13

897 97 36
                                    

XIII

◈𝅒 𝅓 𝅒 𝅓 𝅒 𝅓 𝅒 𝅓 𝅒 𝅓 𝅒 𝅓 ◈

O mundo não dá voltas, ele capota, alguém disse alguma vez, e nenhuma frase explicava melhor o sentimento de estar com Langjiao  e Yibo , jantando à mesa, depois de uma conversa tensa de reconciliação que não foi entre esposa e marido, mas entre marido e amante. E era ainda mais surpreendente que, de todas as pessoas do mundo, Langjiao  tivesse sido quem colocou um ponto final nas desinteligências dos dois, e que tivesse feito isso com precisão cirúrgica. Yibo  estava certo, afinal, quando, no início, teve tanta firmeza ao dizer que a esposa o amava: ela o amava — se não como marido, como ser humano; e perceber essa relação pós-conjugal tão peculiar que permanecia entre eles fez Xiao Zhan voltar a enxergá-la como uma pessoa digna, apesar dos desacertos do passado.

Partiu dele a ideia de que ele e Yibo  passassem algum tempo juntos, fazendo alguma coisa mais íntima, romântica, para recuperar o tempo perdido e terminar de colocar os pingos nos is depois de tudo que aconteceu.
Ficaram um bom tempo pensando no que fazer. Outra viagem à praia?
Acampar? Trilha? Um piquenique? Um jantar à luz de velas?... Elencaram inúmeras opções, mas faltava tempo para colocarem todas em prática de uma vez, em um final de semana.

Yibo  tinha alguns dias de férias atrasadas para tirar e julgou que este seria um bom momento para isso. Xiao Zhan aproveitou o embalo para também se dar um descanso: estava há quase um ano e meio trabalhando sem parar.
Nesse intervalo ocioso, Yibo  ficaria hospedado no apartamento de Xiao Zhan .

Eles estavam precisando dessa imersão, para se reconectarem e matarem as saudades, com tempo e calma, sem hora para dormir, sem hora para acordar, sem cobranças.

“Tive uma ideia, então”, Xiao Zhan disse enquanto Yibo  organizava sua mini mudança no quarto. “Já que você vai ficar uma semana aqui, a gente podia pensar em uma coisa por dia pra gente fazer junto... Alguma coisa diferente, nem precisa ser nada demais, pode ser coisa boba.”

“Tipo o quê?”

“Sei lá... Tipo ir no museu. Alguma coisa que a gente não faça no dia a dia.

“Hum...” Yibo  voltou à cozinha, onde Xiao Zhan lavava a louça do café, e o abraçou por trás. “Gostei. E o que mais?”

“Não sei. Ir no museu é uma, faltam seis.” .

“Bom, se você não se importar, tem uns amigos meus que querem te conhecer... A gente podia marcar qualquer dia de ir em um bar.”

“Taí, ó, mais uma. Eu chamo uns amigos meus, também, pra te apresentar.”

“Me apresentar como?” Yibo  beijou o ombro de Xiao Zhan , que secava as mãos no pano de prato. Virando-se para Yibo , abraçando-o pelas costelas, ele lhe deu um beijo na ponta do nariz e perguntou:
“Como cê quer que eu te apresente?”

“Não sei... A gente não conversou sobre isso.”

“Quer conversar agora?”, Xiao Zhan perguntou com docilidade.

Yibo  sorriu, sereno, enquanto maquinava sobre alguma coisa, admirando os traços do rosto de Xiao Zhan .

“E aí, Marcão?! Esse é o Xiao Zhan ,  meu namorado”, ele encenou como se estivessem no momento do encontro com os amigos. “É estranho dizer isso no masculino, né? Meu namorado... Meu namorado...”

“Eu também acho... Mas é que a gente já tá ficando velho, né?, quem passa dos trinta geralmente apresenta alguém como ‘minha noiva’, ‘minha mulher’, não ‘minha namorada’... Não?”, Xiao Zhan indagou.

“Tem isso também, ainda mais eu, que já fui casado.”

“Mas eu gosto dessa palavra”, ele acrescentou. “Porque quando a gente pensa em namorado, namorada, a gente pensa em alguém que tá feliz, apaixonado. E eu tô feliz, e apaixonado.”

Descobrindo o amor com Você Onde histórias criam vida. Descubra agora