— Jimin? — Minjeong chamou no meio da madrugada, fazendo a maior abrir os olhos imediatamente.
— O que foi? — Ela perguntou meio sonolenta e Minjeong se virou na cama, enterrando o rosto em seu pescoço.
— Tive um pesadelo. — Ela disse baixinho e Jimin nada disse, apenas envolveu um de seus braços em torno de Minjeong e iniciou uma carícia mansa.
— Quer compartilhar? — A maior indagou e Minjeong assentiu.
— Eu saía daqui e você ficava...E eu nunca mais te via. Você não queria me deixar te visitar, nessa droga de pesadelo. — Minjeong disse e o silêncio se propagou pelo ambiente.
— Shh.. — Jimin falou, depositando um beijo nos cabelos castanhos. A menor a abraçou fortemente antes de voltar a falar algo.
— É exatamente o que fará, não é? — Minjeong perguntou e Jimin a fitou. Apesar do escuro ela conseguia ver com clareza os olhos castanhos e tristes.
— Eu sou pobre fora daqui. — Jimin disse por fim — E fodida. Eu não tenho ninguém lá fora. Sequer tenho aonde ficar. — Confessou. — Nunca fiz uma faculdade e terei a ficha manchada, o que dificultará minhas chances de arrumar um emprego. — Sua mão foi até o rosto de Minjeong unicamente para enxugar uma lágrima solitária. — É isso o que quer para a sua vida?
— Eu quero você para a minha vida e não importa o resto, Jimin. — Minjeong falou e a maior umedeceu os lábios.
— Você merece coisa melhor, Minjeong. Alguém que possa..
— Não! — A Kim a cortou. — Eu não preciso de alguém rico, eu já sou e sei que o dinheiro não pode comprar amor. — Falou firmemente. — Não preciso de alguém formado em nada. Jimin, Olha, você pode não ter um lugar na alta sociedade, mas cuidou de mim melhor do que qualquer pessoa antes.
— Quando você sair faltará um ano e meio ainda para eu sair, Minjeong. — Jimin disse tristemente. Você pode encontrar alguém lá fora e...
— Não! — A cortou novamente. — Um ano e meio não é nada perto do resto
de nossas vidas. — Jimin sentiu seus olhos arderem, ninguém nunca havia insistido nela daquela forma.— Você só me conhece há dois meses, Kim.
— Mas já percebi que o coração da garota que me deu um bilhete anos atrás não mudou e eu gosto disso em você.
— Podemos... Não falar disso agora? — Jimin pediu e Minjeong assentiu tristemente.
— Tudo bem. — Minjeong disse e se inclinou, aplicando um beijo nos lábios da maior antes de se virar, puxando o braço de Jimin junto com ela, fazendo-a abraçá-la. Fazia semanas que Jimin não dormia na própria cama, Minjeong sempre queria ela ali com ela.
— A terceira vez que nossas vidas se cruzaram foi em um hospital. — Jimin disse do nada, a abraçando mais forte. — E é por essa vez que eu sei que você merece mais do que eu. — Minjeong se virou para ela rapidamente, analisando minuciosamente suas feições.
— Não pode me dizer só isso. — Alegou e Jimin riu.
— Eu posso sim, na verdade, mas não farei isso. — Ela disse. — Meu avô tinha uma doença rara no pulmão e por isso vivia internado. — Ela começou, não vendo o porquê de esconder aquilo de Minjeong. — Ele precisava de duas cirurgias, mas era um valor exorbitante e não tínhamos
condições, por isso eu trabalhava de qualquer coisa que aparecesse.— Eram de Busan? — Minjeong indagou e Jimin assentiu.
— Mudamos para cá porque conseguimos uma vaga num hospital melhor para ele. — Jimin explicou. — Ele estava prestes a morrer e eu sentia meu muito inteiro desmoronando, porém fui contemplada com a notícia de que o número do quarto do meu avô foi sorteado por uma doadora e com esse dinheiro conseguimos pagar uma das cirurgias que passamos anos adiando. Era você, Jeongie... — Minjeong viu o lábio inferior de Jimin tremer e
levou uma mão ao rosto da maior, espantando as lágrimas com o polegar.— Eu sempre faço doações em hospitais, só não tinha a noção da dimensão da minha ajuda. — Minjeong confessou e Jimin sorriu tristemente.
— Você me deu de presente sete meses a mais com meu avô e eu nunca, nunca irei esquecer isso. — Ela disse, abraçando a menor. — Sempre desejei te agradecer, mas nunca tive a oportunidade, então obrigada, Kim.
— Sete meses? — Minjeong perguntou confusa e Jimin assentiu.
— Como eu disse, ele precisava de duas cirurgias. Só realizamos uma. — Minjeong sentiu seu coração se comprimir em seu peito e sua boca secar.
— Como... Por que você não... Deveria ter me contatado. Eu poderia... — Maldito planeta onde sem dinheiro permitiam alguém morrer. Que tipo de crueldade era aquela? -- Me desculpa, Lauren. Me perdoa, eu poderia...
— Não. Não faça isso com você, meu amor. — Jimin pediu ao ver que Minjeong havia começado a chorar. — Você não poderia saber de nada. Sem você ele morreria em semanas. Você me deu o melhor presente do mundo, sete meses a mais com ele. — Disse, vendo Minjeong ainda desolada. — Eu só te conheci ali por Kim Minjeong sem rosto, apenas um nome. Quando vi você entrar aqui e ser anunciada como Minjeong eu não pude crer que as duas pessoas que mais admirei na vida eram a mesma pessoa.
— Ji, você não tentou me contatar por quê?
— Você era rica e importante, nunca deixariam uma pobre falar com você.
Te procurei em redes sociais, mas não achei. — Jimin confessou. — E eu sequer te conhecia para pedir tudo aquilo de dinheiro.— Eu daria. Céus, eu teria dado sem pensar duas vezes. — Falou com firmeza. — Por favor, me perdoa.
— Eu sei que você teria dado. — Jimin disse sorrindo fraco. — Você é você, a pessoa dona de um coração gigantesco.
— Eu estou me sentindo impotente e vazia. — Minjeong falou e Jimin a beijou docemente nos lábios.
— Você é o anjo da minha vida, não deveria se sentir assim.
— Então por que ainda me sinto? — Minjeong perguntou sentindo um buraco
em seu peito e Jimin suspirou.— Porque essa é você. Tende a sentir a necessidade de melhorar o mundo e
odeia injustiças. Essa é você, Jeongie. — A menor umedeceu os lábios, ainda frustrada.— Se eu pudesse ter salvado o meu pai eu teria feito, Jimin. Não posso acreditar que eu poderia ter te ajudado. Eu não...
— Sei como se sente. — Jimin disse. — Eu também tentei salvar meu avô, mas olha só a diferença de uma rica para uma pobre... Eu precisei acabar presa para isso. — Minjeong ergueu o rosto e a fitou.
— O que quer dizer, Jimin? — A maior suspirou. Diria o motivo de ter ido presa para ela sem remorso, diria porque Minjeong a tinha por completo; diria porque finalmente sentia-se pronta para isso.

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Presa por Acaso | winrina
Fanfiction[EM REVISÃO] O que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo inocente? Minjeong não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pag...