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Xiao Zhan  acordou com Yibo praticamente em cima dele, sussurrando.
Xiao Zhan ... Xiao Zhan ... Xiao Zhan ... Acorda, flor... Xiao Zhan …

Yibo estava quase desistindo de acordá-lo; até se deitou na cama de novo. Chamou, chamou, chacoalhou, afagou, mas Xiao Zhan  só despertou quando seu cérebro decidiu. Os olhos de Yibo estavam no mesmo nível dos dele.
“Acorda, pigricinha... Você tá dormindo demais!... ”, Yibo disse baixinho, arrancando um sorriso de Xiao Zhan , que se espreguiçou e suspirou fundo.

“Já tá na hora de ir embora?...”, murmurou.

“Uhum. Dez horas, já. Eu também dormi até tarde, fiquei com dó de te acordar, mas é que daqui a pouco tem que liberar o quarto — e a gente já perdeu o café.”

“Tá bom...”

Yibo já estava pronto para ir embora. Tinham feito as malas na noite anterior, faltava só Xiao Zhan  escovar os dentes, lavar o rosto e vestir roupa para voltarem para a capital.
Pularam o café da manhã; fizeram um brunch  no restaurante de um posto de gasolina antes de pegarem a rodovia.

Sem o peso da expectativa, a viagem de volta sempre parece mais rápida que a da vinda. Despediram-se da praia em olhar e pensamento. Yibo estava certo, afinal: eles tinham  que viajar juntos, pelo menos uma vez; mas Xiao Zhan , ao aceitar o convite, jamais imaginou o quanto aquele final de semana abalaria suas estruturas.
Em pleno domingo de outubro, a estrada de volta estava praticamente vazia. A playlist  de músicas indie  tocou no modo aleatório o tempo todo, acompanhando a conversa esparsa dos amigos, que, após um final de semana inteiro juntos, estavam mais calados agora, observando e acompanhando a solitude daquele chão asfaltado sem fim.

“Você não foi no meu apartamento novo ainda, né?”, Yibo perguntou assim que começaram a aparecer novamente os primeiros sinais de civilização. “Quer passar a tarde lá? Depois te levo embora.”

“Você se importa se eu for outro dia? Eu não vou ser boa companhia hoje...”

“Sem problema, flor. Você ainda tá bolado por causa... de não-sei-oquê?”, Yibo tirou os olhos da pista por um segundo.

“Um pouco...”

“Você tá parecendo a Phoebe naquele episódio em que ela tá puta com o Ross e não sabe o porquê”, Yibo comentou, referindo-se ao seriado Friends.
“Sabe qual?”

Xiao Zhan  riu pelas narinas. “Sei... Mas eu não tô puto com você, não.” E
apertou de leve a coxa de Yibo para reafirmar que estava tudo bem.

Nem o silêncio da estrada e a quietude das ruas daquele domingo à tarde conseguiram explicar o motivo da melancolia que consumia o peito de Xiao Zhan . Talvez fosse a volta à cidade, a sensação de se despedir do mar, pensar na rotina depois de um final de semana tão incrível... Nada fazia muito sentido, e fazia ainda menos sentido a impressão de que a causa mais latente dessa angústia fosse o próprio Yibo.

Chegaram, enfim, à primeira parada, no prédio onde Xiao Zhan  morava.

“Quer subir?”, ele ofereceu.

“Melhor não...” Yibo respondeu, moroso, com a cabeça deitada no volante. Devia estar cansado de dirigir. “Acho que você está precisando de um descanso de mim.”

Se Yibo tivesse dado essa resposta outro dia, em outra circunstância, Xiao Zhan  o teria reprimido de forma mais enérgica. Neste momento, porém, talvez ele tivesse razão. Talvez o que Xiao Zhan  precisasse era se afastar um pouco da situação para conseguir visualizar melhor o que estava acontecendo, tanto entre ele e Yibo quanto dentro de si mesmo.

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