2. Perdas e Danos

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Após a altercação com Aemond, Valaena seguiu ao quarto designado para si no intuito de tirar um tempo para respirar e para trocar seu vestido, que ela notara mais cedo que rasgara a bainha. Uma das aias a ajudou, ajeitando também seu cabelo, que estava uma bagunça por causa do suor.

Enquanto se encarava no espelho e a aia — Amarys, que estava com ela desde que havia florescido — puxava suas mechas prateadas de um lado para o outro, Valaena suspirou. Queria gritar de frustração pela cena que armara mais cedo no pátio de treinamento. Suas bochechas rosadas, outrora devido ao exercício, ainda exibiam um adorável tom juvenil de rubro, destacando as poucas sardas que possuía na área do nariz.

Não conseguia afastar da cabeça a sensação do peito de Aemond contra suas costas, as respirações entrecortadas, o cheiro masculino que ele emanava. O jeito que sua mão agarrou seu pescoço, firme porém delicadamente, como se temesse machucá-la.

E saber que ele tinha capacidade para tal e escolheu não fazê-lo mexeu com a jovem Velaryon, instaurando um frio eterno em sua barriga. Estaria se iludindo? Será que Aemond ainda se preocupava com ela? Claro, naquela ocasião, obviamente era impossível que fizesse algo, mas a forma que ele segurou, como se guardasse um passarinho em sua mão, a encantou. Talvez estivesse sendo boba em esperar que a amizade dos dois pudesse ser restaurada. Mas sentia falta de ter com quem contar.

Por fim, quando a aia terminou de arrumá-la, Valaena se levantou, olhando mais uma vez no espelho enquanto tocava a área da jugular levemente com as pontas dos dedos, perdida em pensamentos.

— Deseja usar alguma joia, Princesa? — A aia perguntou ao notar seu movimento.

— Não, Amarys. Pode ir — A moça fez uma elegante reverência e deixou o quarto, permitindo que Valaena ficasse sozinha com seus pensamentos.

Um vulto no espelho chamou sua atenção, assustando-a. Porém, quando percebeu quem era, abriu um grande sorriso, virando-se e lançando-se sobre o intruso, que a recebeu de braços abertos e com risos de felicidade.

— Não tem ideia de como senti sua falta. — Beijou-lhe as bochechas, a testa, o queixo e, por fim, os lábios, o gosto de vinho invadindo sua língua.

Aegon Targaryen gemeu contra ela, suas mãos tocando cada parte do corpo que alcançava.

— Todos esses anos... também senti sua falta, minha princesa. — O rapaz afastou-se apenas para pegar uma das mãos de Valaena, beijando-a com mais decoro do que ela estava acostumada a ter dele.

— Dois anos se mostraram muito tempo. Depois do dia de meu nome, quando fiz quinze anos, não nos vimos mais. Senti saudades de seu toque, seu cheiro. Aquelas cartas não foram o suficiente.

— Aquele dia do nome é uma memória que guardo comigo sempre. Especialmente porque eu quem recebi o presente. — Aegon lhe deu uma piscadinha, puxando-a para perto de si e mordiscando-lhe o pescoço, arrancando-lhe uma risada cúmplice. — Achei que já estaria casada a esse ponto. Sempre me mantinha perto do Rei quando recebia notícias de Dragonstone temendo, um dia, ouvir que havia sido prometida a alguém.

— Não por falta de insistência de Daemon. Mas tenho resistido. O assunto foi trazido por minha mãe mais cedo, porém. Creio que, em breve, ela arranjará um marido para mim. Não poderemos nos ver mais após essa breve estadia em King's Landing.

— Estive casado com Helaena por um tempo, Valaena. Isso nunca nos impediu.

— Não correrei o risco de ter a legitimidade dos meus filhos questionada. Sei bem o que meus irmãos estão passando, isso é um disparate. Vaemond Velaryon terá o baque que merece.

Blood And Oath - A HOTD FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora