Capítulo 4 l O Que Esperar?

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O domingo passou muito rápido para mim. Passei o dia todo remexendo as caixas de mudança, procurando itens pessoais e organizando tudo em seu devido lugar. Camilla dormiu até as uma da tarde no meu quarto, ao acordar, reclamou que uma possível "bomba"havia explodido seu cérebro. Dei uma rápida saída para comprar aspirina e um outro remédio para ressaca.

Durante o dia todo, evitei olhar para a porta que iria direto para o terraço e mantive as cortinas da sala totalmente fechadas. Era muito estranho toda vez que eu precisava passar pela sala, tinha a impressão que Henry estava no terraço olhando para meu apartamento. Devo estar maluca!!

Um homem tão gato como ele jamais iria ficar tão interessado assim por mim. Por mais que ele tenha dito "aquelas palavras", só consigo pensar que ele estava alimentando seu ego. Eu seria apenas mais uma mulher que ele queria levar para cama por mera curiosidade, para depois trocar por outra e assim por diante... Afinal, na sexta ele estava com uma loira e ontem com uma ruiva.

- Ai amiga, nunca mais vou beber... - Camilla entrou na cozinha com as mãos no rosto e se sentou no banco alto da bancada.

- Já ouvi isso um milhão de vezes. - rebato e empurro uma caneca fumegante de café forte e sem açúcar pra ela. -  Você dormiu o dia todo. Já são cinco horas. Acho melhor você se recompor, porque amanhã é nosso primeiro dia de trabalho.

- Nem me lembre. Vou estar com uma aparência horrível! - choramingou e deu um gole no café, fazendo careta.

Revirei os olhos e ri da cara de brava que ela fez. Conversamos mais um pouco antes dela tomar banho e ir para sua casa. Nos despedimos e fechei a porta do meu apartamento, me sentindo aliviada de estar sozinha e poder organizar meus pensamentos.

Me peguei olhando fixamente para a porta do terraço, caminhei devagar até chegar às cortinas da sala e espiei com o coração acelerado. Ele não estava lá.

Por que estou desapontada? Eu estava esperando que ele ficasse procurando por mim? Que idiota!!

Fecho a cortina com força e vou direto para o banheiro. Tiro as roupas e ligo o chuveiro. A água quente me acalma, me sinto relaxar. Mas não consigo deixar de pensar no que Henry me disse antes de sair... Uma pontada gostosa começa a formigar entre as minhas pernas. Subo as mãos de encontro aos meios seios pequenos, que endurecem ao meu toque. Desço deslizando uma mão suavemente até entre minhas coxas e toco bem naquele ponto sensível. Jogo a cabeça para trás saboreando o prazer gostoso. Contorno minha pele macia, fazendo círculos que foram me dando tremores no ventre. Aquela sensação de ápice se aproximava, apertei as coxas.

- Bella, você está aí? - meu irmão grita.

Levo um susto e imediatamente solto as mãos e respondo:

- Oi Tyler, estou no chuveiro. - grito de volta, com a voz trêmula.

Droga!! Sinto-me frustrada, mas ao mesmo tempo aliviada por ter sido interrompida. Eu estava mesmo me masturbando e pensando em um cara que mal conheço?

Visto uma calça de moletom preta e um top branco de alças finas. Enrolo meu cabelo em um coque,calço meias e saio do quarto. 

Meu irmão está deitado no sofá, despojado, usando jeans e uma camiseta azul escura. Pensando bem, nós não somos parecidos fisicamente. Ele tem 1,80 de altura, forte, é loiro e tem olhos bem azuis. Já eu sou baixinha, de olhos verdes e cabelos castanho escuro.

- Como conseguiu entrar? - digo, empurrando seus pés para que eu pudesse me sentar.

- Eu estou muito bem, obrigado. Só estou cansado do trabalho, o novo General é um porre. - diz com deboche me encarando.

- É sério, Tyler. Como conseguiu entrar?

- Você é muito descuidada, sabia? Papai ficaria muito bravo se descobrisse que você não tranca a porta... Aliás, eu consegui entrar na portaria, porque você liberou meu acesso ontem, lembra? - piscou pra mim.

