a entrevista

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A entrevista com o Wiu foi muito tranquila e boa. Me encontro apaixonada por ele, super gentil e disposto a responder todas perguntas.

Chegou em um nível em que já não estava entrevistando, estava conversando com ele. Sabe aquela pessoa que você sentaria em uma mesa de bar pra conversar? Ele é muito isso!

Vou pedir uma data pra gente tomar um cafezinho e conversar sobre a vida.

Minha casa estava uma confusão, como diria minha mãe "Sempre que você está perdida, tuas coisas ficam bagunçadas". Eu andava bem perdida.

Dar aula e ainda fazer um doutorado consumia muito da minha rotina, parecia que eu só vivia apagando fogos. Professora me disse
que havia a possibilidade de pegar bolsa e assim pedir afastamente para poder me dedicar ao doutorado.

Ou 8 ou 80. Porque fico feliz de poder me dedicar somente para aquilo que eu amo e triste porque teria que abandonar meus pimpolhos.
Mas agora meu doutorado era prioridade.

Por que ninguém nos avisa para aproveitar a época dos 15? Eu preciso de férias. URGENTE. Uns 5 dias na frente do mar pra ser feliz  plenamente.

Mas, como não é possível viver isso. Vamos continuar trabalhando.  Hoje seria o dia de entrevistar o Teto. A entrevista com o Matuê terá que ser remarcada devida a gente dele que sofreu algumas alterações.

Depois da entrevista com o Wiu me sinto muito mais segura para entrevistar seus companheiros.

Resolvi usar minha blusa rosa com manga levemente bufante hoje junto com uma calça jeans, já que essa era a minha confort roupa. Fiz um  penteado que deixava meu cabelo meio preso e a franja solta na frente. Tinha amado me arrumar hoje, ao contrário do que vinha acontecido nas últimas semanas.

Novamente entrei no link, ajeitando minha câmera e testando o microfone. Assim que clico em participar a imagem daquele menino de cabelo cacheado com alguns cachos mais claros apareceu na minha frente. Seu sorriso parecia aumentar assim que me viu.

– Oi Doutora!

– Boa tarde, Teto! Tudo bem? – sorri de volta mais ainda pela forma
contagiante que ele sorria.

– Tudo siiim e a senhora? – ele me olhava totalmente concentrado.

– Siim, mas não precisa me chamar de senhora, eu sou só 3 anos mais velha! – fiz uma careta.

– Perfeito, me sinto melhor assim! – sorriu novamente.

– Então, Teto. Deixa eu te explicar como funciona. Tenho algumas perguntas para fazer para você, mas é algo bem tranquilo. – ele concordou. – Com o Wiu mesmo virou uma conversa, meu objetivo é que você se sinta a vontade para também tirar suas dúvidas ou caso não queira responder.

– Sou um livro aberto para você, Doutora! Pode perguntar o que quiser! – ele falou empolgado e me empolgou também. – Menos a senha do banco, isso não.

– Droga, vou riscar essa das minhas perguntas. – fingi indignação. – Então, Teto, como você sente que sua música dialoga com as pessoas?

Ele pareceu pensar alguns segundos.

– Então, eu escrevo muito com o coração e sobre aquilo que me rodeia ou se apresenta para mim, então eu acho que as pessoas vão se conectando com isso. Eles sentem que aquilo vem diretamente de mim, não aquele tipo de arte que só é escrito para bombar. Eu quero falar sobre algo nas músicas ou pelo menos que ela seja uma trilha sonora boa, sabe?

Ele brilhava quando falava da sua música, mais ainda que o Wiu. Parecia que tudo que saia pela sua boca vinha diretamente do seu coração, eu poderia escutar ele o dia inteiro.

– Siim, e como é vê tanta gente se conectando com o que você sente e pensa?

– É uma das coisas mais maravilhosas do mundo. Doutora, já visse alguém lendo um texto que você escreveu? – concordei com a cabeça. – Como você se sentiu?

– Parecia que eu estava ajudando a mudar ou repensar o mundo, uma
sensação sublime! – quando eu vi estava com o coração quentinho.

– É exatamente assim que eu me sinto, que eu de alguma forma toquei a vida daquela pessoa e espero que tenha ajudado em algo também. – sorri. – É muito legal ver alguém animado falando sobre algo que eu não sei ao certo como funciona.

– Posso te explicar no final, se quiser. – concordou. – Então, e quanto as drogas? Suas músicas citam de várias formas o uso de drogas, como você acha que isso chega nos ouvintes?

– Então, eu escrevo sobre aquilo que cerca a minha vida, não tem como negar que isso está presente na minha vida. Mas acredito que isso vai muito da cabeça de cada pessoa, eu não comecei a utilizar por influência dos outros, então espero que as pessoas não façam isso. Tanto que em nenhum momento positivo isso ou influencio diretamente, menos ainda ligo isso a ter conquistado coisas na minha vida. – concordo.

– Falei sobre isso com o Wiu, o cuidado para não associar o vencer na vida com o uso.

– Isso mesmo, Doutora. Faz parte da minha vida, mas não é a base dela. Tento reforçar isso. – sorrio. – Qual sua visão disso?

– Muito parecida com a tua, ali sobre não ser a base é o fundamental.
Fiz mais algumas perguntas sobre a vida artística dele. Estava sendo muito leve e prazeroso entrevistar ele, Teto sabe cativar as pessoas e tornar tudo mais simples.

– Tá, Doutora, mas como você chegou na gente se nunca tinha escutado trap? – ri.

– Eu já tinha escutado por cima, mas nada aprofundado. Mas meus alunos que falavam demais de vocês, fiz uma pesquisa com eles e apareceu o nome de vocês demais. Então, fui escutar as músicas e aí cheguei nessas perguntas que fiz.

– Então, nunca pisou num show de trap? – neguei. – Me conta sobre como é ser Doutora sem ser médica ou advogada! – ri.

– Então, sou formada em História. Fiz dois anos de mestrado em educação e já fui direto para o doutorado em Educação também. São ao total 10 anos estudando quando eu finalizar tudo.

– Nossa, é tempo e vida. Mas você aproveita a vida nesse meio tempo?

– Eu tento, mas anda ficando difícil por causa de dar conta de doutorado mais as aulas dos meus alunos, fica bem puxado mesmo. – fiz biquinho.

– Não tem saudades de aproveitar a vida? – ele se arrumou na cadeira.

– Olha, ando numa situação que eu ando negando até café da tarde. Sem tempo basicamente e infelizmente. – ele abriu um sorriso.

–Tá, mas eu tenho uma missão. Você não pode tá pesquisando a gente e nunca ter vivido o nosso mundo.

– Vai me oferecer um fim de semana no rio com droga e piscina? – fingi animação.

– Anota aí! Sábado que vem, você tem um compromisso. – ergui a sobrancelha demonstrando susto. – Você vai no meu show aí na capital do teu estado e não adianta inventar desculpa que eu vou arrumar tudo, você só precisa ir. Não aceito não como resposta, Doutora.

Senti meu coração bater mais forte, aquela ansiedade boa que te faz sorrir sem nem perceber. E eu sabia que não podia negar um convite desses e principalmente, eu precisava viver.

– A gente se encontra sábado que vem então, Teto! – ele sorriu mais que nunca e fingiu agradecer a Deus.

– Você não vai se arrepender, Nanda. Eu prometo. – sorri.

Eu sabia que não.


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O que será que vem aí?

Tentei escrever um pouco mais nesse capítulo ;)

Espero que vocês gostem!

Minha vida é um filme? || TetoOnde histórias criam vida. Descubra agora