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VI

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Não tiveram exatamente uma conversa a respeito do que aconteceu e do que poderia vir a acontecer em um futuro breve. Houve, todavia, um entendimento mútuo de que um laço fraterno — que nada tinha a ver com Langjiao  — estava se formando entre os dois de uma forma incrivelmente espontânea, apesar da circunstância nada ortodoxa em que a vida dos dois se cruzou.
Wang Yibo  era um bebezão, Xiao Zhan pensava, e, quanto mais pensava, mais começava a entender por que Langjiao  fazia tão pouco caso dele. Se, por um lado, enquanto profissional, Wang Yibo  tinha que domar uma alcateia de subordinados, matar um leão por dia, estar sempre no comando, cuidar para que as coisas não saíssem do controle... enquanto ser humano ele precisava de cuidado, de ser livre das responsabilidades que vêm junto com os grandes poderes. O problema, entretanto, era que desocupar essa posição de poder o colocava em um lugar de vulnerabilidade no qual a esposa, a quem Wang Yibo  dedicava toda sua vida, não o acolhia: o amor de que ele precisava, Langjiao  não lhe dava mais há tempos.
Xiao Zhan , por sua vez, estava sempre disposto a oferecer esse cuidado para quem quer que se relacionasse, mas essas pessoas nem sempre faziam questão de recebê-lo, decerto por acharem que, com ele, nada seria mais que sexo casual. O encontro desses opostos talvez fosse o que os uniu tão naturalmente: Wang Yibo  faminto por afeto e companheirismo; Xiao Zhan  pronto para cuidar de quem ganhasse sua afeição. Eram como duas peças de roupas que, olhando separadas no armário, pareciam pertencer a coleções, épocas, estilos e designers diferentes, mas que, juntas, combinavam tão bem.

A preocupação de que essa amizade era “proibida” pelo problema moral causado pelo adultério descoberto foi, aos poucos, sendo deixada para trás. Enquanto trocavam mensagens esporádicas ao longo dos dias, quando se encontravam na academia, quando passavam quase meia hora conversando no estacionamento antes de irem embora, quando trocavam
fotos de momentos aleatórios da rotina... ninguém se lembrava de que tudo começou por causa de um flagra.

Viam-se pessoalmente pelo menos uma vez por semana, na academia ou algum outro momento em que faziam algo juntos, fosse jantar, assistir a um filme ou correr no parque — sempre só os dois. Quando estavam sozinhos, em privacidade, inevitavelmente acabavam trocando afagos. Não tiveram, tão cedo, outra oportunidade de dormir juntos, mas estavam sempre um no colo do outro, um sobre o outro, de mãos dadas, pernas sobrepostas.
Também não se masturbaram de novo, mas perderam a vergonha da nudez e das ereções que hora ou outra se notavam e eram dignas de comentários cômicos e provocações mais ousadas.

Era Xiao Zhan iam, geralmente, quem ficava de pau duro primeiro, mesmo nos momentos mais castos, como no dia em que estavam tomando uma ducha juntos, no apartamento de Xiao Zhan , depois de uma corrida no parque em um domingo de manhã. Debaixo da água, observando-o de frente, Wang Yibo  disse, meneando a cabeça, inconformado:
“Você é ridículo...”

“Por quê?”

“Porque seu corpo é perfeito.”

“O seu também é.”

“Mas o seu é, tipo... bonito de olhar, sabe?” E colocou as mãos no peito de Xiao Zhan , medindo-o da cabeça aos pés, atento, enquanto ele passava xampu pelos cabelos.
Ao ouvir o comentário, Xiao Zhan  sentiu uma fisgada no meio das pernas que fez seu membro dar sinal de vida. “Ah, é?”, perguntou de forma a incentivar que Wang Yibo  continuasse falando.

“Uhum. Quando você tá nessa posição, com os braços dobrados, ó, dá pra ver o contorno dos seus músculos certinho... E sua barriga também é chapada, definidinha... Você é grande, mas não de um jeito que a gente olhe e pense ‘Puts, olha o tamanho desse cara, deve ser um idiota’. E você é proporcional, não é aqueles cara que parece um cone.”

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