capítulo dezenove // can we pretend that we're good?

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Assim que todos estavam prontos, saímos de casa. Rafe e eu entramos no carro, sozinhos. Sarah estava no carro de John B e ele iria nos seguir até o local.

Apesar de estar animada, me sentia bem nervosa. Eu odeio ficar exposta a tanta gente porque sei que Rafe é uma bomba relógio nesses lugares. Eu até tento não me importar, mas é quase impossível.

Chegamos na boate e devo admitir que estava tudo lindo. Todo o local havia sido decorado com muitas luzes, pranchas de surfe e poltronas enormes. Haviam muitas pessoas na espera, todas na mesma faixa de idade que a nossa, algumas até mais novas. Esperamos por Sarah e John B e ficamos alguns minutos na fila, já que a pressa de Rafe nos fez chegar antes mesmo do local ser aberto.

Rafe ainda não aceitou completamente esse assunto de Sarah, mas eu implorei milhões de vezes para que ele tentasse apoiar a irmã, pelo menos uma vez, ela parecia tão feliz e eu não queria que ele arruinasse tudo. Até agora, as coisas estavam sob controle e espero que isso dure pelo resto da noite.

Assim que as portas se abriram, a música alta ecoou em meus ouvidos. O bar já estava lotado e a pista de dança começava a encher de pessoas animadas. Sarah cantava descontroladamente uma música do momento, enquanto John B sorria para a garota. Eles formavam um belo casal. Dava para ver o quanto gostavam um do outro.

- Vocês estão animados? - Sarah grita, bebendo o gin em sua mão
- Parece que vai ser divertido - respondi, sorrindo

Era óbvio que Rafe já havia sumido de vista, infelizmente era algo que eu já estava acostumada, ele sempre corria para os amigos quando estávamos nesse tipo de evento.

Apesar de estar dançando com Sarah, meus olhos o caçam pelo meio da multidão. Sem sucesso.

Depois de muito tempo dançando, resolvi ir para o bar. Eu não costumava beber álcool, mas naquela noite, algo dizia que eu precisava de um pouco em meu sangue. Já faziam algumas horas que estávamos lá e eu me sentia um pouco cansada.

Esbarro em alguns corpos, enquanto tento chegar do outro lado da pista e esse é o motivo de odiar multidões, é como se eu mal conseguisse respirar nesses lugares.

Assim que vou me aproximando, consigo ver Rafe conversando com alguém e me sinto aliviada por saber que está bem. Mas, quando chego no bar, tenho a visão completa do que está acontecendo e entro em choque.

Sophia, a mesma menina que estava com ele na festa da praia, estava sentada em sua perna direita, enquanto ambos riam e compartilhavam da mesma bebida. Rafe tinha seu braço na cintura da morena e ambos pareciam estar em outro mundo, um mundo só deles e isso fez meu estômago embrulhar.

Respirei fundo diversas vezes e pedi o drink mais forte que havia naquele lugar. Enquanto esperava, torcia para que nenhum dos dois me visse, queria evitar o pior.

Agradeci o barman e peguei minha bebida, seguindo até a porta de saída.

Me sentei na parte de fora, sozinha, para refletir sobre o que minha vida havia se tornado nos últimos tempos. Era triste e eu me sentia culpada pelo rumo que tudo tinha tomado, mas ao mesmo tempo me sentia completamente perdida. Não sabia o que fazia de errado e não sabia o motivo do nosso relacionamento ter esfriado e chegado ao ponto de Rafe ir atrás de outra garota.

Respiro fundo, tentando lutar contra as lágrimas que se formavam em meus olhos. Não queria chorar e estragar minha maquiagem, já estava péssima e ficar feia com certeza não era uma opção.

- Grace? - ouço uma voz masculina atrás de mim e viro para conferir quem é
- JJ, - sorri, sem jeito - o que está fazendo aqui?
- Vim pegar um ar puro... - ele chega perto e senta-se no banco ao meu lado - Mas e você, porque não está lá dentro? Acabei de ver Rafe
- Bom, se você o viu, provavelmente também viu a garota que está com ele - ri, sentindo uma pontada em meu peito
- Que? Como assim? - JJ pergunta, confuso - Vocês não estão mais juntos?
- Depois de hoje? Provavelmente não
- Não me diga que é o que estou pensando... - o tom de JJ mudou e eu podia sentir que ele estava irritado
- JJ, está tudo bem - falei, segurando sua mão quando o loiro levantou-se
- Não está tudo bem, Grace - ele me encarou - Eu não vou deixar ele fazer isso!

Respirei fundo e JJ sentou-se ao meu lado novamente depois de muito insistir. Longos segundos se passaram, até perceber que ainda segurava sua mão, mas ao invés de me afastar, entrelacei nossos dedos e o garoto me puxou para perto, fazendo apoiar minha cabeça em seu ombro.

- Não sei o que fazer - falei, depois de alguns minutos
- Deixa ele, Grace - JJ falou, suspirando

O loiro segurou meu queixo, me fazendo o encarar. Seus olhos azuis pareciam mais escuros agora e eu o observei umedecer os lábios, antes de voltar a falar.

- Eu poderia ser muito melhor para você...
- JJ, - falei, me afastando um pouco - eu não posso...
- Tudo bem - ele sorriu - Eu não vou tirar vantagem desse momento... Mas pense sobre isso, Grace.

Tento me recompor e voltar para a festa. Todos estão se divertindo e muito bêbados agora, inclusive Sarah, que nem havia notado meu sumiço.

Estou na linha do desastre, no meu limite. Tentada a jogar tudo para o alto e fugir dali, enquanto todos parecem estar vivendo o momento de suas vidas.

Tudo o que quero é ir para casa e fingir que está tudo bem.


Apesar de tudo, eu e Rafe estávamos bem. Não completamente bem, mas fingindo. A noite tinha sido um desastre, mas eu me sentia quebrada demais para tentar brigar com ele. Então, apenas mascaramos tudo.

Rafe estava agindo como se nada tivesse acontecido e eu fingia que não tinha visto nada.

Quando estávamos no carro, o clima começou a esquentar. Não reagi, sentia um nojo tão grande que era impossível ter qualquer tipo de desejo pelo homem ao meu lado. Afinal, não sabia se sua vontade era realmente por mim ou pensaria nela naquele momento.

Nossos problemas agora eram grandes demais para serem resolvidos com sexo. E ele sabia disso.

Na manhã seguinte, não tenho memórias boas ou motivo para me alegrar.

Estávamos quebrados e eu podia sentir tudo desmoronar em nossa frente.

Now or NeverOnde histórias criam vida. Descubra agora