capítulo seis // we used to be better

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"É sempre um passo para frente e três para trás

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"É sempre um passo para frente e três para trás. Você me ama, me quer, me odeia, garoto? Eu não entendo.

Não, eu não entendo."
1 step forward, 3 steps back - olivia rodrigo


Pego meu celular e digito o número de Topper.

- Alô? - ouço sua voz do outro lado da linha
- Oi, Top - respondi, dando um sorriso fraco - É a Grace...
- Ah! Oi Grace - ele me cumprimenta animado - Está tudo bem?
- Hm, sim. - Confirmo - É... Queria pedir um favor, se for possível.
- Claro! Pode pedir
- Será que você poderia me buscar no trabalho?
- O que aconteceu? - seu tom de voz mudou, parecia preocupado
- Eu só não estou muito bem. Mas eu entendo se não puder, posso ligar para... - Fui interrompida
- Que isso, Grace. - ele fala - Estou chegando em alguns minutos.

Eu e Topper nunca fomos extremamente próximos, mas nos dávamos bem. Eu tentei ajudá-lo quando Sarah terminou o namoro dos dois, mas não havia muito o que fazer. Sei que ele sempre estaria ali por mim, por conta da sua amizade com Rafe e é por isso que pensei em ligar para ele.

Eu não queria falar com Sarah agora, muito menos com Rafe. Não queria que ambos soubessem que estou tão deplorável assim por conta de um encontro.

Assim que Topper chega em frente ao escritório, me envia uma mensagem. Saio e o encontro no estacionamento. Minha aparência deve estar horrível, mas é a mínima das minhas preocupações agora.

- Oi - ele diz, assim que abro a porta do carro - Tentei vir o mais rápido que pude.
- Obrigada, Topper. De verdade - Sento no banco de couro e arrumo a bolsa em meu colo.
- Está tudo bem? Parece que você teve um dia péssimo. - ri da sua sinceridade
- Está sim, só estou cansada
- Vou acreditar em você. Apesar de parecer muito mais do que apenas cansaço. - ele diz, antes de ligar o carro e sair do estacionamento

Minha cabeça lateja e meus olhos pesam, tento mantê-los abertos até chegar em casa, mas parece impossível.

Sinto um pequeno chacoalhão e abro os olhos assustada.

- Ei, tá tudo bem. - olho para Topper - Chegamos.
- Ah, desculpa Top. - respondi, juntando minha bolsa e tentando voltar ao mundo.
- Está tudo bem, Grace. - ele sorri gentilmente- Mas se cuida, por favor... Estou preocupado com você. - ele fala, me ajudando a sair do carro
- Obrigada, sério! Não sei nem como agradecer por ter me salvado hoje, não sei o que faria se você não estivesse lá.
- Pode me chamar sempre que precisar, Grace. Você sabe.

Eu assinto e me despeço de Topper, que não demora muito até ir embora.

Respiro fundo antes de entrar em casa e encarar a realidade novamente, onde eu estou completamente sozinha e em pedaços.

Resolvo tomar um banho, apesar de mal conseguir deixar os olhos abertos. E por esse motivo, ele acaba levando tempo demais. Saio e visto uma roupa confortável, nem me importei em verificar se alguém estava em casa quando cheguei.

Desço para a cozinha e encontro meu pai. Ele está sentado na bancada, tomando café e mexendo em seu celular, algo que não larga nunca.

- Filha, está tudo bem? - ele pergunta, assim que me vê cruzar a porta
- Sim - respondi, sem vontade
- Você comeu algo hoje?
- Não lembro - Menti, de certa forma. Nem lembrava quando foi a última vez que havia comido.
- Grace? Tem certeza que está tudo bem? - ele pergunta novamente, preocupado
- Só estou cansada, pai. É sério.
- Tudo bem. - ele desiste - Mas vou preparar algo para você comer, mesmo assim.

Sentei-me na bancada enquanto meu pai se apressou para preparar minha comida. Ovos mexidos com torradas e geleia de uva. Minha preferida.

Olhei para o prato em minha frente e tudo o que eu queria era desabar em choro pelo gesto de carinho. Estava esgotada fisicamente e mentalmente, não suportava mais todos esses sentimentos e uma simples comida me fez sentir-se amada de um jeito que não havia sentido há anos.

Mas, apesar disso, comi em silêncio. Meu pai não forçou mais nenhuma pergunta, mas eu via seu olhar preocupado em cima de mim.

- Está um pouco melhor? - ele perguntou, assim que terminei de comer
- Claro. - Cortei logo de cara - Estou indo deitar. Obrigada pela comida, pai.

O deixo lá e subo para meu quarto antes de receber uma resposta. Minhas pernas não obedeciam mais meu cérebro e chegar até meu quarto foi difícil, mas felizmente, consegui desligar minha mente rapidamente depois de deitar na cama.


Acordei no meio da noite com um peso estranho em cima de mim. Custei abrir os olhos e enxergar com a pouca luz do ambiente era difícil, mas era impossível não reconhecer o perfume que estava agora impregnado naquela cama.

- Rafe? - falei baixinho, sem saber se iria escutar
- Sim? - ele respondeu, meio sonolento
- Porque está aqui?
- Senti sua falta. - as palavras saíram um pouco embaralhadas, talvez pelo sono ou por qualquer outro motivo

- Porque continuamos fazendo isso? - suspiro e pergunto, depois de longos minutos de silêncio.
- Eu não sei, Grace.

Não era exatamente o que esperava ouvir, mas de certa forma eu sabia que era uma resposta sincera. Nenhum dos dois sabia porque ainda insistíamos naquilo, mas também não sabíamos como sair desse ciclo vicioso.

Senti seus braços me envolvendo e um nó se formou em minha garganta, mas não queria chorar e estragar tudo de novo. Então, simplesmente me aconcheguei ali e permaneci.

Me senti segura por ter ele comigo. Apesar de tudo, sentia que estava no lugar em que eu pertencia.

Now or NeverOnde histórias criam vida. Descubra agora