Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Vir à tona foi diferente dessa vez.
É sempre antes das coisas mudarem, de algum jeito absurdo e inexplicável na vida da gente, que algo, uma coisa mínima e quase imperceptível, parece repentinamente estranha. Diferente, até; muitas vezes, acaba passando por batido, mesmo para quem se considerava observador, perspicaz, ou uma pessoa cautelosa por si só, a questão é que, na vez de Jake, isso poderia, e deveria, ter acontecido com qualquer outro, principalmente com seus alters. É verdade é que nem Steven, com todo seu pensamento rápido e instintos empáticos, com sua enorme capacidade de se colocar no lugar dos outros e sua natureza sensível, cuidadosa e perceptiva, seria capaz de notar isso. Ou mesmo Marc, o dono original do corpo que dividiam com suas mentes ramificadas; nenhum deles teria pego essa pequena mudança, a forma como vir à tona, tomar o front, foi como ondular em águas rasas. Simples e fácil, fácil demais até para Jake, que poderia assumir o volante no momento em que quisesse ou se sentisse necessário.
Nenhum outro perceberia essa nuance tão sutil, mas Jake Lockley percebeu.
Tanto na forma como seus dedos se fecharam, prestes a tornar mais firme o aperto no cabo maciço de uma faca ou apertar o gatilho gelado uma, duas ou três vezes, com a mira rente na cabeça de qualquer pessoa que ─ o culpado, inocente ou em julgamento, quem quer fosse. Exceto que, quando seus dedos se fecharam, tudo que sentiu foi o ar aquecido de um apartamento comum em Nova York; nada de cabos de madeira ou o aço frio que pesava em sua mão quase toda vez que Jake acordava. A única coisa gélida, ele percebeu meio minuto mais tarde ─ enquanto seu cérebro corria para fazer sentido ─, eram as brisas que vinham de fora, de uma grande cidade escurecida pela madrugada que o saudava. Ele estava em casa, Marc e nem mesmo Steven pareciam minimamente feridos, não havia o latejar comum em sua mente indicando a dor de cabeça que sempre vinha quando os outros dois se envolviam demais com o próprio emocional quebrado, e, sobretudo, não havia o menor sinal de Konshu. Mas, mesmo assim, lá estava o nova iorquino, sentado no escuro, sentindo a maciez absurda do colchão e o raso brilho da lua que iluminava tão calidamente o lugar.
