10. Usurpador

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Aegon estava furioso, isso era óbvio.

A quantidade de vinho que bebia no banquete de casamento provavelmente era o suficiente para derrubar um dragão adulto, suas bochechas avermelhadas denunciando o quão bêbado já se encontrava. A coroa do Conquistador pendia torta em sua cabeça, dando-lhe um ar estúpido enquanto passava a mão em qualquer criada que chegasse perto demais.

O Grande Salão se encontrava cheio, mas ninguém estava em clima de festa depois do fiasco que havia sido a coroação. Isto é, ninguém além de Valaena, que aproveitava as músicas sendo tocadas para dançar com quem a chamasse, já que Aemond se prostrou na cadeira ao lado de Aegon e não se levantou por nada.

Após o susto da coroação e de ter ceado, o resto do leite de papoula parecia finalmente ter saído do sistema de Valaena, que havia se tornado o deleite do banquete. Aos poucos, algumas pessoas se juntavam ao centro do salão, instigados pela música e dança da Princesa. Podia sentir o olhar de Aemond acompanhando-a enquanto girava pelo espaço, e ele não parecia satisfeito. Aegon levantou-se, cambaleante, e foi até ela, oferecendo a mão e pedindo uma dança. Valaena retorceu os lábios em descontentamento mas, visto que todos a observavam, não teve como negar.

Aegon tentou girá-la, porém sua coordenação motora não estava das melhores, e ele desistiu no meio do caminho, cambaleando para o lado. Valaena revirou os olhos, achando-o totalmente inconveniente.

— Irá me encontrar em meus aposentos para a consumação do casamento? — Aegon perguntou com um sorriso sacana e a voz embargada, tentando levar uma das mãos até a cintura de Valaena, que deu alguns passos para trás, evitando-o. — Meu amor. Minha Rhaenys.

A garota o encarou como se fosse um inseto imundo prestes a ser pisoteado, ignorando sua mão estendida, fazendo-o soltar um grunhido de frustração embriagado.

— Sou seu Rei, Valaena, deve fazer o que eu mando.

— Você nunca será meu Rei — sibilou entre os dentes, alto o suficiente apenas para ele. — Usurpador.

Aegon recuou como se houvesse levado uma bofetada, os olhos brilhando pelo reflexo das lágrimas. Não esperava que Valaena fosse ser tão cruel, ele estava em seu direito, não estava? Uma mulher não poderia sentar no Trono de Ferro, ele era o filho mais velho. Por que ela estava sendo tão odiosa?

— É Aemond, não é? Ele está jogando-a contra mim. Notei o jeito íntimo que vocês conversam, a natureza dos seus toques. — Aegon pressionou os lábios um no outro. — Ele está alienando-a de mim e você nem sequer percebe.

— Aemond até agora foi apenas sincero comigo, enquanto de você ouvi inúmeras mentiras. Faça a nós mesmos um favor e fique longe de mim, Aegon. — O Rei estendeu a mão para segurá-la, mas Valaena novamente recuou, esbarrando com força em um peitoral, mãos firmes amparando-a pelos ombros.

Aemond lançou um olhar de desafio para Aegon, as mãos em cima da esposa.

— Estava falando para nosso avô que creio que a festa esteja chegando ao fim, Vossa Graça. — O esforço para usar o título quase lhe deu um derrame, a expressão cínica fazendo Valaena segurar uma risada.

— Eu concordo, esposo. Acho que está na hora de nos retirarmos — ela completou, atraindo os ouvidos de Otto Hightower, que sorriu para o casal.

— Ora, não podem sair sem a cerimônia de consumação! É uma tradição muito antiga, e muito bem-vista. Decerto...

— Não haverá cerimônia de consumação — Aegon falou entredentes, pegando uma taça de vinho da bandeja de um dos servos que passavam.

— Mas Vossa Graça, é de extremo...

Blood And Oath - A HOTD FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora