11 | can i get a kiss?

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13 de julho de 1990, terça-feira.

Sirius já havia pensado sobre aquilo de todas as formas possíveis.

E ele jurava, jurava por tudo e todos, ele estava fazendo o seu melhor. Aquele era o seu melhor.

Não havia mais nada, realmente não tinha. Tudo estava se esvaindo conforme os ponteiros do relógio travavam aquela corrida frenética, no entanto, Sirius apenas não conseguia sair do lugar em relação a tudo aquilo.

A Remus ou qualquer coisa que estivesse acontecendo dentro de si. Sirius não sabia como explicar, era apenas... demais, provavelmente. Um grande drama, de fato, mas todos da família Black eram naturalmente dramáticos então, bom, Sirius não era uma exceção.

O motivo daquilo tudo era Remus, tudo sobre ele, absolutamente tudo. Sirius poderia simplesmente ter se controlado, mas não, tudo havia desandado com um cigarro entre seus dedos que, minutos depois, foi jogado no chão, esquecido e imperdoável. Mas, sinceramente, Sirius não podia negar que estava com saudades do toque de Remus em seu pescoço, burburinhos em sua barriga sempre fazendo questão de lembrá-lo.

Não foi um erro por completo, isso ele tinha consciência — embora fosse mínima —, apenas um passo para trás por parte dos dois, talvez, com um pouco de bebida e agitação.

Sirius estava refletindo sobre as mesmíssimas coisas desde o dia anterior, onde acordou tarde demais, com sua cabeça dolorida, porém sempre se lembrando de todos os mínimos detalhes. Logo, ele não havia feito nada realmente importante, ficando em seu quarto, dormindo, ouvindo a música abafada que vinha do quarto de Regulus.

Por algum motivo, seu irmão também havia decidido viver de forma preguiçosa por um dia. Sirius até estava curioso para saber se existia algo que estivesse deixando seu irmãozinho assim, mas ele estava apenas cansado demais para perguntar.

Sirius suspira em sua xícara de café, amargo como um inimigo, fechando levemente seus olhos que insistiam em pesar em cansaço. Sentado na ilha da cozinha, ele conseguia ouvir uma conversa de seus pais abafada e sem sentido vindo da sala de estar, Walburga bufando dramaticamente de vez em quando.

Sonolento, Sirius ergueu seus olhos levemente quando ouve miados desesperados vagando pela casa. A gata Muriel seguia Regulus, que adentrava na cozinha vestindo seus pijamas, rindo para a felina implorando por comida.

Regulus sorri docemente, se abaixando em frente ao potinho de ração de sua gata e enchendo com os grãos com cheiro ruim e cor amarronzada. Ele acaricia o pelo ruivo e arrepiado da amiga enquanto a observava comer com carinho.

Lentamente, o irmão mais novo se afasta da gata e vai até à fruteira da cozinha, pegando a última maçã da cesta. Ele deixa a água fria da manhã limpar a fruta e então se senta ao lado de Sirius na ilha, seus pés balançando no ar.

— Bom dia, então. — Sirius brinca, empurrando o ombro de seu irmão, tentando não parecer tão cansado. Observa o garoto sorrir levemente, mordendo a sua maçã vermelha. — Você está feliz?

Regulus para por alguns segundos, mastigando sua fruta, olhando para seu irmão com uma luz tranquila em seus olhos.

— Um pouco, eu acho. — Regulus dá de ombros e balança seus pés no ar bobamente, ouvindo o barulho repetitivo quando eles batem na base da ilha.

Sirius o observa com cuidado por um tempo ilimitado. Ver o modo com que Regulus olhava para o nada e parecia genuinamente confortável com o que acontecia ao seu redor era uma forma boa de começar o dia. Sirius não era um irmão bom cem por cento do tempo, mas ele realmente amava ver seu irmãozinho feliz.

SNOW ON THE BEACH, starchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora