Capítulo X - Esperança

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Helena

Fiquei surpresa em saber que aqueles eram os pais de Clara e aliviada em saber que Plafft ficará bem. Eu não poderia perde-lo, é o único que me resta esperando em casa, se eu o perdesse não sei se conseguiria suportar isso agora. Quando comecei a imaginar chegar em casa, abrir a porta e esperar os miados dele me recebendo, o procurando, mas não o encontrando, me deu uma angustia no coração. Me apeguei demais a ele para que ele se vá como aconteceu a Hilary.

Na hora do lanche descobri seus nomes. A mãe dela se chama Luana e o pai se chama Roberto, ele adotou o sobrenome dela. Acho isso um máximo já que por costume a mulher é quem adota o sobrenome do homem, como foi o caso de Clara adotando o "Bastos" de Theo.

Tanto quanto a senhora e o senhor Albuquerque são bonitos, ela me aparenta ter uns setenta e poucos. Ele é um senhor boa pinta, aparentando ser apenas um pouco mais velho que ela.

Luana anteriormente havia feito umas piadas me cantando e eu apenas ri, reparei que Clara não gostou muito, talvez esteja com ciúmes da mãe, mas apenas eram brincadeiras e ela não precisa ficar receosa em relação a isso.

Agora estávamos voltando da clínica veterinária. Clara confirmou que está melhor do braço, ainda não percebendo o quão mal ele faz a ela, mas eu não poderia deixar isso continuar, eu não iria, há algo que se passa na minha cabeça desde que conheci seus pais.

— Querida, o seu marido me ligou várias vezes e mandou mensagens. A maioria perguntando onde estávamos — Escuto a mãe de Clara falar e sinto a raiva crescendo dentro de mim.

Eu deveria contar a eles, tentei ser o máximo discreta e paciente, mas pode demorar para que ela perceba, e eu não vou deixar esse homem acabar tirando a vida dela. Talvez agora seja por motivos egoístas pois acho que me apeguei a ela em tão pouco tempo, eu sentiria falta dela, é como quando você conhece uma pessoa em poucos dias em e já se sente conectada com ela de uma forma inexplicável, vocês criam uma intimidade que nem existe com conhecidos antigos.

É assim que eu me sinto com Clara...

— Ele deve estar preocupado pois estou machucada — Ela mente com facilidade. Até quando ela vai esconder isso de seus pais? Me controlo pois a minha única vontade naquele momento era de gritar que ela estava mentindo e que Theo era um abusador que só sabia a machucar. Olho para Clara e a vejo aflita, eu sei que se eu fizesse isso ela iria desmentir e brigaríamos feio, iria dar uma confusão enorme e eu poderia sair como mentirosa. Tento me controlar através da respiração para não fazer nenhuma besteira de cabeça quente.

Preciso de provas além dos machucados dela, ela pode inventar uma boa desculpa para isso, Theo me parece alguém com dinheiro e infelizmente essa merda de justiça não funciona como deveria. Eu deveria ter feito a denuncia desde o primeiro momento, mas eu sabia que precisava de mais, como uma covarde fiquei com medo de que a história de algumas vítimas em que ajudei se repetisse, muitas deram errado e a justiça foi corrompida.

Olho para a janela e vejo os prédios.

— Chegamos, é aqui — Tento disfarçar o tom raivoso de minha voz o máximo que posso.

Pego o papel que havia escrito para os pais de Clara enquanto saio do carro, me viro para a janela onde está Luana e já farta de tudo sussurro — Precisamos conversar depois sobre Clara, é importante — Lhe passo o papel colocando discretamente em suas mãos. Deixei com a mãe dela pois dos dois foi com quem me dei melhor e peguei um certo tipo de intimidade.

Me afasto com todos esse sentimentos transbordando em meu peito e não sabendo o que fazer, eu estava sentido raiva, angustia, mas ao mesmo tempo, tendo...esperança? Fiquei esse tempo todo de braços cruzados quando poderia ter feito mais para Clara.

Mímico da Noite - ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora