Capítulo IX - Plafft

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Clara

— O que você está fazendo aqui? — Diz meu marido e eu abaixo o som da televisão para poder escutar melhor o que está acontecendo, já que sei que se eu for ver quem é sem permissão Theo vai se estressar.

— Onde ela está? — Uma voz o responde e eu já sei exatamente quem é, sinto meu coração errar uma batida, me viro para olhar e confirmo.

— Está na sala — Meu marido responde, ele está sério e há um tom de surpresa em sua voz. Acho que Theo não gostou da visita.

— Surpresa!!! — Vejo meu pai gritar e abraçar meu marido, logo atrás está minha mãe segurando algo.

— Senhor Albuquerque, o senhor não me disse que vinha.

— Eu tentei ligar, mas deu errado todas as vezes — Claro que deu. Theo tirou o telefone da linha depois que suspeitou que eu o usei.

— Vou verificar assim que puder qual foi o problema que ocorreu — Ele diz com um sorriso no rosto e abaixo a cabeça para que nada entregue que isso não é a verdade — Vocês não deveriam estar cuidando do novo projeto?

— Estávamos passando perto da cidade e eu quis fazer uma surpresa para a minha garotinha. Não vai vir abraçar seus pais? — Levanto minha cabeça e olho para a expressão feliz de meu pai que logo me contagia. Corro para abraça-los e é tão bom, faz quase um ano que não os vejo. Fazia tanto, tanto tempo que eu sentia falta deles que quase choro em seus braços. Eu senti tanta falta de poder ver o rosto, escutar a voz, sentir o cheiro de meus pais. Sinto as lágrimas se formando em meus olhos.

Assim que tiro a cabeça do ombro dele e observo suas feições sinto uma trilha molhada em meu rosto.

— O que foi? — Os dedos de meu pai agora estão limpando a lágrima que caiu. Penso em responde-los a falta que me fizeram por eu ter me afastado tanto deles, mas vejo o reflexo de meu marido com o rosto super irritado no espelho e me calo.

— Nada, eu apenas senti saudades. Muitas saudades, vocês nem imaginam o quanto.

— E como você está? Você não nos visita e faz um tempo que não liga. Não conseguiu um celular novo depois que o seu caiu no rio? — Meu celular não caiu no rio, mas isso vocês já devem imaginar.

— Eu não gosto de celulares. Não preciso dessa tecnologia toda, tem o telefone de casa que deu erro, mas vai ser resolvido em breve — Prefiro ficar sem celular do que irritar meu marido tendo um.

— Você não era assim. O que aconteceu com o seu braço? — Minha mãe pergunta colocando as mãos com calma e analisando, sinto meu corpo endurecer com a pergunta feita, meus batimentos cardíacos aceleram, mas eu trato de me controlar para nada entregar o que está verdadeiramente acontecendo.

— Eu caí e bati o braço — Menti como normalmente faço, mas não sei se ela acreditou. Ela me olha meio desconfiada. Eu conheço minha mãe e percebo que ela está com vontade de fazer uma lista de perguntas.

— Vocês não querem ver a nova horta no jardim da casa? — Theo interrompe para tentar distrai-los e pelo visto funciona. Solto o ar que estava segurando e vamos para os fundos da casa. Na realidade a horta já deveria estar morta, pois ele não me deixa mais sair e duvido muito que cuide.

...

Não quero nem imaginar as consequências que isso irá me causar, Theo não gostou que eu aceitei o convite de meus pais para ir à feira culinária que está tendo na cidade, eu tentei rejeitar mas quando minha mãe coloca algo na cabeça é muito difícil de tirar e faze-la mudar de ideia.

— Você vai adorar — Minha mãe afirmou. Eu sei que se fosse em um outro momento eu iria pular de alegria, mas agora só consigo lembrar do modo em que Theo ficou com isso e me sinto mal. As ruas estão movimentadas hoje e deve ser pelo o evento. Vejo policiais com suas fardas e na hora lembro de Helena, ela fica bonita com aquela roupa formal. Como ela seria com uma blusa escrito Policia Fededral?

Mímico da Noite - ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora