Capítulo 16

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O grupo avançou durante o crepúsculo vespertino, sob o céu pintado por incalculáveis luzes, passando cuidadosamente por entre raízes e pedras do pântano que os levaria à quarta área. Por seus planos eles já deveriam estar quase na saída dessa região, porém o ocorrido com Dylan os fez até mesmo ponderar sobre a possibilidade de ficar na terceira área, entretanto o humano não quis prejudicar o grupo ainda mais, fazendo-os por fim optarem por avançar com calma o quanto conseguissem e, se necessário, acampar no pântano.

Era necessário avançar com cautela, evitando as águas turvas e os animais que ficavam à espreita aguardando qualquer oportunidade de capturar uma presa. O fato do garoto estar movendo-se ainda com certa dificuldade e a luz já reduzida pelo horário apenas dificultava mais seu avanço.

Já faziam mais de seis horas que Dylan havia acordado e duas desde que começaram a andar. Seus músculos estavam mais rígidos e definidos, de fato ele sentia-se mais forte e veloz, no entanto, isso tornou difícil para ele mover-se enquanto tentava se acostumar com a força aplicada em cada ação feita. Assim que entraram no pântano, o garoto quebrou algumas raízes, apenas por ter pisado com uma força excessiva, fazendo-o cair em uma água grossa e fedida.

A cabeça dele doía desde o momento que abriu os olhos devido a uma sobrecarga sensorial. Seu ouvido zunia e vez ou outra ele ouvia um barulho sutil que ninguém mais parecia perceber, mas que para ele se destacava acima dos demais. Seus olhos viam pontos coloridos e linhas suaves que pareciam parte do fluxo de mana, além de conseguirem perceber pequenos detalhes e terem um campo de visão mais amplo, todas coisas que a olhos nús e sem utilização de mana seriam impossíveis. Seu estômago estava embrulhado desde que entrou no pântano enquanto os odores fortes penetravam por suas narinas.

— Deixa que eu te apoio. — Tsara falou pegando em uma das mãos dele para ajudá-lo a passar por uma pedra bem escorregadia.

Para sua sorte, nem ela e tampouco seus demais companheiros o deixariam para trás ou ficariam incomodados pelo atraso. Ainda assim, Dylan sentia-se culpado.

Aproximadamente às vinte horas, Tulan encontrou uma grande árvore retorcida com raízes grossas e um buraco no tronco, perfeita para eles passarem a noite. Dylan, Tsara e Ananda ficaram responsáveis por montar acampamento, enquanto Tommy e Dandara verificavam a área ao redor atrás de ameaças e alguns recursos e Tulan, Rifren e Ijim caçavam a janta daquela noite.

A luz verde clara de Jed cheia no céu criava um ambiente relaxante e capaz de clarear os pensamentos e as luzes emitidas pelos Frutos Lamp tornavam desnecessário o uso de uma fogueira ou tochas para enxergar.

— E ai? Você melhorou? — Ananda perguntou fitando Dylan que fazia movimentos de luta contra sua sombra.

— Meus sentidos estão melhores já, apesar da cabeça ainda doer um pouco e de ser difícil distinguir a profundidade das coisas. Já sobre o físico, eu diria que tá mais estranho ainda.

— Realmente, vai ser como se você tivesse que reaprender a andar, pode demorar bastante. Quando passou pelo processo de limpeza seu corpo se readaptou, quase como se você tivesse nascido de novo.

— Como quando reforjamos uma arma, é preciso ajustar-se ao fio, ao balanço, ao tamanho e a distribuição de peso. — Tsara complementou.

— Na verdade é uma analogia perfeita.

— Pois é... — Ele concordou falando arrastado, enquanto perdia-se em pensamentos e lembrava-se de tudo o que viveu dentro de seu núcleo. Uma confusão que o atormentava, mas por algum motivo sentia que deveria entender primeiro antes de compartilhar. — Mas me sinto culpado de atrasar vocês.

Ascensão e Queda - Uma História de Arcane NebulaOnde histórias criam vida. Descubra agora