Balanço a cabeça, concordando.

- E o papai, tem notícias? - indago.

- Está trabalhando muito, como sempre. Ele me disse que tentaria passar aqui hoje para te ver e desejar um bom primeiro dia de trabalho. - me olha um pouco incomodado. - Mas acho que não vai conseguir, por isso eu vim para ver se você estava bem, se precisa de alguma coisa.

Estreito os olhos, imaginando o que aconteceu de verdade. Meu pai e meu irmão guardam muitos segredos, e eu sinceramente nem procuro mais saber, pois já fui repreendida muitas vezes com a desculpa de que os assuntos dizem respeito ao Exército, apenas.

- E a noite de ontem, beberam muito? - Tyler mudou de assunto, para que eu não fizesse mais perguntas.

- Eu não, mas a Camilla... Precisou dormir aqui. - digo e ele ri.

- Imaginei...ela não parou de me mandar mensagens safadas ontem.

- Tyler!!! - jogo uma almofada nele, que levanta os braços e protege o rosto.

Ficamos rindo um tempão, jogando conversa fora, zoando um ao outro. Eu e Tyler sempre fomos muito unidos, construímos uma amizade linda.

-  Ah! Já estava me esquecendo. Amanhã tem um jantar para irmos, papai me pediu para te avisar. - Tyler se levanta e vai até a cozinha.

- Mas amanhã? Em plena segunda? - digo curiosa.

- Sim, por que está surpresa? Nós vamos a esses jantares há anos...

-  É que amanhã é meu primeiro dia de trabalho. - digo animada.

Imediatamente um pensamento me atravessa. Torço mentalmente para que Henry não tenha nada a ver com a empresa que eu vou trabalhar. Ontem ele estava na companhia do meu novo chefe... Me sinto ansiosa e um pouco frustrada.

- Que horas vai ser esse jantar? - digo, de repente.

- Esteja pronta às 19hrs, que vamos passar aqui pra te pegar. - Tyler diz, enquanto fuça a minha geladeira.

- Certo, obrigada.

Vou atrás dele, pego uma garrafa de vinho e sirvo duas taças generosas. Entrego uma pra ele e beberico a minha. Encosto na bancada e olho bem pra ele.

- Irmão, por acaso o Mathew vai estar nesse jantar? - pergunto, já sabendo a resposta.

- Vai sim, Bella. Acho melhor você tentar superar o que aconteceu. Ele é meu amigo, mas foi um canalha com você. Não se preocupe, vou mantê-lo bem longe. - diz e noto um certo carinho e proteção em sua voz.

- Com certeza vou me sentir segura, afinal, é um jantar de militares e suas famílias. - brindo e sorrio.

- Dessa vez, vai ter gente nova. Vão nos apresentar o novo General comandante. - Tyler diz, um pouco apreensivo.

Balanço a cabeça e bebo mais um gole do vinho. Assuntos do trabalho do meu pai e do meu irmão sempre me entediaram. Basicamente, era um monte de homens reunidos, uniformizados e com ar de poder, disputando quem tem o cargo mais importante.

Tyler resolve ir embora, para e deixar descansar para meu primeiro dia de trabalho. Faço um sanduíche com alface, tomate e queijo quente. Ligo a Tv e procuro um filme. Quando me levanto para ir dormir, dou mais uma espiada na janela e para minha surpresa: ELE ESTÁ LÁ NO TERRAÇO.

Está em pé apoiado em uma mesa pequena, com um copo na mão. Parece estar tomando uísque ou algo do tipo. Sinto meu rosto esquentar, só de olhar para ele... está usando uma camiseta branca, o cabelo está molhado. Sinto uma pontada de ciúme muito inconveniente, imaginando se ele tinha acabado de transar com outra mulher.

De repente ele olha para meu terraço, fazendo meu coração acelerar. Engulo em seco, tentando conter o arrepio que surgiu e as borboletas em meu estômago. Respiro fundo e fecho a cortina rapidamente.

Preciso tirar esse homem da minha cabeça, ele me cheira a ruína e corações partidos. O que devo esperar?

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