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Isis

– Enquanto os bonitões e as bonitonas estão aqui batendo papo fica eu e a Gabi lá na cozinha se matando né? - minha mãe chegou lá no fundo reclamando.

– Só por causa disso os três lindos que estão mais jovens se dividam e vão lá,  dois fazem a salada que tá faltando e um vem trazendo os pratos e os talheres pra mesa daqui de fora - foi a vez da tia Gabi falar.

Ficamos parados pra saber se era realmente verdade e a minha mãe olhou pra nossa cara – Tão esperando o quê? vão logo.

– Eu arrumo os pratos pra levar lá pra fora e vocês dois façam a salada, beijos, tchau - a Ayla falou.

– Engraçadona você né? já tirou o seu da reta - o Paulo falou e fomos entrando.

– Vem Paulo, vamos logo dividir o que cada um vai fazer - falei e puxei ele pela mão até a cozinha enquanto a Ayla foi pra sala de jantar onde ficava o armário com os utensílios de cozinha.

– Você é sempre tão organizada e certinha.

– Tenho ascendente em virgem - falei pegando as coisas pra fazer a salada e entregando pro mesmo.

– Não entendo essas paradas, mas se for pra dizer que é por isso que tu é organizada, então de boa - falou e foi lavando os tomates – E hoje eu te achei meio quieta na praia, rolou alguma coisa?

– Não, só tava cansada mesmo, trabalhei feito uma cachorra a semana toda pra fechar os projetos que estavam em aberto e só tive o tempo de descansar hoje, então fiquei mais na minha.

– Entendi, mas deixa eu falar pra tu - começou a cortar a cebola enquanto eu cortava os tomates – O Uriel tava falando de você lá, disse que tinha te visto no dia do lançamento da poesia 13 e coincidentemente mostraram seu trabalho pra ele e que ele tinha conversado contigo e te contratado.

– Sim, ele falou comigo mesmo, e amou meu trabalho, palavras dele - me gabei – Aí segunda ele já vai me levar pra conhecer a equipe e a gravadora, pra eu poder me familiarizar com as coisas.

– Ih vou ter que te ver segunda também? fala sério.

– Até parece, você ama me ver que eu sei Paulin - dei risada da careta que ele fez por conta do apelido.

– Fala tu, achei que a gente ia ficar estranhão
depois do beijo.

– O beijo que você me roubou?

– E que tu não reclamou e muito menos se afastou.

– Fiquei com pena de te afastar e você passar vergonha, as vezes rola de eu ser caridosa com alguns carentes - dei de ombros brincando – Sempre bom né? pra Papai do Céu abençoar.

– Capaz Isis, tu gostou que eu tô ligado, e fica esperta se não eu roubo outro - piscou pra mim – Bem que já me falaram que eu tenho cara de ladrão mesmo, bom que pratico roubos com você.

– Vai sonhando Paulo, eu ligo logo pra policia, ai você vai perder sua pose de bandidinho rapidinho - toquei no nariz dele e comecei a cortar o alface.

– Ih, dispensando meu beijo assim mesmo? na gratuidade?

– Já sei o que você falou de não querer mais me beijar, mas fica tranquilo, não levo pro coração não - toquei no nariz dele outra vez e dei um sorriso sapeca – Quando EU quiser de novo, pode deixar que eu roubo - dei ênfase no "EU" e pisquei.

– Qual dos fofoqueiros já foram te contar isso, teu irmão ou a Laís? deixam passar nada

– Às vezes o vento traz palavras pros meus ouvidos.

– O vento, sei bem – riu – Mas ai, tu tá mandada demais cara "quando eu quiser de novo eu roubo" - me imitou – Tá achando que eu sou fácil assim é?

– Tô, quem não é fácil sou eu - soltei dois beijinhos

Continuamos ali fazendo a salada e vez ou outra conversávamos alguma besteira. Assim que terminamos a salada, lavamos a mão e ele foi levando o refratário com a salada dentro e eu levei o pote com o vinagrete.

– Eita como trabalham bem juntos, fizeram até vinagrete mãe, e a senhora nem pediu - a Ayla implicou.

– Sou mil e uma utilidades meu amor, coloquei seu irmãozinho pra trabalhar mesmo, pegar no pesado - brinquei.

– Olha tô amando essa trégua, espero que nunca acabe - a tia Gabi falou.

– E eu, tomara que agora esse moleque finalmente faça jus ao apelido que dei a ele quando era pequeno - meu pai disse e meus tios e minha mãe riram.

– Sonho de todos nós - a Ayla disse.

– É Paulo, acho que vamos ter que fingir um namoro pra eles deixarem a gente em paz, depois você parte meu coração, e eu vou ser feliz com outros - entrei na onda.

– A gente já até começou esse relacionamento,  só que era secreto, só eu tava sabendo, aí agora que chegou o momento tô aqui contando pra vocês, inclusive pra outra pessoa que compõe o casal - brincou.

– Vocês brincam muito, quero só ver quando vocês começaram a ter um relacionamento de verdade - meu tio disse

– Ué a gente já tem um relacionamento, o ódio - ri.

– Tô falando relacionamento amoroso sua palhacinha - meu tio deu um tapinha na minha testa – Sério vou rir horrores contando essa história pros meus netos.

– Vocês sonham coisas impossíveis muito alto - falei.

– Vai vendo vocês viu, porque não falam da Ayla? tá cheia de coisa ai pra falar dela - foi a vez do Paulo.

– É vamos falar da Lalynha, quando os dois ranzinzas tiverem preparados pra ouvirem a verdade a gente fala mais sobre eles - meu tio falou.

– Ih não tem nada da minha vida pra vocês saberem não, eu nem penso, só faço e vivo.

– Tá com a vida ganha demais, no meu tempo não era assim não - meu pai falou.

– Eu já sei você pegava cinco ônibus, atravessava dois rios na canoa furada enquanto remava, depois pegava uma carroça pra te deixar no ponto de ônibus pegava mais um ônibus e andava 700 km até chegar na escola - falei brincando.

– Ah Ize, nem dá pra contar essa história com você por perto, você já sabe de trás pra frente - falou.

– Vocês são dois palhaços - minha tia falou pra mim e pro meu pai enquanto todos riam da nossa brincadeira idiota.

Ficamos conversando, jantamos, jogamos alguns jogos de tabuleiro que a Ayla tinha e ficamos nessa até de madrugada, depois eu e meus pais nos despedimos do pessoal e fomos pra casa dormir.

Anéis de SaturnoOnde histórias criam vida. Descubra agora