Prólogo

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Já fazia um tempo que eu estava com aquele sentimento. Não sei se o nosso relacionamento caiu na rotina, ou se infelizmente eu não sinto mais nada por ela, mas isso tem aluga um triplex na minha mente. Hoje vou dizer os motivos dos meus sumiços, falta de afeto, meu afastamento repentino e até algumas mentiras que contei só pra não ter que dar explicações.

Me aproximo da mulher sentada na beira da cama. Eu já havia avisado que queria conversar com ela faz tempo, mas só hoje tive coragem.

— Tudo bem? - ela me olha assim que entro no quarto. — Chegou cedo.

Apenas balancei a cabeça sinalizando um "sim".

— A gente pode ter aquela conversa agora? - esfreguei minhas mãos mostrando meu nervosismo e então sentei na cama junto com ela.

Ela não disse nada, o que eu entendi como um sim. Talvez lá no fundo ela já soubesse o motivo dessa conversa.

— Dani, a gente tem uma vida maravilhosa aqui. Nossos filhos, nossa casa... Mas de um tempo pra cá, eu me sinto estranho em relação a nós dois. - passei a mão no rosto. — Eu sei lá, eu não queria me sentir assim, mas eu tô meio sufocado sabe? Sinto falta da vida que eu tinha antes.

Ela ouvia tudo atentamente sem tirar os olhos de mim.

— Eu acho que deveríamos dar um tempo, eu preciso colocar a minha cabeça no lugar.

Ela riu pelo nariz.

— Eu já estava esperando por isso. - soltou sarcástica me fazendo olhar para ela. — E eu não o concordo com essa parada de tempo, pra mim isso é desculpa pra transar com outras pessoas sem sentir culpa. Se você já não fez isso né?

Ela soltou sem perceber, eu vi que tinha sido por impulso. Ela colocou a mão na boca e me olhou quando percebeu o que tinha dito. Mas mesmo assim, eu fiquei com raiva.

E não, eu não fiquei com ninguém. Independe dos meus surtos internos nos últimos meses, eu nunca faria isso.

— Eu não vou entrar em uma discussão com você, Daniele! - levantei. — Se acha que te trai, pois bem, ache.

Sem paciência comecei a tirar minhas roupas para tomar banho. O intuito de ter uma conversa civilizada já tinha ido pro saco e como todos sabem, eu sou o menos paciente ainda mais pra conversas difíceis.

— Engraçado que, na hora de mentir dizendo que estava na casa do Éverton e na verdade estava na vitrine com os meninos, você não disse isso né? - ela cruzou os braços. — Pediu tantas desculpas e tentou provar por A mais B que não tinha ficado com ninguém, que só tinha ido ficar com o "caras". - ela mencionou apas com os dedos.

Continuei tirando minhas roupas e então fui para o box. A morena me acompanhou ainda esbravejando e jogando na minha cara tudo de errado que eu tinha feito.

— Quer um tempo pra sair pegando geral Gabriel? Pois bem, de quanto tempo você precisa?

Não respondi.

Ela bufou e então repetiu a pergunta.
Caralho era por isso que eu não queria conversar com ela. Abri o blindex do box e liguei o chuveiro.

— Já que você não acredita em tempo, então é melhor a gente terminar. - falei sem fazer contato visual.

A morena me olhou por alguns segundos, mas sem conter as lágrimas que antes de eu dar uma repostas já haviam caído. Me senti um completo babaca, fiquei irritado por ela ter jogado as coisas que eu fiz de errado com ela na minha cara e agi por impulso.

Mas por pior que isso seja, um grande peso saiu das minhas costas e agora sim eu tô leve.

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