Família

53 8 0
                                    

Chego até o endereço do Juan, ao passar pelo portão estaciono meu carro no local indicado pelo segurança e me direciono até a porta. Como da outra vez quem abre a porta é o Juan. Como sempre ele estava lindo, ele estava usando uma camiseta e uma calça despojada ambas na tonalidade de cinza.

- Boa noite Alice. – Fala e me estende a mão

- Boa noite Juan. – Digo e estendo minha mão em retribuição do cumprimento, mas no momento que nossas mãos se tocam sinto como mil correntes elétricas passando pelo meu corpo e sinto minhas bochechas corando. Tenho certeza de que isso acontece quando ele fala sem desviar o olhar.

- Você fica mais linda corada desse jeito. – Não sei o que responder. – Quer beber alguma coisa?

- Aceito uma água.

- Separei um vinho pra gente! Quer experimentar?

- Acho melhor não, você ainda não me disse aonde vamos.

- A lugar nenhum!

- Não estou entendendo.

- Vamos ficar aqui hoje.

- Você é maluco.

- Talvez esteja ficando mesmo.

- Pra quer gastar dinheiro com uma companhia pra ficar em casa?

- Porque é a sua companhia. – Ele diz e me deixa sem saber o que responder. – Quero te conhecer um pouco mais.

- Aceito o vinho! – foi o que consegui responder, ele levanta uma sobrancelha e se afasta indo em direção a um bar e volta com duas taças de vinho e me entrega.

- Hum... Que delícia!

- Que bom que apreciou, separei especialmente pra você.

- Obrigada.

- Pedi para preparar um jantar pra gente, espero que esteja do seu agrado!

- Eu gosto de tudo, ou melhor quase tudo.

- E o que seria o quase?

- Fígado e Quiabo, não como de jeito nenhum. – Falo e faço uma careta.

- Pode ficar tranquila que não é nada disso.

- Poxa que alívio. – Passo a mão na testa imitando como se estivesse limpando o suor e ele ri.

- Adoro isso em você!

- O que?

- O seu senso de humor.

- Está me chamando de palhaça?

- De senhora Palhaça. – Começamos a rir, fiz cara de magoada em seguida.

- Essa doeu. - brinquei

- Juan posso servir o jantar? – somos interrompidos pela governanta o chamando.

- Pode sim Bia, por favor!

- Olá Alice, desculpe meus modos, que prazer revê-la.

- Oi Dona Beatriz, o prazer é todo meu. - Falo me sentindo feliz.

- Dona não querida me chame apenas de Beatriz ou Bia. – Ela fala e acena. – Com licença, vou servir o jantar.

- Toda. – Falamos ao mesmo tempo.

Nosso jantar foi uma delícia, tomei mais um pouco do vinho depois ele me levou num quintal de primavera, sentamos e conversamos coisas aleatórias, ele me contou da sua família, me disse que tem 2 irmãs e elas são gêmeas e trabalham na indústria da moda, seus pais vão fazer 30 anos de casados e sábado terá uma festa na qual iremos juntos. Sua mãe é uma socialite e seu pai engenheiro assim como ele, mas seu pai deixou a presidência para ele a alguns meses atrás por problemas de saúde.

- Eu já te contei quase tudo da minha vida, e você? Me fala dos seus pais.

Nesse momento se formou um bolo em meu estômago e um nó na garganta só consegui responder!

- Eles morreram! – Falo por fim, uma lágrima escorre pelo meu rosto e toda a tristeza que reprimi durante o dia todo vem à tona.

Ele vem até mim e me abraça, encosto a cabeça em seu peito e começo a chorar. Ele beija o topo da minha cabeça me abraçando mais forte.

- Eu estou aqui, vai ficar tudo bem! Chora o quanto você precisar, não precisa falar mais nada, tudo a seu tempo. – Aceno com a cabeça ainda encostada em seu peito e choro mais ainda, que droga, não queria fazer uma cena na sua frente, mas essa sensação já estava dentro de mim o dia todo, dois anos sem meus pais, será que um dia essa dor vai passar?

Depois que as lágrimas sessaram ele me soltou e foi pegar um copo com água, assim que ele me entregou eu bebi.

- Tá mais calma.

- Sim... obrigada, foi mais forte do que eu, não queria, mas hoje o dia foi cheio de lembranças.

- Não se preocupe com isso, eu que fui um egoísta aqui falando da minha família.

- Claro que não, você não tem culpa, como poderia saber?

- Se precisar estarei aqui pra você, quando se sentir preparada e quiser me contar estarei aqui pra te ouvir! – confirmei com a cabeça.

Ficamos em silêncio, com ele me observando o tempo todo. Deixe meus pensamentos e as boas lembranças invadirem meu coração e quando dei por mim só conseguia pensar no aqui e agora então pra quebrar o clima fui a primeira a falar.

- Quero mais vinho.

- É pra já! – fala e vai buscar outra taça e me entrega. – É isso que você quer?

- Na verdade não! – Ele ergue uma sobrancelha.

- Então o que você quer?

- Você!

- Não tem por que fazer isso – fico confusa no que ele diz. - Você está vulnerável e não quero que se arrependa.

- Eu nunca tive tanta certeza de alguma coisa em minha vida!

Contrato ExclusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora