capítulo vinte e três // just come home

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DOIS ANOS DEPOIS


A loucura de ser dona de uma das maiores empresas do mundo e a falta de casa mexeu comigo por muito tempo. Admito que meus dias foram difíceis quando cheguei aqui. Pensava que tudo seria mais fácil, estando longe de Rafe e podendo focar em mim mesma, mas estava completamente enganada.

Depois do primeiro mês, comecei a me adaptar, mas estabeleci uma rotina viciosa e deprimente. O que eu não me orgulhava nem um pouco.

Durante a semana, ficava ocupada demais no escritório. Enquanto nos fins de semana eu não existia. Saía para alguns encontros e jantares de negócios, mas a maior parte do tempo ficava trancada em meu apartamento, presa no meu passado e em todas as memórias que insistiam em me atormentar.

E mesmo depois de dois anos, isso ainda acontece. Não sei dizer se o tempo vai conseguir me fazer esquecer de qualquer coisa que vivi e isso me preocupa um pouco. Não há sentido em querer relembrar momentos ruins, mas minha mente não me deixa descansar.

Agora, muita gente me conhece em Manchester. Eu havia saído na capa de uma revista, dado entrevistas e participado até de um jornal matinal. Tudo pela compra da Skyline, que agora, inclusive, se chamava Home e estava no seu auge, desde que eu assumi.

Lar, ainda não me acostumei a chamar Manchester assim, mas estou me esforçando para criar boas memórias e sentir que aqui é meu realmente meu lugar. Afinal, mais um ano se passou e agora, Dezembro se aproxima.

Ainda falo com Sarah quase todos os dias. Conversamos sobre diversos assuntos, mas nunca tocamos em Rafe. Acho que desde que cheguei aqui, esse foi o último nome que ouvi de outra pessoa. Mas eu gostaria de saber sobre ele, se está bem e seguindo sua vida, porém não tenho coragem de perguntar.

Sempre falo que "estou bem", o que é mentira em todos os sentidos, mas sei que ela se esforça para fingir que acredita. Pergunto de John B, de JJ e ela me fala sobre os turistas malucos que chegam em OBX todo dia. Essa é minha rotina, desanimadora e degradante, eu diria. Mas estou me esforçando para tornar tudo mais leve agora.

Recebi mensagens e ligações de algumas pessoas quando cheguei aqui. Topper ligou desesperado um mês depois, mas tivemos apenas uma conversa curta.


"- Você ficou louca? - ele gritou, me obrigando a afastar o aparelho da orelha

- Topper, é você?

- O que você pensa que está fazendo, Grace?! - ele continuou, me ignorando - Rafe não sai de casa há um mês! Ele está um verdadeiro caos desde que você foi embora.

Meu coração se aperta, mais despedaçado do que já estava, o que eu já nem sabia que ainda era possível.

- Pode apostar que eu também não estou feliz da vida aqui - respondi, tentando me defender

- Então por que você foi?!

- As coisas saíram do controle, Topper. Estava pior do que você possa imaginar.

- Eu entendo que seja complicado, mas não deixe que as coisas ruins atrapalhem tudo o que vocês tiveram. Rafe ama você e todos nós sentimos sua falta - seu tom era suplicante

Se é tão importante, porque é Topper que está perdendo seu tempo de me ligar e não Rafe? Se ele sente a minha falta, por que não está tentando resolver as coisas entre a gente?

- Top, por favor. - murmurei enquanto segurava minhas lágrimas.

- Só coloca sua cabeça no lugar, Grace - ele falou, antes de desligar o telefone."

Now or NeverOnde histórias criam vida. Descubra agora