Falhei em escapar sorrateiramente no lugar em que Helena bloqueava a passagem, por de trás da porta, ela me segurou pelo antebraço e o soltou logo que hesitei a procedência dos passos.
─ onde você vai Clara, já terminou todas as séries? ─ questionou.
─ é que teve uns problemas... ─ levanto a cabeça e reconheço quem estava junto à Helena. ─ Paula!
Aparenta que a mulher esteja a forçar um sorriso, isso é perceptível na maneira em que assentiu. Eu fico em silêncio com o saber de que eu não conseguiria agradá-la da mesma forma que ela não conseguiria isso comigo também, graças ao nosso reencontro.
Paula invandiu nossa conversa e ousou em dizer à Helena que poderia ser a sua “futura ex namora”. Sei que tem condições maiores e tensas que não me permitem tanto, a situação no bar foi um basta que fez meu coração disparar e eu voltei para casa arrasada. Embarquei no táxi tentando formular o que crescia em mim, porém a frustração da desistência me tomou.
─ a minha conversa com você acabou. ─ Helena disse à Paula, que fez uma expressão nada amigável e saiu entre nós duas.
Helena continua inquieta, avançamos entres os aparelhos da academia até ela se acomodar em um deles.
─ me desculpa Helena, eu não queria ter te atrapalhado. ─ ajoelhei diante dela que levou as mãos até o rosto.
─ não Clara, você não me atrapalha em nada, só que... fica difícil. ─ ela desabafa ao inspirar.
─ olha, se você quiser conversar comigo Helena... na verdade é o mínimo que eu posso fazer.
─ é que, a Paula quer se redimir, disse que vai me dar o que eu mais quero.
─ e o que você mais quer? ─ ela retira as mãos do próprio rosto e me desvia os olhos.
─ um relacionamento sem contrapartida, algo que não seja embaraçado. ─ seguro o seu joelho para demonstrar compaixão, mas suas palavras me tocam.
─ espero que você encontre.
Minha fala parece infeliz, o arrependimento de dizer algo sem pensar é pior que um tapa na cara. O que era para ser consolação a faz ter uma expressão mais tristonha no rosto.
─ obrigada, olha, se você quiser pode ir embora.
─ não, eu quero ficar com você. Digo, aqui com você. ─ nossos olhares se centraram um no outro e eu apanho a mão dela. ─ quer sair? Poxa, eu fui embora do bar do Simas e a gente não aproveitou.
─ eu adoraria sair com você, claro que sim. ─ ela diz, curvando sutilmente os lábios para cima.
Olhando pela janela do carro, batuco contra o volante no ritmo da música tocada na rádio. Somente à espera de Helena em frente ao endereço entregue, a ansiedade de encontra-lá ainda no mesmo dia fez com que eu trocasse de vestimenta três vezes.
Fito atentamente desde que estacionei o carro, acreditando que Helena possa residir na casa alaranjada qual eu não retiro a concentração e percebo o engano quanto as batidas na porta do passageiro na frente, eu sequer a vi passar pelo carro.─ oi Helena, pensei que você morava ─ virei o corpo em sua direção e não me contive. ─ você ta linda Helena, não que já não fosse, mas.
─ obrigada Clara, e você, ta esplêndida igual a todos os dias. ─ prosseguiu com sua concentração em mim enquanto colocava o cinto de segurança. ─ pra onde a gente vai?
─ que tal a praia? É de noite e tá calmo, provavelmente o refluxo de pessoas deve ser agradável nesse horário.
Ela respondeu ao balançar a cabeça em afirmativo, sendo assim, girei a chave na ignição e arraquei com o automóvel pela estrada.
O trânsito infernal do Rio de Janeiro se denomina pelo tráfego apressado junto do turbilhão alto das buzinas capacitadas de irritar qualquer pessoa, geralmente eu integro a esse grupo. Porém, aqui dentro desse pequeno espaço que divido com Helena, me envolvo nas risadas e a exaltação, observo o modo em que ela não se abate pelo fato de que o carro se movimenta quase que imperceptível. Sua empolgação em cantar junto com as músicas tocadas no rádio e a gentileza de criar certos assuntos para nós duas. Tenho medo de ficarmos em silêncio e ela luta muito bem contra isso.─ tem um lugar ali atrás ─ ela aponta na direção de um prédio. ─ que fica melhor que estacionar perto do calçadão.
─ vou mais pra perto e você me fala direitinho. ─ continuei, tomando a frente dos carros estacionados até o cruzamento. ─ aqui tá bom?
─ sim, ótimo. ─ respondeu.
Acho que nenhum desses faróis acessos diante do semáforo, ofuscariam Helena. Ela usava um vestido carregado pela simplicidade, o modelo que a deixava tão deslumbrante é a confirmação de que Helena sabe a beleza que possui. Eu subo para a calçada ao seu lado, nós estamos presas numa conversa sobre aniversários infantis durante a caminhada até a orla.
─ tira os sapatos, caminhar nessa brisa fresca e não sentir a água nos pés é um pecado. ─ Helena se curva para apanhar as suas sandálias.
─ eu não sei não.
─ vem cá, se apoia em mim. ─ ela faz um gesto com o braço para que eu o segure.
Solto a sandália na areia e no ato desengonçado de tentar me equilibrar com a outra perna, piso em falso no chão. Mal consigo assimilar a queda na areia, Helena caiu junto e estava sobre mim. Seu rosto, assim como o meu, revela a supresa. E de qualquer forma, a substituição da preocupação por uma gargalhada é o que a faz erguer a cabeça em direção ao céu para recuperar o ar.
Não é a primeira vez que vejo reluzir estrelas na íris dela, que o seu rosto está próximo a ponto de nossos narizes se enconstarem. Seu cabelo voa entre nós duas, a brisa fria da praia era revertido pelo incendiar presente em meu corpo. Respirei fundo mas me faltava fôlego, é lamentável que uma fração de segundos faça o meu coração se revirar no peito. Helena se esforçou para se levantar e eu a agarrei no mesmo instante.
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autora: eu tô tentando não colocar muitas expectativas na cena da orla, mas se clarena for censurada de novo, eu juro.
enfim, obrigada pelas estrelinhas e os comentários, é um ato simples que me deixa bastante animada. :)
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WILDEST DREAMS - CLARENA
Fanfictionlê aí, pô | sinopse: duas gays não aguentam e se beijam durante um treino em domicílio, o que faz com que Clara repense seus sentimentos por Helena, a personal. 🥇🥈 clara 🥈 vainafe