ou inventaria uma desculpa para se proteger do que posso lhe causar.

Eu sinto ela, o cheiro do que ela justifica ser um hidratante de pele, no ar. Aquilo me domina, então eu traço um caminho inerente à sala e busco pelo meu celular sobre o sofá.

─ Helena? ─ perguntei sentindo o coração pulsar na capacidade de rasgar o meu peito. ─ você ainda tá no condomínio?

─ oi Clara, tô descendo pro segundo andar. ─ suspiro em alívio acompanhado de um sorriso. ─ aconteceu alguma coisa?

─ tem como você voltar? É rapidinho.

─ chego ai em um instante.

Permaneço ilesa em frente a porta de entrada, meus pés batendo no chão e minha respiração se empolga. Ouço as batidas na porta, a destranco imediatamente e a visão de Helena no corredor é a última que vejo.

Nunca beijei ninguém com tanta ardência ou em anseio inoportuno. Ela me empurra contra a madeira da porta e seu corpo inquieto se roça ao meu, seus lábios tomam a minha atenção. É uma necessidade que eu nem sabia que tinha, no momento, a umidade carregada pela maciez dos seus lábios me fazia duvidar se os arrepios não eram uma alucinação. Seu toque acerta onde possuo saliências e eu tento tocar em seu corpo, mas ela prefere coordenar. Acaricio sua nuca enquanto nossos peitos se encostam um no outro e segue pela respiração de Helena se ausentando da minha clavícula. Ela nos separa.

Encostei a minha testa na dela sem me desvencilhar dos seus olhos, o castanho que habitava sua íris era como um ímã. Minha mão não permanece em segurar o seu ombro, se desliza pelo braço dela. Havia uma certeza, a única que se raciocinou nesse momento, é que a vontade de beijá-la se tornava cada vez mais difícil de controlar.

─ me perdoa, mas eu preciso fazer isso. ─ falei antes de exercer o ato.

Trilhando um caminho que os meus lábios devem seguir em seu pescoço, sua mão me segura por cima dos meus ombros, me sinto puxada para ficar cada vez mais perto e eu não hesito. Quando levo a minha boca novamente em direção à sua, consigo compreender o alívio que sinto em beijar outra mulher. Algo que nunca, em toda a minha vida, eu senti. E não saberia como responder, mas se cruzar os portões do céu causa alguma sensação, acredito que seja semelhante a essa.

─ é isso o que você sente? ─ questionou mais uma vez, tento amenizar a bagunça em seu cabelo e respondo sua pergunta ao assentir.

─ não confio em mim mesma quando fico sozinha com você, ─ ressurge um sorriso no rosto dela, com o batom desbotado nos lábios. ─ sou uma péssima esposa.

─ acho que sim. Mas você é muito mais que isso, Clara.

Pego a sua mão para mim enquanto nossos dedos se entrelaçam, meus olhos se concentram nos seus e eu a conduzo até o sofá, onde nos acomodamos juntas.

─ eu tô na terapia já tem um tempo e agora eu entendi que eu sou muito mais do que a esposa do Theo ou a mãe do Rafa, entendi o que é essa busca pela felicidade. Tenho que saber o que me faz feliz.

─ e você já sabe o que te faz feliz?

─ não quero me gabar, mas não faz mal deixar em segredo.

Observo Helena baixando a cabeça, faz sentido que esteja corando assim como sinto as maçãs do meu rosto queimarem. Tem uma conexão presente em nós duas, desde a primeira vez que a vi na academia, que fortalece só de estar na presença dela.

─ quer continuar com os exercícios? ─ pergunta, finalmente quebrando o silêncio.

─ claro que sim. ─ eu menti, tão descaradamente só para fazê-la ficar.

Chega a ser uma crueldade, deseja-la o tempo inteiro e não saber o que fazer. É como viajar em família estando febriu, um sentimento que ferve lentamente contornando o meu corpo. Só que há uma diferença em odiar o calor e ansiar a quentura que é proporcionada pela paixão. Eu agradeceria a Helena todas as noites por trazer de volta as faíscas que me abandonaram.

────────── ⊱ ♡ ⊰ ──────────

autora: advinha quem escreve por conta do tédio? isso mesmo, eu. A história tem capa e contra-capa simples pois é provável que eu não dê continuidade, mas se caso alguém queira, por favor envie alguma mensagem no Twitter que está na minha bio ou aqui mesmo pelos comentários. Agradeço por abdicar do seu tempo à essa leitura. <3

WILDEST DREAMS - CLARENAOnde histórias criam vida. Descubra agora